COBERTURA - Lady Gaga: Um turbilhão de ideias, cultura e referências em show histórico e gratuito nas areias da Praia de Copacabana


Texto e Fotos: César Oliveira // @gdltudosobremusica

Habemus Gaga!!!

E finamente após o fatídico cancelamento da apresentação num festival em 2017 ocorreu, nas areias de Copacabana, no Rio de Janeiro, na noite do dia 03 de maio de 2025 a tão esperada apresentação de Lady Gaga, no Brasil.

Na noite sábado Lady Gaga realizou um show histórico gratuito nas areias da Praia de Copacabana.

A artista foi a atração principal da iniciativa “Todo Mundo no Rio”, elaborada pela Prefeitura do Rio de Janeiro junto com a produtora Bonus Track.

O público estimado foi de 2,1 milhões de pessoas, segundo a prefeitura do Rio de Janeiro e a Polícia Militar.

Fãs de diversos países vieram para esse evento único.

Uma estrela sem limites. Indomável.
Lady Gaga agora detém o recorde de maior público já registrado por uma artista feminina na história, para desespero dos demais Deuses e Deusas do pop mundial.

A apresentação seguiu como o recente show de Gaga no hypado festival Coachella, nos EUA, e também no estádio da Cidade do México, todos com ingressos esgotados.

A artista seguiu para Singapura antes de iniciar a turnê The MAYHEM Ball pela América do Norte, Europa, Reino Unido e Austrália.


Lady Gaga é um turbilhão de ideias, cultura e referências
Com MAYHEM a múltipla facetada e comprometida artista apresenta, com requinte, um espetáculo extraordinário e criativo.

Cumpre destacar que Lady Gaga, ou melhor, Stefani Joanne Angelina Germanotta, nascida em Nova Iorque, no dia 28 de março de 1986, é uma cantora, compositora e atriz norte-americana prodígio.

Extremamente versátil em gêneros musicais, perfomances chamativas, moda e com uma estética extravagante, Gaga se tornou uma das maiores artistas musicais criativas de âmbito global da atualmente.

Ganhadora de Globos de Ouro, Óscar e vários Grammy Awards, seu legado vai além da carreira artística e destaca-se também na filantropia.

Gaga é, ainda, uma ferrenha defensora dos direitos LGBTQIA+, saúde mental e outras causas sociais.

Pelo seu impacto e influência na indústria musical, Gaga já foi considerada a 5ª maior estrela da música pop do século XXI, pela revista Billboard, em 2024.

Vale destacar que a primeira vez que o termo “transgênero“ apareceu em uma letra de música foi em "Born This Way" da autoria da Lady Gaga. A palavra "transgênero" reconhece a identidade de gênero diversa e desafia as expectativas tradicionais.

A letra declara: "Não importa se você é gay, hétero ou bi, lésbica ou transgênero, estou no caminho certo, baby, nasci para sobreviver."

A música é um hino de empoderamento e aceitação, direcionado a pessoas que não se encaixam nas normas sociais, incluindo a comunidade LGBTQIA+.

Antes do reconhecimento internacional, Gaga começou a apresentar-se no cenário musical de rock em New York, em 2003, e mais tarde matriculou-se na Tisch School of Arts da Universidade de New York.

No fim de 2007, assinou um contrato com a Streamline Records, um selo da editora discográfica Interscope Records.

Durante o seu início na Interscope, trabalhou como compositora para artistas e capturou a atenção do produtor Akon, sim, ele mesmo. Que reconheceu as suas habilidades vocais e contratou-a para a sua própria gravadora, a Kon Live Distribution.

Ela ganhou proeminência como uma artista após o lançamento do seu álbum de estúdio de estreia, intitulado The Fame, em 2008. O disco foi um sucesso a nível crítico e comercial. Seus singles "Just Dance" e "Poker Face" tornaram-se sucessos internacionais e atingiram o topo da parada estadunidense Billboard Hot 100.

O álbum, mais tarde, foi relançado junto com extended play The Fame Monster, que contém os êxitos internacionais "Bad Romance", "Telephone" e o com hit "Alejandro".

Seu terceiro álbum de estúdio, Born This Way (2011), estreou no topo da Billboard 200 com mais de um milhão de cópias vendidas. Já a sua faixa-título liderou a Billboard Hot 100. Influenciado pelo EDM, seu quarto disco, Artpop (2013), também foi primeiro lugar nos EUA.

Após este, Gaga sentiu-se inspirada a mudar sua música e imagem. Isso resultou em Cheek to Cheek, um projeto espetacular de jazz em parceria com o inesquecível Tony Bennett, e Joanne, que apresenta influências fortes do country e rock; ambos a mantiveram no topo da Billboard 200.

