Bangers Open Air tem segundo dia imponente e cheio de emoção


Texto: Lênin Zanovelli
Fotos: Nay Sabino

No segundo dia do festival, a movimentação já dava sinais do crescimento do público. A fila para entrar estava significativamente maior em comparação ao primeiro dia. Ainda assim, o processo de entrada foi relativamente tranquilo. Ao conversar com o público, ouvi relatos que indicaram uma espera máxima de 30 minutos, o que, considerando o porte do evento, é bastante razoável.

Com pelo menos o dobro de pessoas em relação ao dia anterior, o clima era de empolgação e expectativa. Apesar do aumento expressivo no número de presentes, a infraestrutura se manteve firme, e a organização provou estar preparada. Foi visível que, mesmo diante dos desafios naturais de um grande festival, os acertos superaram os erros.

Burning Witches 
Debaixo de um sol escaldante, às 11h55 da manhã, as suíças do Burning Witches provaram que não é preciso esperar a noite cair para soltar a bruxaria. Com um show intenso e vibrante, a banda foi responsável por abrir o segundo dia do Bangers Open Air 2025 com uma energia que contagiou até quem ainda estava chegando ao Memorial da América Latina, em São Paulo. Para muitos, foi o verdadeiro “despertar metálico” do festival.

Formado em 2015, o grupo ganhou notoriedade internacional ao unir a sonoridade clássica do heavy metal, com influências de ícones como
Judas Priest, Dio, Accept e Warlock a uma pegada moderna, marcada por riffs cortantes, vocais poderosos e temas que transitam entre bruxaria, mitologia e empoderamento feminino. E foi exatamente essa fusão de tradição e atitude que as Burning Witches entregaram no palco, conquistando o público com uma apresentação matadora do início ao fim.

A performance em São Paulo reforçou por que a banda tem se consolidado como um dos grandes nomes do metal atual. Com músicas de discos como
Hexenhammer, Dance With the Devil e o mais recente The Dark Tower, o setlist foi uma verdadeira celebração da trajetória das Witches. Destaques como “Burning Witches”, “The Spell of the Skull” e “Unleash the Beast” incendiaram a plateia. Foi possível escutar de algumas pessoas frases como: “Vai ser difícil alguma banda superar esse show”, ou seja, já imaginam como foi o show né.

Mais do que técnica e presença de palco, o carisma das integrantes foi um fator determinante para transformar o show em um momento especial. A vocalista
Laura Guldemond, tem uma potência vocal invejável e uma presença de palco que domina qualquer um. Ela guiou o público como uma verdadeira sacerdotisa do metal, enquanto as guitarristas Romana Kalkuhl e Larissa Ernst distribuíam riffs e solos com muito peso e precisão. O entrosamento da banda ficou evidente.

Para quem acredita que heavy metal é terreno exclusivamente masculino, Burning Witches, assim como a banda Dogma do dia anterior, deixaram claro que o palco também é delas. E quando elas sobem, dominam com classe e fúria.

No fim, sob um sol impiedoso, o que ficou foi a certeza:
as bruxas chegaram cedo, e ninguém mais voltou a dormir depois disso.

Bônus: Algumas horas após o show, encontrei com elas assistindo ao show do Matanza Ritual no palco Sun Stage e fui extremamente bem recebido para uma foto com elas.

Setlist:
1 – Unleash the beast
2 – Dance with the devil
3 – Maiden of steel
4 – Nine Worlds
5 – Wings of steel
6 – Haxenhammer
7 – The spell of the skull
8 – The dark tower
9 – Lucid nightmare
10 – Burning Witches



H.E.A.T. 
O segundo dia do Bangers Open Air 2025, começou com tudo. De um lado tivemos um Heavy Metal matador e menos de 10 minutos depois tivemos o mais puro suco de Hard Rock, com muita animação e com calor de derreter a pele. No palco Hot Stage. Coube ao H.E.A.T. abrir os trabalhos, entregando uma apresentação enérgica, suada e apaixonada. O calor foi tanto que não demorou mais de 3 músicas para o vocalista da banda Kenny, arrancar sua jaqueta de couro.

Falando no vocalista, Kenny Leckremo é o vocalista original da banda e se juntou novamente ao grupo desde
Force Majeure (2022). A banda lançou recentemente o marcante Welcome to the Future (2025), que teve as faixas “Disaster” e “Bad Time for Love” incluídas no repertório.

O show contou com um pouco mais de uma hora de repertório e um set de onze músicas. Sete das faixas tocadas também estavam presente no repertório da estreia da banda no Summer Breeze em 2023.

