[CRÍTICA SEM SPOILERS] Ahsoka Tanos arrisca pouco, mas petisca muito

 

Stars Wars é uma daquelas franquias “ame ou odeie”. Nos últimos anos a franquia foi ressuscitada com a nova trilogia que conta com Rey como protagonista. E em meio à guerra dos Streamings, a Disney com a sua própria plataforma não ia ficar de fora com tantas franquias de sucesso em mãos. O problema é que para manter assinantes fiéis e a plataforma relevante, o estúdio exagerou na dose, a ponto de deixar os fãs saturados de tanto Star Wars e Marvel.

Mandalorian começou bem e é provavelmente o produto da franquia mais bem sucedido atualmente. A mini-série de Obi Wan foi do nada para lugar nenhum, apesar de termos adorado ver McGregor retornar ao papel. Andor foi excelente, mas pouco divulga e pouco falada. Uma série subestimada até.

A mais recente empreitada da saga espacial foi a série Ahsoka Tano. Jedi que foi treinada por ninguém menos que Anakin Skywalker tantos anos antes. Vale apontar aqui, que a série foi dirigida por Dave Filoni, que também foi responsável por The Mandalorian. E talvez justamente por isso fomos presenteados com um dos melhores produtos de Star Wars já feito.

A série se passa após a queda do Império Galáctico, acompanha Ahsoka (Rosario Dawson), que investiga uma ameaça à galáxia. Após ouvir rumores sobre o retorno do herdeiro do Império e parte em uma perigosa missão para encontrá-lo. Para ajudá-la nessa busca, ela conta com o apoio de Sabine Wren (Natasha Liu Bordizzo), uma Mandaloriana teimosa e que se isolou depois dos eventos da série animada em que Ezra Bridger derrotou Grand Admiral Thrawn (Lars Mikkelsen) que desapareceram e foram dados como mortos.

Com os rumores do possível retorno de Thrawn, a antiga Jedi está confiante que a ameaça imperial ainda vive e começa a busca pelas pistas que recebeu da localização do antigo General. Ahsoka precisa fazer as pazes com Sabine, recrutar Hera Syndulla (Mary Elizabeth Winstead) para esse antigo grupo e tentar desvendar as pistas dadas por uma informante sobre o paradeiro do General Thrawn enquanto os também vilões Baylan Skoll (o falecido Ray Stevenson em um dos seus últimos papéis), Shin Hati (Ivanna Sakhno) e Morgan Elsbeth (Diana Lee Inosanto) também estão em busca dessas mesmas informações. 

Pode parecer muita coisa até para o roteiro de uma séria onde há mais tempo para desenvolver a história. Mas ele consegue ser ágil, e enquanto Ahsoka precisar parar para coisas mais cotidianas como consertar uma nave, a trama continua no lado dos vilões. Não há tempo a perder. Ainda há espaço para Ahsoka reviver um pouco de seu passado, e ter diálogos maniqueístas ou sobre a filosofia da Força com seus companheiros. Para alguns, Dave Filoni é uma bênção e o talvez o produtor que mais entenda o espírito da saga, mas, ao mesmo tempo, há quem considere esse justamente o problema. Seu vínculo com a saga é tão grande que Filoni não costuma arriscar muitas coisas novas e prefere apostar no que já funciona. Para o bem ou para mal, no final do dia, a qualidade da série é indiscutível e é isso o que queremos ver, boas histórias sendo contadas dentro desse universo.

Para começar, não. Não é necessário ver qualquer série animada para a compreensão da série, (mas ajuda). Esse foi o primeiro grande acerto da série. O elenco foi absolutamente bem escalado, principalmente Dawnson que se entrega de corpo e alma à personagem. Os vilões são ameaçadores, mas, ao mesmo tempo, todos são contidos, calmos, frios e estratégicos. Especialmente Thrawn e Lorde Baylan. Ao não permitir a figura caricata e exagerada dos vilões de ficção, eles se tornam muito mais humanos e, portanto, assustadores.

Naves colossais, lutas épicas e bem coreografadas com muitos sabres de luz, planetas. Ahsoka tem tudo o que sempre fez de Star Wars, o Star Wars. Huyang, o fiel dróide da Jedi é mais um personagem robô carismático da saga, assim como as diversas criaturas presentes, em especial, aquelas da tribo que cuidaram de Ezra (não achei o nome delas). A franquia sempre foi única e original em imaginar criaturas carismáticas e diferentes o bastante para vender bichos de pelúcia e funkos. Mas quem disse que não gostamos disso?

Ahsoka foi um acerto de altíssima qualidade e a coloca como uma personagem fundamental da saga, posição que até então era quase ignorado pela maioria. Ao final de sua temporada de estreia deixa não apenas várias pontas soltas para uma 2ª temporada, mas que deixa o espectador ávido por mais. A importância e o futuro de Ahsoka são muito promissores. Dave Filoni já é considerado há algum tempo um dos salvadores da franquia. Com Ahsoka, ele prova e mantém seu status tanto para com os fãs quanto para a própria Disney. O futuro de Filoni pode e deve ser muito promissor, garantindo uma posição de ídolo ao nível de Jon Favreau. E com isso, só temos a esperar por uma próxima temporada. Ainda bem que a greve em Hollywood acabou.

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