Bangers Open Air encerra festival de maneira grandiosa e com gostinho de quero mais


Texto: Lênin Zanovelli
Fotos: Nay Sabino

O terceiro dia do Bangers Open Air 2025 foi, sem dúvidas, o mais movimentado de todo o evento. Com uma enorme quantidade de público, o festival seguiu firme, sem que a superlotação causasse qualquer tipo de transtorno. A organização, mais uma vez, demonstrou seu preparo e eficiência, garantindo que todos tivessem uma experiência agradável, sem grandes imprevistos.

Beyond The Black
O domingo começou sob um sol escaldante, exatamente ao meio-dia, e com ele teve início o último dia do Bangers Open Air 2025. O calor estava no seu ápice, derretendo tudo e todos, mas quem abriu os trabalhos foi o Beyond The Black
, que conseguiu incendiar o público ainda mais com um show poderoso e cativante.

Apesar de já ser um dos nomes mais relevantes do metal melódico atual, com uma sólida base de fãs na Europa e presença frequente em festivais como o Wacken Open Air, essa foi a primeira passagem da banda pelo Brasil e a estreia não poderia ter sido mais marcante.

O
Beyond The Black saudou o público com uma apresentação eletrizante, misturando calor e intensidade em doses generosas. O setlist trouxe uma seleção impactante de faixas recentes, mas também brindou os fãs com clássicos como Lost In Forever, além de surpresas que mostraram a versatilidade do grupo. Em vez de guardar os hits para o fim, os alemães chegaram com tudo, colocando logo de cara faixas que normalmente encerram seus shows, como Hallelujah, favorita de muitos, e In The Shadows, que arrancou sorrisos e palmas entusiasmadas da plateia.

Ao final da performance, ficou evidente: o
Beyond The Black é uma banda com química, presença de palco e repertório de sobra para conquistar novos públicos. Mesmo com algumas músicas ainda desconhecidas da maioria dos presentes, a conexão foi imediata. O que se viu foi uma estreia vibrante, com alma de veteranos e o brilho de quem está pronto para alçar voos ainda maiores em palcos de todo o mundo.

Setlist:
1 – In the shadows
2 - Hallelujah
3 – When angels fall
4 – Song of love and death
5 – Lost in forever
6 – Heart of the rurricane
7 – Is there anybody out there?
8 - Reincarnation
9 – Wounded Healer
10 – Shine and shade



Lord of the Lost
Em 2023, os alemães do Lord of the Lost vieram ao Brasil pela primeira vez como uma aposta da edição inaugural do Summer Breeze Brasil, ocupando um dos palcos secundários. Dois anos depois, o cenário mudou: o festival ganhou novo nome, e a banda, novo status. Agora mais conhecidos e impulsionados por sua participação no Eurovision 2023 com Blood & Glitter, o sexteto liderado por Chris "Lord" Harms retornou em posição de destaque, abrindo um dos palcos principais do Bangers Open Air.

Apesar do sol impiedoso do início da tarde, que não combina muito com a estética noturna e teatral da banda, o
Lord of the Lost provou que sua força não depende da escuridão. Mesmo sob a luz intensa, seu visual marcante e sonoridade carregada criaram um contraste fascinante com o clima abrasador.

O diferencial do grupo está no equilíbrio entre peso e melodia. Riffs potentes convivem com refrões pegajosos e momentos eletrônicos que soam modernos, mas nunca forçados. A voz de Chris Harms transita com habilidade entre o gutural, o canto operático e tons graves e melancólicos, oferecendo uma performance vocal rica e expressiva.

Álbuns como
Thornstar e o duplo Judas são provas da profundidade da proposta da banda, com trabalhos conceituais que mergulham em temas como religião, existencialismo e liberdade individual. Essa densidade se traduziu bem no palco, com um setlist que explorou diferentes nuances do som da banda uma mistura de gótico, industrial, metal e glam rock que cativa tanto pelo som quanto pela performance.

Com um show enérgico, dramático e tecnicamente impecável, o
Lord of the Lost mostrou ao público brasileiro que é uma banda pronta para qualquer palco e que, da sombra ou sob o sol, consegue impactar com intensidade e autenticidade.