Durante esse período, a multifacetada Gaga se aventurou na atuação, interpretando papéis principais na minissérie de sucesso American Horror Story: Hotel (2015–2016), pela qual recebeu um Globo de Ouro de Melhor Atriz, e no aclamado filme de drama musical A Star is Born (2018).

Ela também contribuiu para a trilha sonora deste último, que rendeu o single "Shallow", outro número um nos EUA.

Com todas estas atividades, Gaga se tornou a primeira artista musical a vencer cinco premiações na mesma temporada: Óscar, Grammy, Globo de Ouro, Bafta e Critics' Choice.

Ela voltou a se aventurar no pop com seus dois últimos discos, Chromatica (2020) e Mayhem (2025), que foram primeiro lugar na Billboard 200 e geraram mais dois sucessos no topo das paradas, "Rain on Me" e Die with a Smile", respectivamente.

E em 2021, a artista foi destaque no filme House of Gucci, interpretando impecavelmente a socialite Patrizia Reggiani. Três anos depois, ela atuou no filme Joker: Folie à Deux (2024), como Arlequina dando mais oxigênio a personagem.

Até o momento, Lady Gaga já vendeu um número estimado de mais de 170 milhões de gravações no mundo, o que faz dela uma das recordistas em vendas.

Suas conquistas também incluem quatorze Grammy Awards e dezoito MTV Video Music Awards, que inclui o Tricon Award, recebido por ela em 2020 como a primeira artista a ser homenageada nessa categoria do VMA.

Em 2012, o canal VH1 posicionou-a no número quatro na lista das "100 Maiores Mulheres na Música".

A Billboard a elegeu a quarta maior estrela pop do período 2000-2024 e a sexta mais bem sucedida do século 21 em suas paradas musicais.

Além disso, ela é regularmente destacada em listas elaboradas pela revista Forbes e já foi nomeada uma das pessoas mais influentes do mundo pela revista Time. Alguém tem alguma dúvida?


Broadway, Bosch, Wandinha e Thriller
Vale ressaltar que a pequena prodígio, no alto do seu um metro e cinquenta e cinco centímetros, Gaga cresceu ouvindo artistas como os Beatles, Stevie Wonder, Queen, Bruce Springsteen, Pink Floyd, Mariah Carey, Grateful Dead, Led Zeppelin, Whitney Houston, Elton John, Christina Aguilera, Blondie e Garbage, pelas ruas de New York e em suas apresentações fica nítido que todos estes nomes a influenciaram musicalmente em algum ponto.

Importante ressalvar que sua inspiração musical varia de cantores de dance-pop, como Madonna e Michael Jackson, a artistas glam rock como David Bowie e Freddie Mercury, bem como a teatralidade da música, do artista pop Andy Warhol e suas próprias raízes de performance no teatro musical.

O nome artístico Lady Gaga tem uma origem um pouco inusitada e interessante. Segundo a própria cantora, o apelido Gaga surgiu de uma brincadeira com seu antigo produtor, Rob Fusari, que a comparava com Freddie Mercury e cantava a música Radio Ga Ga, do Queen, para ela

Ela já foi comparada a Madonna, que disse que ela se vê refletida em Gaga. E por sua vez, Gaga diz que ela quer revolucionar a música pop como Madonna fez.



Mas vamos combinar, Gaga só existe porquê, lá atrás, existiu Madonna, na tão sonhada New York, arrobando as portas dos clubes com o pé e colocando seus hits para tocar.

Existiu, também, um Michael Joseph Jackson, ou melhor, simplesmente, Michael Jacson, que foi um cantor, compositor, dançarino e filantropo estadunidense.

Apelidado, simplesmente, de Rei do Pop, considerado uma das figuras culturais mais significantes do século XX e um dos maiores artistas da história da música mundial.

Ao longo de uma carreira de quatro décadas, suas conquistas musicais ao redor do mundo e sua vida pessoal fizeram de Michael Jacson uma figura global na cultura popular.

Que de forma revolucionária, pioneira e desbravadora, por meio da sua música, dança e moda, proliferou a performance visual para cantores de música pop, e popularizou movimentos da dança de rua, incluindo o moonwalk (que ele nomeou), o robô e a inclinada anti-gravidade.

Lady Gaga possui, bom gosto, perspicácia e um faro refinado, para escolher as melhores referências mundiais para absorver, se inspirar e criar sua arte de forma inequívoca.

Gaga também já citou que se inspira em bandas de heavy metal como uma influência, incluindo Iron Maiden e Black Sabbath.