Mesmo com a temperatura altíssima incomodando muito, a banda conseguiu fazer o público pular e agitar em 90% do tempo da apresentação. O único ponto talvez mais baixo do show, foi quando a música Living on the run foi tocada. A música foi executada de uma maneira totalmente morna, muito diferente da animação presente na versão original cantada pelo vocalista Erik Groonwall. Mas tenho certeza que o motivo para ter sido morno não foi pela música original ser cantada por outro vocalista, mas sim pelo cansaço perceptível que a banda apresentava.

O H.E.A.T entregou um show incrível e não seria nenhuma surpresa se estivesse presente novamente em 2026.

Setlist:

1 – Disaster
2 – Emergency
3 – Dangerous Ground
4 – Hollywood
5 – Rise
6 – Beg Beg Beg
7 – Back to the rhythm
8 – Bad time for love
9 – 1000 miles
10 – One by one
11 – Living on the run



Municipal Waste 
Municipal Waste subiu ao palco para encerrar a tarde de sábado no Ice Stage. A banda entregou um show espetacular para a surpresa de muitos, inclusive a minha. E digo isso não por duvidar da capacidade deles, mas por achar que nenhuma banda poderia fazer a galera entrar em mosh e “bangear” muito em um sol daqueles.

Foram mais de 20 músicas em menos de uma hora de show. 21 músicas mais precisamente. O vocalista da banda ainda enfatizou: “Somos a banda que mais vai tocar músicas neste festival”.

O vocal, Foresta, muito carismático e brincalhão, chegou até pedir "ervas" para a galera e pareceu se incomodar com quem estivesse apenas assistindo quieto no seu canto, inclusive chegou a pedir mais de uma vez que o público que estava fazendo as rodas, chegassem a quem não estava participando.

Musicalmente, o Municipal Waste foi incrível e direto em sua proposta de thrash metal. Fez um show com muito peso e carisma.

Setlist:
1 - Garbage Stomp
2 - Sadistic Magician
3 - Slime and Punishment
4 - Breathe Grease
5 - Grave Dive
6 - You’re Cut Off
7 - The Thrashin’ of the Christ
8 - Poison the Preacher
9 - Wave of Death
10 - High Speed Steel
11 - Restless and Wicked
12 - Crank the Heat
13 - Mind Eraser
14 - Under the Waste Command
15 - Beer Pressure
16 - Thrashing’s My Business… And Business Is Good
17 - I Want to Kill the President
18 - Wrong Answer
19 - The Art of Partying
20 – Demoralizer
21 - Born to Party


Sonata Arctica 
Quando a introdução de “One Day” (cover de Hans Zimmer) começou a tocar, os fãs se aproximaram em rapidamente. Chegou a vez de uma das bandas mais queridas do power metal, Sonata Arctica. Eles tomaram conta do palco do Hot Stage e fizeram um show digno de aplausos.

A banda executou um setlist que passou por diferentes fases da carreira e logo após a intro, levantou e manteve toda a plateia animadíssima. Um dos momentos mais marcantes do show, foi quando Tonny Kakko sentou-se no palco enquanto uma imagem da banda era exibida no telão. O cenário deu a deixa para
“Replica”, que arrancou muitas lágrimas dos olhos que pude observar.

Tony teve uma fala muito importante em um momento do show que não podemos deixar de lembrar.
O incentivo à cena local. Ele pediu apoio às bandas nacionais e às casas de shows brasileiras, reforçando a importância de manter vivo o ecossistema da música ao vivo, uma fala que foi muito aplaudida e ovacionada pelo público.

O show se encerrou com
“Vodka”, deixando todos em clima de festa e com aquele gosto de quero mais que somente um show solo e completo pode oferecer.

Embora nem todas as fases da banda tenham agradado integralmente aos fãs mais “fiéis”, é inegável que seu legado permanece sólido. No Bangers 2025, eles reforçaram esse vínculo com uma apresentação
emocionante, enérgica e cheia de personalidade.

Setlist:

1 – First in line
2 – Dark empath
3 – I have a right
4 – San sebastian
5 – Replica
6 – My land
7 – Fullmoon
8 – Wolf & Raven
9 – Dont say a word
10 – Vodka 


Kamelot 
A banda americana retorna ao país pela sexta vez. Desta vez para incendiar o Bangers Open Air 2025 com dois shows. A parte do front row ou pista premium se preferirem, ficou lotada antes mesmo da banda subir ao palco.

Com uma entrada
chamativa, a convidada Melissa Bonny (Ad Infinitum) abriu o show ao som de “Veil of Elysium”.