Setlist:
1 – The curtain falls
2 – The future of a past life
3 - Loreley
4 – Destruction Manual
5 – For they know not what they do
6 – Raining stars
7 – Six feet underground
8 – Born with a broken heart
9 – Live today
10 – Die Tomorrow
11 – Drag me to hell
12 – We´re all created evil
13 – Blood & Glitter

Paradise Lost
"Enchantment", faixa poderosa do clássico Draconian Times, abriu o caminho para um set que mexeu com o emocional de quem estava ali. A banda, composta por Nick Holmes nos vocais, acompanhado de Greg Mackintosh e Aaron Aedy nas guitarras, Stephen Edmondson no baixo e Guido Montanarini na bateria, conduziu o público por um caminho sombrio, mas ao mesmo tempo emocionante.

O Paradise Lost veio pra mostrar que é possível emocionar sem exageros. Enquanto muitas bandas apostavam no espetáculo visual, eles foram na direção oposta e entregaram uma apresentação forte e intensa.

O set passou por várias fases da carreira dos britânicos. “Forsaken” apareceu cedo e já deixou claro o tom da apresentação. A resposta do público veio muito forte em "The Last Time", que apareceu mais perto do final do show e virou um hino cantado em coro. As raízes do Paradise Lost também foram resgatadas com “Eternal”, do disco Gothic, mostrando que a essência deles continua intacta.

Sem precisar de fogos, luzes piscando ou muito efeito, o Paradise Lost provou que o sentimento continua sendo o elemento mais poderoso da música. O show foi sombrio, sim, mas de um jeito tocante. O Paradise Lost fez um show para aqueles que encontra na música uma forma de entender a vida. E tenho certeza que muitos saíram dali mais leves, mesmo depois de tanto peso.

Setlist:
1 – Enchantment
2 – Forsaken
3 - Pity the Sadness
4 - Faith Divides Us – Death Unites Us
5 – Eternal
6 - One Second
7 - The Enemy
8 - As I Die
9 - Smalltown Boy (cover de Bronski Beat)
10 - The Last Time
11 - No Hope in Sight
12 - Say Just Words


Kamelot
O fim de semana que era pra ter apenas um show do Kamelot, acabou ganhando outro show para a alegria de muitos e talvez para a tristeza de outros. Depois que o I Prevail cancelou sua participação no Bangers, o Kamelot acabou entrando de última hora na programação também de domingo.

O sábado foi mais intenso em empolgação, principalmente porque o público estava todo ali pra ver o Kamelot e eles corresponderam à altura. Mas o show extra de domingo apesar de mais morno em alguns momentos, teve seu brilho próprio. Com mudanças no setlist, participação especial e até uma vibe mais “livre”.

Tommy Karevik não forçou conexão com o público no segundo dia, mas ela aconteceu de forma natural, com muito carisma e sorrisos. “Insomnia” foi uma das que levantou geral nos dois dias, com direito a “pula, São Paulo!”. Ao lado dele, Thomas Youngblood na guitarra e Sean Tibbetts no baixo mantiveram o peso e a presença de palco, sempre trocando olhares e gestos com a galera.

No domingo, Adrienne Cowan e Melissa Bonny dividiram os vocais em “Sacrimony (Angel of Afterlife)”, e transformaram o palco em uma verdadeira ópera do metal. Foi um dos pontos altos da apresentação, daqueles que prendem a atenção tanto de quem é fã quanto de quem só estava passando por ali.

A abertura de domingo veio com “Phantom Divine (Shadow Empire)”, deixando de lado a tradicional “Veil of Elysium”, e músicas como “Opus of the Night (Ghost Requiem)” e “The Human Stain” também marcaram presença. Mas foi com “Center of the Universe” que a emoção bateu mais forte. Esse clássico do disco
Epica entrou como uma surpresa no lugar de “Karma” e “When the Lights Are Down”, tocadas apenas no sábado, e causou aquele momento nostálgico que ninguém esperava.

March of Mephisto” foi a responsável por encerrar as duas noites. Antes de se despedir, Karevik ainda emendou um pedacinho de “We Will Rock You”, do Queen, só no gogó, fazendo a galera gritar junto e repetir o refrão até o limite da voz. Foi um último respiro antes do fim. simples, espontâneo e certeiro.