E declarou, ainda, que Beyoncé é uma inspiração chave para seguir com sua carreira musical.

De outro giro, segundo a própria Lady Gaga o seu interesse por moda, veio de sua mãe. Esteticamente, Gaga já foi comparada a Leigh Bowery, Isabella Blow e Cher. Uma vez ela comentou que quando era criança se inspirava em Cher.

Considera Donatella Versace sua musa e o estilista inglês Alexander McQueen como uma inspiração, ou seja, como sempre, Gaga usa excelentes referências mundiais para sua inspiração.

Por sua vez, Versace chama Lady Gaga "o fresco Donatella".

Gaga também já declarou que foi influenciada pela princesa Diana, que ela admirava desde a infância.

Diana, a Princesa de Gales, também conhecida como Lady Di, foi uma aristocrata e filantropa britânica. De 1981 a 1996. Diana foi uma influente personalidade global nas últimas décadas do século XX, sendo apelidada como “princesa do povo” devido ao seu carisma, simpatia, espontaneidade e dedicação a causas sociais.

Talvez a filantropia, originalidade e posicionamento vanguardista da Lady Gaga venham da Lady Day.

Lady Gaga é um turbilhão de conhecimentos, ideias e ilustres referências mundiais.

É possível imaginar que a criança, originária de uma família de classe econômica alta, nascida e criada, em uma saudosa cidade de New York, que já foi considerada a esquina do mundo - onde tudo acontecia ao mesmo tempo - frequentou todos os espetáculos da Broadway e possui lembranças de todos clássicos contos infantis com seus marcantes personagens.

Importante frisar que a cidade de New York, ainda é um caldeirão de culturas e histórias, e seus bairros refletem essa vibrante diversidade.

Cada área oferece uma experiência única, exibindo histórias ricas, diversas e comunidades dinâmicas. Das ruas movimentadas de Chinatown aos ritmos emocionantes do Harlem, aos Bairros icônicos de Nova York tudo influencia nitidamente a carreira de Gaga.

Tenho a nítida impressão que Gaga em sua infância saracoteava pelas ruas do Harlem, visitava o Apollo Theater, onde lendas como Ella Fitzgerald e James Brown se apresentaram e absorveu muito da arte negra contemporânea.

Assistia aos grandes espetáculos da Broadway, com todos os seus respectivos efeitos especiais, nos melhores assentos, que eram separados apenas para os locais.

E ouviu muito bem a expressão: “Não há negócio como o show business!

Esta frase icônica de Annie Get Your Gun, de Irving Berlin, resume a magia da Broadway, um lugar onde o teatro musical ultrapassa gerações e se reinventa todos os anos, onde Gaga foi cresceu e foi criada.

Na Broadway a história não começou ontem. São quase 100 anos de apresentações diárias e milhares de talentosos artistas, diretores, roteiristas e tudo que faz a magia nos teatros de Nova York. O berço dos musicais.

Gaga desfrutou da era dos Mega Musicais na Broadway: espetáculos grandiosos.

Os anos 1980 e 1990 foram marcados pelos mega musicais, produções de tirar o fôlego com cenários elaborados, figurinos deslumbrantes e elencos talentosos e estrelares. Tais como:

Les Misérables (1985) que transportou o público para a França revolucionária com sua história épica de justiça e redenção.

O Fantasma da Ópera (1986) cativou com seu romance sombrio, melodias inesquecíveis, cenários e figurinos e que só saiu de cartaz há poucos anos encerrando a Era dos Mega Musicais da Broadway.

Miss Saigon (1989) emocionou com sua narrativa poderosa ambientada na Guerra do Vietnã.

E não é só.

E a magia chegou, também, na Broadway!

Nos anos de 1990 os teatros, da grande maça, foram marcados pela entrada das produções da Disney na Broadway, fruto de um acordo com a prefeitura cidade para revitalizar a região da Times Square.

Não e novidade para todos nós que a Disney não entra para brincar.

Nunca.

Todas as suas produções, como de praxe, entregam uma qualidade única com figurinos, coreografias e músicas marcantes.

Em pouco tempo na Broadway, as adaptações de clássicos animados como O Rei Leão (1997), A Bela e a Fera (1994) e Aladdin (2011), encantaram crianças e adultos do mundo inteiro por anos.

E com certeza, a jovem Stefani Joanne Angelina Germanotta, nascida em Nova Iorque, no dia 28 de março de 1986, atualmente, conhecida como Lady Gaga frequentou a plateia de todos esses musicais.

E mais: os anos 1990 e 2000 trouxeram a ascensão dos musicais jukebox, que utilizavam canções já conhecidas para contar novas histórias.