Apesar da passagem recente pelo país em 2023, esta nova visita teve um diferencial importante: agora, com o álbum
“The Awakening” já lançado, o grupo pôde explorar faixas novas sem medo e com uma boa resposta da plateia. Melissa Bonny retornou ao palco para dividir os vocais em “New Babylon”, faixa do disco mais recente que foi cantada em plenos pulmões pelos fãs.

A apresentação seguiu com bons clássicos como
“Karma” e “Center of the Universe”, o baterista Alex Landenburg, inclusive introduziu um trecho de “Tom Sawyer”, do Rush, e seguiram para “March of Mephisto”, um dos sons mais icônicos da banda.

As ultimas músicas tiveram muita emoção.
“Forever” foi cantada pelos fãs com muita vontade e, ao som de “One More Flag On The Ground”, Tommy Karevik ergueu a bandeira do Brasil, arrancando muitas lagrimas e aplausos.

O primeiro show das duas apresentações esperadas do Kamelot foi
um dos mais emocionantes. Um espetáculo cheio de força que só mostra o carinho da banda pelo Brasil e vice-versa.

Setlist:

1 – Veil of Elysium
2 - Rule the world 
3 - Insomnia
4 – When the lights are down
5 – New babylon
6 - Karma
7 – Solo de bateria
8 – March of mephisto
9 – Solo de teclado
10 - Forever
11 – One more flag in the ground
12 – Liar Liar (wasteland monarchy)



Saxon 
Finalmente chegou a hora do Saxon, uma das bandas mais tradicionais do heavy metal. Foi possível ouvir pessoas conversando antes do show e dizendo que estavam ali somente por eles. Embora os anos tenham roubado um pouco da sua energia, a banda não deixou de entregar um show digno de lendas do metal.

Como já era de se esperar, pelo tempo curto de apresentação, ao invés de focar apenas no álbum
Wheels of Steel (1980), que estava sendo tocado na íntegra em outros shows, o Saxon optou por mesclar os classicos, trazendo músicas de toda sua carreira, incluindo o trabalho mais recente, Hell, Fire and Damnation (2024). A faixa-título inclusive abriu o show e logo em seguida já tocaram as poderosas “Power and the Glory” e “Motorcycle Man”.

Biff Byford tem facilidade em se conectar com seu público, no meio do show ele chegou até usar um colete jeans que recebeu do público. Sabe aquele coletinho que muito fã de metal usa com estampas de suas bandas preferidas? Foi esse mesmo que ele recebeu e usou sem problema algum.

Foi impossível ficar parado e não curtir “Crusader” e “Princess of the Night”, que fecharam o show de maneira emocionante. Acredito que ninguém esperou menos deles, um show digno de respeito, uma aula de heavy metal.

Setlist:
1 – Hell, fire and damnation
2 – Power and the glory
3 – Motorcycle man
4 – Madame guillotine
5 – Heavy metal thunder
6 – Strong arm of the law
7 – 1066
8 – Denim and leather
9 – And the bands played on
10 – 747 (strangers in the night)
11 – Wheels of steel
12 – Crusader
13
– Princess of the night



Powerwolf 
O Powerwolf foi uma atração muito aguardada pelo público também. Embora o power metal tenha perdido um pouco de força nos últimos tempos de acordo com os fãs e não fãs do estilo, pudemos perceber que ele está mais vivo do que nunca. Não é atoa que foi maioria e dominou os palcos principais nos dias principais do Bangers. E o Powerwolf não foi diferente.

A banda, guiada pelo seu irreverente e carismático frontman, Attila Dorn, apresentou um show com muitos momentos de interação com o público. O show contou com 15 músicas e 1h15min de apresentação.

O cenário é cuidadosamente montado para lembrar uma catedral gótica em ruínas, com imagens de lobisomens sedentos por sangue, criando uma atmosfera sombria e teatral. Os membros da banda se apresentam com vestes que remetem a trajes clericais, reforçando a estética de uma missa metálica.

O Powerwolf conseguiu abraçar a multidão com sua presença de palco, especialmente Dorn, que a todo momento instigava o público a dançar e cantar. E o público não decepcionou, principalmente em músicas mais conhecidas como “Sainted by the Storm” e “Demons Are a Girl’s Best Friend”.

A banda tem uma boa base de fãs, o que ficou claro pela presença de várias pessoas com camisetas deles no festival e presentes nas áreas frontais da pista e do front row.

No geral, foi um show bem consistente e que nos fez matar a vontade de vê-los por um tempo. A banda com certeza voltará em outras ocasiões.