O saldo foi esse: dois shows entregues com paixão, vocais impecáveis, participações marcantes e um setlist bem amarrado, que fez a alegria de quem ama a banda e também de quem talvez estivesse vendo o Kamelot pela primeira vez. Uma dobradinha inesperada, mas que vai ficar na memória como um fim de semana intenso e especial.

Setlist:
1 - Phantom Divine (Shadow Empire)
2 - Rule the World
3 - Opus of the Night (Ghost Requiem)
4 – Insomnia
5 - Sacrimony (Angel of Afterlife)
6 - The Human Stain
7 - Center of the Universe
8 - New Babylon
9 - Solo de teclado
10 – Forever
11 - March of Mephisto



Foto: Thiago Henrique Fotografia/ MHermes Arts

Ready to be Heated
O Angraverso ou Shamanverso, como muitos gostam de chamar, mais uma vez nos presentou com um novo supergrupo. O Ready To Be Hated fez sua estreia no palco Waves Stage no domingo (4) e último dia do bangers open air e causou uma boa primeira impressão.

A banda é formada por Thiago Bianchi (Karma, Shaman, Noturnall, Thiago Bianchi’s Arena, Shamangra), Luis Mariutti (Angra, Shaman, Andre Matos, About2Crash, Sinistra, Shamangra), Fernando Quesada ( Shaman, Noturnall, Anie) e Rodrigo Oliveira (Korzus, Oitão).

A banda está promovendo o seu primeiro e mais novo álbum, chamado “The Game of Us”, que conta com 9 faixas e será lançado no dia 30/05. De acordo com a banda, a temática do disco irá tratar das “vivências e trará uma narrativa emocional que caminha lado a lado com o tabuleiro da vida.”

Logo na primeira música que foi tocada, já deu pra perceber que os músicos estão bem entrosados. Seja pela longa carreira e experiência profissional de cada um, ou seja, simplesmente pelo fato de se darem bem um com o outro, a junção deles parece ter gerado bons frutos, como já era de se esperar.

As músicas trazem peso, não só instrumental, mas também emocional, seja pelo Luís Mariutti e suas linhas de baixo que são dignas de um baixista versátil e experiente, pelo Thiago Bianchi e sua voz que mescla 
o que os fãs de Angra, Karma e Shaman mais gostam, agudos potentes, voz limpa e melódica e uma mistura do que os fãs de Noturnall mais gostam, que é aquela voz pesada, rasgada, usando técnicas de gultural e “scream”. É sempre um prazer assistir um show de um vocalista com essa versatilidade.

Rodrigo Oliveira também foi uma adição e tanto nesse supergrupo, tendo um diferencial que todo fã de bateria que se presa, ama; uma mão extremamente pesada. Cada arregaçada no bumbo e na caixa é o suficiente pra animar todas as moléculas do nosso corpo que amam o mais puro peso do metal.

Sendo a estreia ao vivo de Quesada nas guitarras, mesmo que já tenha criado diversas linhas de guitarra em estúdio pelas bandas que passou, ele entregou uma grande performance, com feeling, melodia, peso, tudo. Se esse show foi o teste pra guitarrista, ele está aprovado.

Sobre o show em si, as músicas apresentadas são versáteis. Tem as mais rápidas, as mais pesadas e as mais tranquilas e, aquelas que adoramos chamar de “balada” que acaricia o coração de qualquer “metaleiro”. O tempo infelizmente foi apertado e o show corrido, mas foi o suficiente para termos ideia do que vem por aí. A galera lotou o auditório onde estava alocado o palco Waves, aplaudindo e vibrando bastante com as músicas. E para a surpresa de muitos (ou surpresa nenhuma), For Tomorrow do Shaman entrou no repertório. Nesse momento, Hugo Mariutti foi chamado ao palco para complementar a banda. E claro, entregaram tudo na música.