Mamma Mia! (1999) conquistou o público com os sucessos do ABBA e uma trama envolvente sobre amor e família.

Jersey Boys (2005) celebrou a trajetória do grupo Frankie Valli and The Four Seasons.

Já Rock of Ages (2005) trouxe a energia do glam rock para os palcos.

Sem dúvidas, os anos 1990 e 2000 marcaram uma nova era para a Broadway e refletem significantemente na carreira da Gaga.

Esses espetáculos grandiosos estão no subconsciente de Gaga e influenciaram a vida e a carreira de nossa pequena - apenas no sentido físico - estrela.

Vale ressalvar que a Broadway sempre se destacou pela diversidade de temas, estilos e vozes.

Hamilton (2015), também da Disney, revolucionou o gênero com seu elenco multicultural e a fusão do hip-hop com a história americana. Em pouco tempo, entrou na lista dos musicais mais assistidos de todos os tempos e mantém esse recorde até hoje.

Hadestown (2019) trouxe uma releitura moderna do mito de Orfeu, com uma trilha sonora envolvente. A história atrai centenas de espectadores que lotam o teatro em todas as apresentações.

O Livro de Mórmon (2011) provocou risadas com seu humor irreverente e sátira mordaz. Um dos musicais mais engraçados de todos os tempos.

Já SIX (2017) reescreveu as vidas das esposas de Henrique VIII através de um formato de show pop.

&Juliet (2019) ofereceu uma nova visão da clássica história de amor de Shakespeare, mixando sucessos de Max Martin com temas históricos.

A Broadway ainda mostra uma capacidade única de renovação com espetáculos grandiosos, envolventes e principalmente, alinhados aos tempos atuais.

Vale destacar que os musicais da Broadway sempre foram um reflexo da sociedade, influenciando e sendo influenciados pelas mudanças culturais e sociais.

Desde a exploração das tensões raciais em West Side Story até a celebração da comunidade LGBTQIA+ em Rent (1996), a Broadway tem sido uma plataforma importante para abordar questões sociais e promover o diálogo. E Gaga faz o mesmo com maestria.

Espetáculos como Dear Evan Hansen (2015), que trata da saúde mental e do isolamento adolescente, Come From Away (2016), que retrata a solidariedade humana após os ataques de 11 de setembro, e The Prom (2018), que celebra a inclusão e a diversidade, demonstram o poder do teatro musical em gerar empatia e reflexão e Lady Gaga, da mesma forma, traduz em suas letras tais tendências.

A Broadway, como Gaga e muitas outras estrelas da música mundial, são brilhantes.


Do inferno de Dante ao pop do futuro
As novas tendências surgem, como a crescente diversidade, as equipes criativas, as tecnologias inovadoras, como projeções e realidade virtual, a utilização de alta tecnologia de várias formas e momentos e a exploração de formatos híbridos, que combinam teatro ao vivo com elementos digitais.

E tudo isto é visto no espetáculo apresentado pela Gaga e seu staff no "Mayhem on the beach", como é o conhecido o espetáculo mundialmente.

No início do espetáculo algumas projeções são feitas informando o publico que o show, como numa ópera, contará com 5 atos. O que a cantora chama de Ópera Gótica.

O cenário milimetricamente cuidado, faz referência ao palco de uma ópera e lembra uma construção antiga romana ou grega, com várias colunas, andares, arabescos e figuras talhadas.

O show abre, com as projeções que fazem com que o palco se torne uma tela monstruosa, onde as projeções dos telões se confundam com o telão redondo no alto do palco e em ambos os lados do palco principal - acredito que as projeções sejam da mesma qualidade da tecnologia utilizada no Sphere, localizado em de Las Vegas, ainda não conheço, pessoalmente, mas tenho muita vontade.

Antes do inicio do espetáculo técnicos calibravam os equipamentos e telões...e alguém ao meu lado falou que a qualidade das projeções seriam de 8K. Não sei se era verdade, mas a resolução dos telões era absurda e tudo só melhorava...

E com telões, de alta tecnologia, no alto e em ambos os lados do palco físico as projeções conversavam com o palco principal levando os Little Monsters à loucura, literalmente. As imagens eram replicadas nos telões em seus respectivos lados aumentando a sensação de imersão do publico ao cenário do palco.

No momento em que a Lady Gaga, nas areias de Copacabana, sobe no palco, em um gigantesco vestido vermelho, que na verdade é uma mega estrutura com três andares e que conta até com um elevador, os Little Monsters enlouquecem.

A cor do vestido, num tom de vermelho seduz toda a plateia, e nos versos de Bloody Mary ela abre o show. Em seguida a plateia em êxtase total repete os versos de Abracadabra.

