Conheça 5 discos nacionais lançados em 2019

Encartes, artes, posts de divulgação e assessoria no formato DIY. Esse é um resumo de diversos discos nacionais que estão na minha lista de sons para ter ouvido ao longo do ano, também devo deixar claro que busco fugir das listas convencionais de final de ano, focando em artistas não tão populares, também fugindo do óbvio, salvo alguma exceção. Todos os discos dessa lista tiveram alguma matéria anterior na coluna de "Lançamentos".

Joana Castanheira - Para

Com certeza fora de diversas listas de "melhores do ano", simplesmente pelo fato de não estar no mainstream, Joana Castanheira lançou, para mim, aquele foi o disco de 2019, encabeçando a lista.

"Para" é um disco totalmente DIY, com encarte simplista, título escrito a caneta, assim como a tracklist no verso da capa e ficha técnica, na parte interna. Já a letra de cada música foi escrita em papel manteiga, com uma dedicatória escrita a mão, na parte superior do CD e cada um continha uma história sobre sua vida (também escrita em papel manteiga), a história enviada para mim está aqui. Às vezes me dá uma crise de tweets e eu apago eles, mas minhas fotos do disco estão aqui.


Fresno - Sua Alegria Foi Cancelada

No meio de Junho, a banda Fresno simplesmente arquivou todos seus posts do instagram e começaram a trabalhar na divulgação PESADÍSSIMA do próximo disco da banda, intitulado Sua Alegria Foi Cancelada

Dez músicas fazem parte do disco, que ainda não sabemos se terá uma versão Deluxe, sendo algumas conhecidas, como Natureza Caos, De Verdade e Convicção. O disco marca a volta da banda uma gravadora, depois de saírem da Universal Music em 2011 e lançarem alguns discos e DVD de forma indepedente, eles assinaram com a BMG Brasil dois dias antes de divulgarem o novo disco nas redes sociais.


Entre as participações na música, clipe ou arte estão: Hel, Maju Trindade, Keops e Raony, Samira Close, Ewerthon Marcelino, Gabriel Reis Müller, Jade Baraldo e Tuyo.


O Arrocha Mais Triste Do Mundo abre o disco fazendo nome ao jus de tristeza, tanto na letra, quanto em seu instrumental e tons vocais lentos e melancólicos, mas trazendo uma mensagem profunda e doída, na madrugada chuvosa de seu lançamento, ela é como uma facada no peito e certamente faz o ouvinte refletir sobre pontos e relações de suas vidas. Já em contraponto, We'll Fight Together apresenta uma das faixas mais rockeiras das bandas e do disco, junto com as já conhecidas Natureza Caos e Convicção.

Isso Não É Um Teste pode ser considerada a "faixa política" do disco "Isso não, isso não é um teste, nãoÉ o real mais estranho que a ficçãoÉ só o resto do que restou de nósÉ o ruído que encobre a nossa voz" representa muito o dia de hoje, assim como o trecho "Esses projéteis em nossa direçãoSão frutos da nossa imaginação." no momento em que mãos sinalizando uma arma aparece no lyric video (isso te lembra alguém?) protagonizado por Samira Close, ideal numa imensa onda de preconceito de quem nos governa e de quem segue suas ideias.

Faixa-a-faixa completo aqui.


Limbo - Vício Contemporâneo

Produzido e gravado pelo produtor Daniel Mazza (Extremo & Orgânico), o disco contém 7 músicas e marca uma nova fase da banda, num processo de 1 ano e meio, que foi essencial para cada detalhe do álbum, seja das músicas, produção de videoclipe ou até mesmo da arte feita no Korvo Studio.

Para João Manfrinato, Mazza foi chave essencial para tudo isso, ensinou muita coisa para nós e abraçou a essência da banda. Todo o método dele, desde a pré-produção, foi insano de bom, foi uma experiencia muito doida, dormimos no estúdio dele, ficamos falando varias merdas, demos risadas, foi um zoando o outro o dia todo, tudo isso fez com que a gente se divertisse com as gravações e nos fez extrair o nosso máximo, pois estávamos muito à vontade naquele ambiente.


Never Too Late - Yellow Days

Com grande parte das composições sendo feitas por Gustavo Kalili, o disco nasceu da depressão sofrida, mas também curada do vocalista, que começou a compôr logo após isso, contando sobre em tópicos como depressão, suicídio, insônia, a (possível) causa, ápice da doença, mas também como se reerguer e se livrar do mal do século.

Se a ideia (que veio depois das letras) de criar algo conceitual na ordem das músicas não rolou, outro tipo de conceitual foi criando, tanto na bipolaridade frequente na capa, quanto na ordem das músicas, que contam com uma música mais leve e outra mais pesada se intercalando.