Setlist:
1 – The One
2 – Something to say
3 – Searching for answers
4 – For Tomorrow (Shaman cover/ Com Hugo Mariutti)
5 – The old becomes de new
6 – Forgettable
7 – Us against them

O álbum da banda está disponível e em pré venda pelo site da Planeta Rock
https://www.planetarock.com.br/ready-to-be-hated/cd-the-game-of-us-ready-to-be-hated?fbclid=PAQ0xDSwKKNvJleHRuA2FlbQIxMAABp8_rX2ingp-wwOIf2XyDaz3MjgZ7GIlRJGQUaurxRnrW_Bh-9X7dFTrgrjen_aem_XtXfvnI8GGDlPYYzXf9paA


Kerry King
Logo de cara, Kerry King deixou claro que essa nova fase da carreira não é só um apêndice do Slayer. A apresentação que rolou no Brasil foi pesada, bem executada e, principalmente, cheia de atitude. Mas o que realmente fez o público se entregar de vez foi o jeito como ele mesclou o novo com o velho, sem depender da nostalgia, mas também sem ignorar as raízes que o trouxeram até aqui.

Se no começo a galera ficou meio travada, sem saber o que esperar, isso durou pouco. As quatro primeiras músicas do novo disco vieram com tudo, mas pareciam mais uma introdução do que uma explosão. A partir de
Two Fists, a resposta da plateia mudou. As rodas começaram a abrir e o vocalista Mark Osegueda mostrou por que é tão respeitado na cena.

Um dos momentos mais inesperados e bem recebidos foi quando a banda mandou um cover de
Killers, do Iron Maiden. Foi uma homenagem certeira a Paul Di’Anno e Clive Burr.

No meio do show, quando
Disciple começou, parecia que o chão estava tremendo. Foi um jogo de ritmo e agressividade que deixou tudo pronto pra chegada das clássicas. Quando as batidas pesadas de Raining Blood surgiram logo depois, ninguém segurou o corpo nem quem tava na pista premium. Na sequência veio Black Magic, colada sem pausa, como se fosse uma avalanche final.

O encerramento da noite foi com a faixa-título do seu novo trabalho,
From Hell I Rise. Nada de fechar com hino. A escolha foi um recado direto, o projeto novo veio pra ficar.

Kerry King provou que ainda tem muita munição, e se depender dessa estreia por aqui, o futuro do seu som continua tão agressivo quanto sempre foi, só que agora com nome próprio.

Setlist:
1 - Where I Reign
2 – Rage
3 - Trophies of the Tyrant
4 – Residue
5 - Two Fists
6 - Idle Hands
7 - Disciple (Slayer)
8 - Killers (Iron Maiden)
9 – Shrapnel
10 - Raining Blood (Slayer)
11 - Black Magic (Slayer)
12 - From Hell I Rise



Blind Guardian
Nem estava previsto, mas foi justamente isso que deixou tudo ainda mais especial. O Blind Guardian voltou ao Brasil e, mesmo sem disco novo ou turnê especial, fez um show memorável, daqueles que pegam a gente de surpresa e marcam pra valer. Os alemães chegaram como substitutos de última hora no festival, e mesmo assim, dominaram o palco como se estivessem ali desde o começo.

Logo nos primeiros minutos do show, quando mandaram “Imaginations from the Other Side” e emendaram com “Blood of the Elves”, o público já estava entregue. Não era sobre lançar algo novo, era sobre emoção, conexão e história. E isso o Blind Guardian tem de sobra.

O vocalista Hansi Kürsch, sempre simpático, comentou que também ficou surpreso com o convite pra voltar tão cedo ao mesmo palco do ano passado. Vale lembrar que, além do show no mesmo festival em 2023, eles ainda fizeram uma turnê própria aqui no fim do ano. Mesmo assim, a recepção foi calorosa como se fosse a primeira vez.

Os fãs mais fiéis foram presenteados com surpresas no repertório. Uma delas foi “Mordred’s Song”, que quase nunca entra nos setlists. Já a escolha de “Tanelorn (Into the Void)” pode ter dividido opiniões, com alguns sentindo falta de músicas do
Somewhere Far Beyond, principalmente depois da última turnê em que o álbum foi tocado na íntegra.

Se por um lado algumas músicas mais clássicas ficaram de fora, outras brilharam em versões que deixaram todo mundo arrepiado. “Time Stands Still (At the Iron Hill)” e “Into the Storm” foram dois dos pontos altos, com a plateia cantando alto e acompanhando cada verso como se estivesse num coral. A energia era tão intensa que ninguém se importou se Hansi alcançava ou não todos os tons das gravações antigas o público estava lá pra cantar junto e viver aquele momento.