Sendo que todas as imagens da estrela e de seus dançarinos, dançarinas e músicos, no palco, são replicadas nos mencionados telões com uma qualidade absurda, aumentando, em muito, o tamanho da grandiosidade do espetáculo apresentado.

Cumpre destacar que Abracadabra é uma canção que foi lançada por Gaga, em, apenas, 3 de fevereiro de 2025.

A energia dance-pop da música e os visuais teatrais do videoclipe geraram comparações com trabalhos anteriores da artista, como os singles dos projetos The Fame Monster (2009) e Born This Way (2011).

E o que mais me impressionou foi o publico, mais de dois milhões de pessoas, nas areias de Copacabana, repetindo magicamente o refrão do hit.

Gaga pensa em que cada segundo da apresentação no palco que enfeitiça sua legião de fãs presente na plateia e nas transmissões pelo mundo com suas apresentações.

Em seguida seus dançarinos e dançarinas, acho que são mais de trinta, no palco, tiram ela de dentro do vestido vermelho e a estrela aparece vestida num vestido longo, nas cores da bandeira brasileira, para cantar um dos seus maiores e polêmicos hits: Judas.

Na hora, um detalhe me chamou muita à atenção e até agora não li ou ouvi ninguém comentando sobre. O mencionado vestido nas cores da bandeira brasileiras possui uma gola Padre.

A gola Padre se diferencia de outros tipos de golas por sua altura e fechamento completo na frente. Ela geralmente é mais alta do que as golas tradicionais, chegando até a altura do queixo.

Além disso, não possui abertura na frente, sendo totalmente fechada. Essas características conferem à gola Padre um ar mais formal e elegante. Ela possui origem histórica ligada às vestes litúrgicas dos padres católicos.

E em um momento histórico mundial, quando não possuíamos um Papa, o chefe da Igreja Católica - a religião com maior número de seguidores no mundo - Lady Gaga, nas areias de Copacabana, cantarolava com mais de dois milhões Little Monsters, ao vivo, e um número infinito de telespectadores pelo mundo, os refrãos de Judas, com um vestido verde, com uma gola de Padre e com uma faixa presidencial azul e amarela. Foi histórico.

Vale destacar que Lady Gaga é católica romana. Foi criada num ambiente católico, e a fé é uma parte importante da sua vida e da sua arte. Embora a sua música às vezes tenha elementos que possam ser interpretados de forma não ortodoxa, ela sempre expressou respeito pelos valores religiosos e pela fé.

Ela é altamente criativa, sensata, refinada, sensível e antenada com os principais fatos mundiais. E só com essa emblemática performance já tinha sido válido o show. Mas não, ela entrega muito mais do que é esperado...e sabe muito bem disso.

Logo, em seguida, após duas músicas ela se dirige, com seu séquito de dançarinos e dançarinas, em direção ao público através de uma enorme passarela e finaliza o primeiro ato com uma apresentação inesquecível de um dos seus maiores hits: Poker Face.

Em um tabuleiro gigante branco e vermelho, com peças brancas e pretas Lady Gaga inicia um duelo entre o passado e o presente, o bem e o mal, vida e morte, ou o quê mais você pode imaginar que gera dualidade.

Com gritos histéricos inicia a apresentação. E as peças vão se movimentando de forma frenética com movimentos curtos e mecânicos numa sincronia espantosa, reflexo de muitos ensaios e um corpo de baile altamente qualificado composto de dançarinos estrategicamente escolhidos, por ela e sua equipe, de todo o mundo.

E a plateia entre em transe total fazendo um silencio sepulcral observando a cantora e seus dançarinos e dançarinas, em uma coreografia frenética que passa a ser em movimentos circulares, enquanto no meio do círculo, no tabuleiro, a rainha branca e a preta duelam numa batalha onde no final a rainha preta vence, dando um tiro na rainha branca que cai sobre o meio do tabuleiro e esse, por sua vez, se racha em vários pedaços.

Importante destacar que a plateia do show da Gaga é composta de Little Monsters de todas as idades, diferente do show da Madonna que a plateia era composta de pessoas mais velhas.


E os Little Monsters são outro show à parte
Eles vão assistir ao show com figurinos elaborados – todos da equipe dela fazem questão de cumprimentar e falar com eles quando passavam - e durante o espetáculo a plateia entra em transe e só é capaz de repetir os hits de Gaga como se estivessem, todos hipnotizados.

Estas cenas de Poker Face me fez lembrar muito o clipe Thriller de Michael Jackson, lançado em 30 de novembro de 1982.

E o show continua.