Em release oficial, Rodrigo Simonetti disse o seguinte: “Nesse disco falamos sobre saúde mental, ansiedade e depressão. Portanto queremos que todos possam ouvir a mensagem e passá-la para frente. O mais importante é que quem estiver passando por momentos parecidos, saiba que é normal, que busque ajuda e entenda que não está sozinho” e a banda deixa claro querer ajudar e ouvir as pessoas, seja público da banda ou não, pessoalmente ou na rede social que preferir.

Venomous - The Black Embrace


Sobre o álbum, Gui Calegari, idealizador da banda, comentou sobre a densidade musical contida nele, feito numa época em que o guitarrista passava por uma fase muito difícil, mas que, como dito na dedicatória para a imprensa, The life finds A way.

Gravado no estúdio Dual Noise (SP), com produção de Rogerio Wecko e do próprio Venomous, o disco The Black Embrace leva o grupo paulistano, que já tem tour marcada pela Europa durante os meses de Outubro e Novembro. “Trouxemos referências nunca usadas na banda, até por usarmos guitarras de sete cordas pela primeira vez. Tem um pouco de tudo o que fizemos, mas levando a um novo patamar e explorando novas facetas que estão no segundo álbum”, disse Ivan Landgraf.



EXTRA - Edy Star: "Sweet Edy"

Em 2019, um dos discos mais raros da música brasileira ganhou uma nova prensagem, sendo primeiro a ser feito em efeito holográfico. Os responsáveis por isso são os selos Record Collector Brasil e 180 Selo Fonográfico, com fabricação foi feita pela Vinil Brasil.

Quando o LP “Sweet Edy” foi lançado, teve uma excelente aceitação por parte da crítica especializada, principalmente em veículos de teor contracultural. Entretanto, não obteve boas vendagens. Um disco assumidamente gay não foi recebido com bons olhos pelo público conservador em meio à ditadura militar. Porém, com o passar dos anos, foi sendo redescoberto e tornou-se objeto de culto. Fora de catálogo por décadas, hoje um exemplar original pode atingir valores de até quatro dígitos entre os colecionadores.

No ano em que completa 45 anos de lançamento, a nova edição expandida volta a colocar o LP sob holofotes. Ainda inédito nas modernas plataformas de streaming, é um álbum que segue sendo atual e merece uma revisão crítica, visando situá-lo de maneira mais adequada na história da música brasileira. Um verdadeiro tesouro escondido da maior parte do público.




As novidades da edição de 45 anos

A reedição histórica de “Sweet Edy”, lançada pelo selos Record Collector Brasil e 180 Selo Fonográfico, conta com uma série de acréscimos que enriquecem consideravelmente a experiência dos colecionadores e audiófilos. O áudio foi remasterizado a partir da fita master da Som Livre e o corte do acetato foi realizado nos Estados Unidos. Todo um cuidado que garantiu uma qualidade sonora superior ao original de época, fato atestado pelo próprio artista. A fabricação foi realizada em São Paulo, pela Vinil Brasil. A empresa, que busca excelência em qualidade de áudio, também investe em desenvolvimento de novas tecnologias para formato analógico. Atenta ao projeto, ofereceu aos realizadores a possibilidade de produzir um LP com efeito holográfico, completamente inédito na história da indústria fonográfica brasileira. Quando a luz incide sobre a superfície do disco, revela prismas e fractais multicoloridos que formam um efeito de arco-íris quando é colocado para tocar.
A parte gráfica também ganhou um tratamento especial. A versão original contava com capa simples e um encarte de verso branco. Agora, o LP vem com uma capa dupla (gatefold), repleta de fotografias feitas na época por Antonio Guerreiro. O novo encarte reproduz o formato idealizado por Edy em 1974: com duas dobras e um bilhete do artista no verso. Foi incluído ainda um encarte adicional de 4 páginas, contando a história do disco e ilustrado com fotos inéditas. Para completar, há um pôster do cantor.
“Sweet Edy” foi precedido por um compacto. As duas músicas do disco de 7 polegadas foram incluídas como faixas bônus. Fato que torna a reedição histórica ainda mais completa, tornando-se o documento definitivo dessa obra. O LP foi prensado em vinil azul translúcido de 180 gramas e tem tiragem limitada e numerada de apenas 500 exemplares.

Esse resgate histórico é realizado pelos selos Record Collector Brasil e 180 Selo Fonográfico. Ambos já foram premiados pelo trabalho cuidadoso de resgate de raridades da música brasileira. O disco já chega como um dos lançamentos mais marcantes de 2019. Matéria completa aqui.
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