Em “The Bard’s Song – In the Forest”, mal dava pra ouvir os instrumentos, os fãs assumiram o vocal com tanta força que parecia que a banda estava só acompanhando. Já “Mirror Mirror”, perto do fim, explodiu tudo. Na hora de se despedir, a banda brincou dizendo que não sabia quanto tempo restava. Foi aí que soltaram “Valhalla”, uma das músicas mais rápidas e antigas do repertório.

Depois de uma hora e pouco de show, ficou provado mais uma vez que o Blind Guardian não precisa de um grande motivo pra voltar ao Brasil. Voltam porque são amados, e porque, quando tudo parece dar errado, eles simplesmente aparecem e salvam tudo com música e carisma.

Setlist:
1 - Imaginations from the Other Side
2 - Blood of the Elves
3 - Mordred’s Song
4 - Violent Shadows
5 - Into the Storm
6 - Tanelorn (Into the Void)
7 - Bright Eyes
8 - Time Stands Still (At the Iron Hill)
9 - And the Story Ends
10 - The Bard’s Song – In the Forest
11 - Mirror Mirror
12 - Valhalla


W.A.S.P
Mesmo sem apelar para um setlist repleto de hits, o W.A.S.P. conseguiu emocionar os fãs ao revisitar seu primeiro disco, lançado há 40 anos. A banda, liderada pelo icônico Blackie Lawless, trouxe à tona a essência crua e barulhenta do início da carreira. O show teve ajustes de som no começo, o que causou um pequeno atraso, mas logo tudo funcionou. A ideia era clara, tocar o álbum de estreia na íntegra, faixa por faixa, respeitando a ordem original.

O público respondeu bem, principalmente em músicas como “I Wanna Be Somebody”, que iniciou o show com toda potência e emoção possível. “L.O.V.E. Machine” e a balada poderosa “Sleeping (In the Fire)”. Algumas faixas, no entanto, pareceram mais mornas, talvez pelo uso de vocais pré-gravados, algo que ficou perceptível em momentos como “The Flame” e “School Daze”.

Blackie já não tem a mesma presença explosiva de décadas atrás, afinal, o tempo passa para todo mundo, mas ainda carrega algo única, que só ele possui. Seu comportamento no palco hoje é mais contido, reflexo de mudanças profundas em sua vida. Se Lawless parece mais distante, o resto da banda compensa com entusiasmo de sobra. Doug Blair (guitarra) e Mike Duda (baixo e backing vocals) seguraram a onda com energia e presença de palco. O destaque, porém, foi o baterista brasileiro Aquiles Priester. Ao invés do solo tradicional, ele decidiu falar com o público. Em um momento sincero e emocionante, agradeceu aos fãs brasileiros e falou da importância daquele show para sua história, relembrando quando, ainda garoto, sonhava ao ouvir o W.A.S.P. nos anos 80.

Outro ponto incrível do show foi o uso de vídeos no telão. Eles surgiram só na metade da apresentação, e complementaram ainda mais, como em “Hellion”, com imagens antigas e de baixa qualidade da banda, ou nas faixas “Tormentor” e “The Torture Never Stops”, que ganharam climas especiais com cenas de filmes antigos e obscuros, reforçando a atmosfera sombria do repertório.

O encerramento, que fugiu um pouco do roteiro esperado, trouxe faixas do disco
The Headless Children
, incluindo o cover “The Real Me” e uma versão impactante da faixa-título, acompanhada por imagens pesadas da Segunda Guerra. Para fechar, vieram “Wild Child” e “Blind in Texas”, colocando um ponto final com energia e nostalgia.

Mesmo sem os exageros teatrais do passado, o W.A.S.P. entregou um show memorável, mais sóbrio, mais maduro, mas ainda poderoso o bastante para fazer os fãs cantarem como se fosse 1984 outra vez.