Cada segundo da apresentação é um espetáculo inesquecível...ela entra em caixa de areia, faz referência a sua doença que a fez cancelar sua apresentação anterior no Brasil. Dança com caveiras, e seu ballet a música Zombieboy, canta sobre uma maca, o hit Bad Romance e o show vai fluindo numa qualidade imensurável e nunca antes vista.

Falta Just Dance, mas tudo bem.


Nada se inventa. E Gaga sabe disso
São utilizadas várias referências de obras históricas de arte no espetáculo. No vestido vermelho quando se abre em uma torre há uma referência ao inferno de Dante e quando Gaga é “ressuscitada”, numa maca, por quatro seres bicudos, vestidos como enfermeiros que faz referência o quadro “O Jardim das Delícias”, do pintor holandês Hieronymus Bosch, datado entre 1505 e 1510, entre outros.

E quando ela sai do vestido vermelho utilizando uma bengala faz lembrar os passos da bruxa da Branca de Neve, o clássico, bem como quando dança com longos dedos brancos de pluma numa nítida referência ao mal humorado e sarcástico Grinch, a criatura verde e mesquinha que odeia o espírito de Natal.

Em certos momentos o figurino da Lady Gaga converge com o visual de Wandinha.

Wandinha é a forma pela qual é conhecida a personagem Wednesday Addams na versão brasileira da série da Netflix Wandinha.

O nome original da personagem, "Wednesday", significa "quarta-feira" em português.

O nome Wednesday foi escolhido pelo criador da Família Addams, Charles Addams, inspirado em uma cantiga infantil que atribuía características a crianças nascidas em cada dia da semana.

A frase "Wednesday's child is full of woe" ("A criança de quarta-feira é cheia de aflições") inspirou o nome da personagem, que é conhecida por seu humor sombrio e gótico.

E tais características, em muitas vezes, durante o show se confunde com a personalidade e performance de Gaga no palco.

Os músicos são outra parte especial do espetáculo no palco.

Eles ficam no palco, no cenário, distribuídos em nichos que fazem parte da cenografia. Como se estivessem em camarotes em um teatro antigo.

O tecladista usa um teclado circular e demonstra uma habilidade absurda e o instrumento é um elemento visual marcante do palco.

E não é só.

Entre inúmeros músicos o baterista dá um show à parte, literalmente.

O baterista de Lady Gaga no show de Copacabana foi Tosh Peterson, mais conhecido como Tosh The Drummer, tem 24 anos e é de Los Angeles, na Califórnia, EUA.

Além da Mother Monster, ele já tocou com artistas como Fall Out Boy, Lil Nas X, Bad Bunny, Troye Sivan, Filter, Kid Laroi, Jxdn, Machine Gun Kelly, Young Thug, Bazzi, Ashton Irwin, Carlie Hanson, Royal and the Serpent e Bryce Vine. Seu currículo é especial.

O sonho do jovem baterista é um dia estar junto do palco do Bon Jovi. "Eles são meus artistas favoritos de todos os tempos. Eu faria literalmente qualquer coisa para tocar para eles algum dia", disse Peterson em uma entrevista ao portal Melodic Magazine em fevereiro.

Tosh Peterson chamou a atenção do público e das redes sociais pela sua energia e talento no palco.

O espetáculo é dividido em cinco atos, segue o set list:

Ato I - Of Velvet and Vice

Bloody Mary

Abracadabra

Judas

Scheibe

Garden of Eden

Poker Face

Ato II: And She Fell Into a Gothic Dream

Perfect Celebrity

Disease

Paparazzi

Alejandro

The Beast

Ato III: The Beautiful Nightmare That Knows Her Name

Killah

Zombieboy

Die With a Smile

How Bad Do U Want Me

Ato IV: To Wake Her Is to Lose Her

Shadow of a Man

Born This Way

Blade of Grass

Shallow

Vanish Into You

Ato Final: Eternal Aria of the Monster Heart

Bad Romance

Discurso e homenagem ao Brasil


O Discurso

Um dos momentos mais marcantes da noite foi o discurso lido por Lady Gaga com a ajuda de um tradutor:

Eu amo vocês. Agradeço por esperarem. Agradeço por me receberem de volta com tanta gentileza e de braços abertos. Hoje à noite, eu quero ajudá-los a brilhar. Quero que o mundo veja o quão grande é o coração de vocês e que se inspire no seu espírito”, disse a cantora, emocionada.

Eu amava vocês dez anos atrás. E eu amo vocês esta noite. Obrigada, Brasil. Eu amo vocês para sempre!”


O discurso também fez referência ao cancelamento do show no Rock in Rio 2017, quando Gaga não pôde se apresentar devido às dores causadas pela fibromialgia.