Setlist:
1
- Bless 'em With the Blade
2 - Incense & Iron
3 - Army of the Night
4 - Sinners of the Seven Seas
5 - Amen & Attack
6 - Dancing With the Dead
7 - Armata Strigoi
8 - Sainted by the Storm
9 - Heretic Hunters
10 - Fire and Forgive
11 - Werewolves of Armenia
12 - Demons Are a Girl’s Best Friend
13 - Blood for Blood (Faoladh)
14 - Sanctified With Dynamite
15 - We Drink Your Blood



Sabaton 
O Sabaton, banda conhecida por contar várias histórias de guerras através de um som poderoso e bem característico, teve uma apresentação com momentos de brilho e outros de menor impacto no Bangers, mas isso com certeza não impediu a banda de apresentar um ótimo show. A banda costuma misturar metal com temas históricos e subiu ao palco com seu estilo já conhecido, mas demorou um pouco para pegar no tranco.

Foi só mais pro final do show que o clima realmente esquentou. A emoção tomou conta de todos os presentes, até aqueles que não conheciam muito bem a banda. "Christmas Truce", música que fala sobre um momento raro de paz em meio à Primeira Guerra Mundial emocionou a plateia, que bem envolvida, levantou as lanternas dos celulares e transformou o Memorial da América Latina em um cenário mágico. Joakim Brodén, o vocalista, aproveitou esse clima mais reflexivo pra mandar um recado importante sobre os erros que a humanidade insiste em repetir. Foi, sem dúvida, o ponto alto do show.

Antes disso, o show foi se construindo aos poucos. O início teve energia, mas sem grande impacto. As primeiras músicas não empolgaram tanto, e dava pra ver no rosto do público. “Stormtroopers”, no entanto, foi um dos primeiros momentos em que a galera realmente vibrou, com o público cantando em coro e pulando junto.

A banda resolveu tocar “Carolus Rex” em sueco e isso deu uma esfriada no clima. Parecia que a empolgação tinha dado lugar a uma certa impaciência. No entanto, ouvi o público comentando que um cartaz no meio da multidão surgiu com a fala: “Play the fast shit!”. A banda pelo visto entendeu bem o recado. A partir dali as músicas ganharam mais velocidade e peso e o público já se envolveu novamente no show.

A produção do show foi de certa maneira simples. Teve algumas explosões e fumaça, mas nada muito exagerado. O que chamou mais a atenção foram as luzes, como no vermelho intenso de “The Red Baron” ou na grande homenagem aos soldados brasileiros em “Smoking Snakes”, que fez o vocalista segurar uma bandeira do Brasil com uma cobra e um S no meio da bandeira.

Outro momento inusitado da noite foi quando Brodén apareceu no palco com uma guitarra cor de rosa da Hello Kitty para tocar o riff de "Master of Puppets", do Metallica. Foi possível perceber a plateia rindo e se divertindo com a cena e como já era de se esperar, aplaudindo com força. Em “Resist and Bite”, o público enlouqueceu. Todo mundo estava em êxtase.

No fim das contas, o Sabaton mostrou o motivo de ser uma banda tão respeitada mundo afora. Eles sabem como levar o público.

Setlist:
1
- Ghost Division
2 - The Last Stand
3 - The Red Baron
4 – Bismarck
5 – Stormtroopers
6 - Carolus Rex (versão sueca)
7 - Night Witches
8 - The Attack of the Dead Men
9 - Fields of Verdun
10 - The Art of War
11 - Resist and Bite (com trecho de “Master of Puppets” do Metallica)
12 - Soldier of Heaven
13 - Christmas Truce
14 - Smoking Snakes
15 - Primo Victoria
16 - Swedish Pagans
17 - To Hell and Back

No segundo dia de festival, foi possível explorar melhor o funcionamento de toda a estrutura do festival. A movimentação e fluxo de pessoas para os outros palcos e outras partes do evento ocorreu de maneira tranquila, mesmo com a grande quantidade de público. O evento contou com uma boa variedade de food trucks e tendas para alimentação. Contou também com vários stands que ofereciam diferentes opções de compras. Mimos, cds, revistas, discos, roupas, acessórios e por aí vai.

Um dos destaques do evento com certeza foi o palco waves sendo montado dentro do Auditório Simón Bolívar. Um auditório com mais de 1.000 metros quadrados e capacidade para até 700 pessoas. O lugar além de contar com um som excepcional, até mesmo por estar dentro de um auditório, contou com uma questão que aliviou muita gente nos dias mais quentes do festival, um ar condicionado maravilhoso e cadeiras confortáveis.

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