Setlist:
1 - I Wanna Be Somebody
2 - L.O.V.E. Machine
3 - The Flame
4 - B.A.D.
5 - School Daze
6 – Hellion
7 - Sleeping (in the Fire)
8 - On Your Knees
9 – Tormentor
10 - The Torture Never Stops
11 - The Real Me (cover de The Who)
12 - Forever Free (trecho)
13 - The Headless Children (trecho)
14 - Wild Child 15 - Blind in Texas



Avantasia
O encerramento do Bangers Open Air 2025 foi como já esperávamos. Fazendo história. Tobias Sammet fez uma “baguncinha” como só ele sabe fazer. O Avantasia subiu ao palco do Memorial da América Latina com uma apresentação cheia de energia, emoção e talento. O clima era de celebração desde o começo, e Tobias, com seu carisma de sempre, já deu o tom da noite: “Sempre que eu falar ‘São Paulo’ ou ‘Brasil’, quero vocês gritando comigo!”.

O show teve de tudo: fogo, luzes, estrutura de encher os olhos e uma sequência de participações especiais que fizeram a noite parecer uma verdadeira ópera do metal. Entre os convidados, Adrienne Cowan foi a primeira a impressionar. Logo na segunda música do set, “Reach Out for the Light”, ela mostrou potência e presença. Depois vieram nomes já conhecidos da galera: Tommy Karevik em “The Witch”; Herbie Langhans em “Devil in the Belfry”; e Eric Martin em “Dying for an Angel”, em um dueto marcante com Ronnie Atkins, que também cantou “Twisted Mind” e foi ovacionado mais uma vez depois de sexta-feira.



Um dos momentos mais intensos do show veio com a faixa “The Scarecrow”. Com quase 12 minutos, a música foi uma viagem à parte. O público estava tão entregue que até os celulares levantados pareciam congelados no tempo, como se todos estivessem tentando guardar aquele instante pra sempre. No total, seis músicas desse álbum foram tocadas uma boa dose para quem ama essa fase da banda, assim como eu.

Quando “Avalon”, do álbum mais recente
A Paranormal Evening with the Moonflower Society, foi anunciada, a reação não foi tão calorosa. Mas Tobias brincou, “Quando a banda toca música nova, finjam que estão empolgados, senão a gente para de fazer disco e não volta mais!”.



O clima seguiu alto, e em “Shelter from the Rain”, Jeff Scott Soto dividiu os vocais com Tobias num dueto poderoso, daqueles que causam arrepio de verdade. Foi a primeira vez que Jeff cantou com o Avantasia. Na sequência, Tobias anunciou “Let the Storm Descend Upon You”, mais uma música longa e emocionante que confesso, arrancou lágrimas de meus olhos.

O bis fechou com chave de ouro. A plateia cantou a todos pulmões “Lost in Space”, e, como já de costume, todos os vocalistas voltaram ao palco para um medley de “Sign of the Cross” e “The Seven Angels”. Foi um final épico. O sentimento foi de que todos sabiam que tinham vivido algo especial.

Setlist:
1 – Creepshow 
2 - Reach Out for the Light (com Adrienne Cowan)
3 - The Witch (com Tommy Karevik)
4 - Devil in the Belfry (com Herbie Langhans)
5 - Dying for an Angel (com Eric Martin)
6 - Twisted Mind (com Eric Martin e Ronnie Atkins)
7 - Avalon (com Adrienne Cowan)
8 - The Scarecrow (com Ronnie Atkins)
9 - The Toy Master
10 - Shelter from the Rain (com Jeff Scott Soto)
11 - Farewell (com Chiara Tricarico)
12 - Let the Storm Descend Upon You (com Herbie Langhans e RonnieAtkins)
13 - Death is Just a Feeling
14 - Lost in Space
15 - Sign of the Cross / The Seven Angels (todos os convidados no palco)

O Bangers Open Air 2025 foi uma montanha-russa de emoções do início ao fim. Cada dia trouxe algo único, com bandas que entregaram o melhor de si e plateias que corresponderam com paixão, energia e entrega total. Foi impossível não se emocionar, não se arrepiar, não se perder naquele mar de som pesado. Quando a última música do festival ecoou pelo Memorial da América Latina, ficou aquele silêncio cheio de significado que todo fã conhece bem. Ficou o gostinho de quero mais, a saudade instantânea e a certeza de que vivemos algo grandioso.
A boa notícia é que o Bangers Open Air voltará em 2026, e, com base na organização deste ano, podemos ter a certeza de que o evento continuará a ser um sucesso, com uma estrutura ainda mais aprimorada para receber os fãs de metal de todo o mundo. Que venha a próxima edição porque a gente já está contando os dias.

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