A apresentação deste sábado marcou sua primeira performance no Brasil desde 2012.


Importante destacar que Gaga é atualmente, uma das Deusas do pop mundial.

É o pop tem uma fórmula. E ela consegue performar com maestria. O seu profissionalismo é contagiante. Percebesse, nitidamente, que tudo que está sendo ali apresentado diante de milhões de pessoas foi ensaiando por meses. Que cada figurino utilizado foi meticulosamente ajustado aos corpos da estrela e de todos os integrantes do seu staff.

Todos ali aparentam ser externamente talentosos e compromissados com Gaga.

Cada passo dela no palco é sincronizado com os integrantes do seu corpo de baile.

Todos os elementos cenográficos se encaixam sem nenhuma sombra.

No momento em que ela aparece em um dos nichos do segundo andar do cenário, como se estivesse em um camarote de um teatro, ela repete a cena que ocorreu em seu show de 2012.

Acompanhada de um jovem local ela interage com o seu publico.

Sendo que desta vez ela evoluiu.

Gentilmente ela fez com o que o jovem Nicolas a acompanhasse na leitura de uma carta direcionada aos brasileiros. Foi um ato de extrema gentileza e sensibilidade.

De outro giro, cumpre destacar que esse jovem Nicolas é um ser por si só iluminado. Tive o prazer de ser atendido por ele, uma semana antes, no Copacabana Palace. Acho que a Gaga teve muita facilidade em escolhê-lo para esta inesquecível e especial missão.

A carta era uma mensagem de agradecimento aos fãs brasileiros por esperarem por ela.


Lady Gaga é de fato, uma lady
Não tem nada de vulgar em seu espetáculo. Coloca assuntos sensíveis no palco com elegância, desenvoltura e inteligência.

É nítido que ela e sua equipe faz tudo com muito capricho, carter, comprometimento, profissionalismo e zelo.

E ao final, após, cantar Bad Romance, no mesmo local que apresentou Poker Face, no meio da multidão, Gaga e sua trupe, todos visivelmente emocionados, se sentaram virados para o mar e desfrutaram de um show de fogos de alguns minutos que selou o encerramento do espetáculo.

E lembramos, neste momento, da frase que surgiu no telão em inglês no início do show: monsters never die (monstros não morrem nunca).

Enfim, após quase após longos oito anos do cancelamento de seu show no Rock in Rio, Lady Gaga se apresentou gratuitamente para uma multidão de Little Monsters, nas areias da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.

E como a Broadway com sua história icônica, seu compromisso com a excelência artística e sua capacidade de se conectar com o público de maneira profunda, verdadeira e significativa, Lady Gaga com toda sua criatividade, potencia e coragem faz o mesmo.

Com muitas trocas de figurinos, cenários grandiosos e uma set list repleta de hits, a estrela fez história no Brasil. Ou melhor, fez história, no mundo, com um show com uma plateia com mais de dois milhões de pessoas presentes.

Cumpre destacar que Lady Gaga tem um futuro promissor pela frente e estamos contando com mais apresentações épicas dela por aqui.

Impacto Cultural e Econômico
A produção do show foi da Bonus Track em parceria com a Live Nation. Os principais patrocinadores do show foram a Corona (como patrocinadora máster), o banco Santander e a companhia aérea LATAM.

Além destes, também participaram do evento como patrocinadores o Zé Delivery, o Guaraná Antarctica e a marca de bebidas prontas Beats.

Outros patrocinadores que também apoiaram o evento incluem a C&A, a TRESemmé, a empresa de transporte 99, a Eventim e a Klefer. A Deezer foi o player oficial do evento.

Destaco que os patrocinadores eram proibidos de utilizar a imagem da cantora.

Vale destacar que ocorreu a mudança dos banners, pela cidade, na véspera da apresentação, para delírio dos fãs, que chegaram a sentir náuseas lembrando o cancelamento do show da estrela no passado no Rio de Janeiro.

Mas a produtora Bonus Track, a única marca autorizada a usar a imagem e o nome da Mother Monster, esclareceu que a substituição da comunicação visual na cidade carioca já estava prevista como forma de reforçar o nome da plataforma, um projeto que prevê apresentações gratuitas até 2029. Estamos de olho.

Importante destacar que o orçamento para o show de Lady Gaga veio majoritariamente (90%) de patrocinadores privados. A presença destas marcas no evento foi vista como uma forma de impulsionar a experiência do espetáculo para o público e gerar impacto positivo para as empresas e todos que lucraram com o movimento da cidade à época.

E que lucro! O Rio de Janeiro respirava Gaga ante, durante e depois o espetáculo.

O show gratuito de Lady Gaga em Copacabana gerou um impacto econômico de cerca de R$ 600 milhões para o Rio de Janeiro. A Prefeitura estima que o evento movimentou a economia local, com aumento de turistas e gastos em hotelaria, gastronomia, transporte e comércio.

Impacto Econômico:

R$ 600 milhões: Impacto econômico total estimado para o Rio de Janeiro.

R$ 98 milhões: Arrecadação apenas em publicidade.

2,1 milhões de pessoas: estimativa de público, com 85% residentes do Rio, 12% turistas nacionais e 3% estrangeiros.

R$ 515,84 (média): Gasto médio por dia por turista brasileiro.

R$ 590,40 (média): Gasto médio por dia por turista estrangeiro.

R$ 133,60 (média): Gasto médio por dia por morador do Rio.

Outros Detalhes:

O show foi patrocinado por empresas privadas e pela prefeitura e governo do Rio.

A Riotur (Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro) estima que o show gerou um aumento de 26% nos voos domésticos e uma ocupação hoteleira de 96% em Copacabana e Ipanema.

O show superou em retorno financeiro o evento de Madonna, que gerou cerca de R$ 300 milhões no ano de 2024.

O sucesso financeiro do projeto "Todo Mundo no Rio" promovido pela Prefeitura do Rio de Janeiro na pessoa do Ilustre Prefeito Eduardo Paes e produzido pela Bonus Track fundada em 2003 por Luiz Oscar Niemeyer (membro da ilustre família Niemeyer que possui grandes baluartes na área médica e arquitetônica brasileira) e mais tarde teve a entrada de seu filho, Luiz Guilherme Niemeyer, como sócio foi fantástico.


O objetivo do projeto é trazer grandes atrações musicais internacionais para a Praia de Copacabana e consolidar maio como mês de celebração cultural na cidade.

Tenso
Já estou imaginando a agitação do nosso Prefeito querendo bookar as atrações para os próximos anos, mas desde já, gostaria de solicitar atenção à alguns pontos:

- Não cabe mais uma formiga na praia de Copacabana como no dia do show da Lady Gaga. Nem que o Ilustre Prefeito invente de fazer o show do Leme até o Forte de Copacabana distribuindo telões pela orla a cidade não possui condições de escoar o público, no final da apresentação.

Nem que o Prefeito invente da gente sair nadando pela praia, no final do show, definitivamente, não cabe mais uma pessoa nas areias de Copacabana.

Conforme-se!

E Eduardo Paes pode ficar tranquilo...você será candidato e ganhará as eleições para Presidência do Brasil. Calma. Pode ficar calmo.

- Sim haverá grande dificuldade para escolher a próxima atração, se não vejamos:

- U2 já foi aquele caos na zona oeste, em 1998, no Autódromo de Jacarepaguá.

A cidade parou ninguém conseguiu chegar a tempo de assistir o começo do show, ou melhor, nem no meio da apresentação. Eu mesmo só consegui chegar no final...na hora do limão. Foi o puro suco da confusão, literalmente. Foi tenso.

Beyoncé...é prezado Prefeito....essa está bem enrolada com problemas junto com seu marido Jay-Z e Puff Daddy, lá por New York, melhor deixar quieto.

Deixa quieto.

E pode incluir no pacote, ainda, J.Lo e Justin Bieber,... vai ser bem complicado.

Temos, ainda, Rihanna, mas Prefeito sabe que ela e o marido A$AP Rocky que já têm dois filhos: RZA Athelston Mayers (nascido em maio de 2022) e Riot Rose, que nasceu em agosto de 2023) estão focados em se multiplicar.

Sendo que a cantora já está, atualmente, grávida de seu terceiro filho. Ou seja, não será fácil alinhar esta agenda com o projeto.

Brincadeiras, à parte, Eduardo Paes, Luiz Oscar Niemeyer e suas respectivas equipes têm uma longa jornada pela frente.

E estão de parabéns. O projeto é um sucesso. Alavancou a economia do Estado e até mesmo do país.

E lembrando: Cultura é um Direito básico, previsto na nossa Constituição Federal de 1988. Deu um up no ego da castigada cidade do Rio de Janeiro, tão sofrida.

Estamos já ansiosos para os sabermos quais serão as próximas atrações do projeto “Todo Mundo no Rio”, literalmente.

E por último, mas não menos importante um recado:

- Lady Gaga, faz, logo, sua reserva no hotel Copacabana Palace, para o final do ano.

Àqueles fogos não chegam nem de longe aos da nossa festa de Ano-Novo ou Réveillon. E depois partiu para Búzios ou Angra. Vai por mim.

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