Conheça 16 discos nacionais lançados em 2017


Mais um ano está chegando ao fim e, seguindo nossa tradição, resolvemos listar (em ordem de lançamento) alguns discos nacionais lançados no ano de 2017. Mostrando toda a diversidade de som, dentro do rock nacional, artistas como Gross, Paulo Miklos, Macaco Bong, Tim Bernardes, Vanguart, Nevilton, Bratislava, Esteban Tavares, Far From Alaska e muito mais estão nessa matéria, acompanhados de uma mini-resenha e (se for possível) o disco na íntegra para todos ouvirem.

Deb and the Mentals - Mess 

Uma das gratas surpresas do ano, a banda traz um rock direto, despojado e repleto de influencias dos anos 90, instrumentais como Nirvana, Mudhoney e vocais destacados, liderados por Deb, mas também traz momentos mais leves, como a acústica Evil Sea. com membros que colecionam passagem por grupos como End Hits, P.U.S, Debbie and The Rocketeers, Veronica Kills e Water Rats.

Gravado no Estúdio Costella, o Mess foi todo masterizado por Justin Schturtz, do renomado estúdio Sterling Sound, em Nova York, e traz participações dos guitarristas Rick Mastria (atual Dead Fish, ex-Sugar Kane) e Rafael Brasil (Far From Alaska), do baterista André Dea (do Sugar Kane, ex-Vespas Mandarinas), da baixista Alê Briganti (Pin Ups) e de Capilé (que produziu o disco, é padrinho da banda e deu a música Insivible Twin).


Em entrevista para o TMDQA, Giuliano Di Martino descreveu o som como "Acho que um punk-rock-alternativo-com-influências-de-new-wave-hard-rock-sem-obrigação-de-ser-rock (risos) ou a típica resposta: 'sabe o Nirvana? então, temos uma pequena influência.'"

Texto por: Elio Sant'Anna


Vanguart - Beijo Estranho 
Quatro anos depois do seu último disco lançado, a banda trabalhou forte, trazendo letras mais maduras, instrumentais e até mesmo clipes mais elaborados para Beijo Estranho, lançado pela Deckdisc no primeiro semestre. Ele nasce do estilo de composição diferente entre Helio, Reginaldo e até mesmo faixas criadas pelos integrantes da banda, de forma unida, algo que vimos também na parte instrumental, como no teclado e violino da faixa-título.

O resultado de tudo isso, composições instrumentais e poéticas, é o melhor que poderia sair. Ao comentar com a Fernanda sobre adquirir o vinil do disco anterior, ela disse "espera sair o próximo, vai valer muito a pena" e de fato, mesmo sendo diferente dos anteriores, é um diferente bom, se tornando o melhor da trabalho da banda. Os anos e toda a experiência nos estúdios e nas estradas fizeram muito bem a todos eles.



Texto por: Elio Sant'Anna




Hammerhead Blues - Caravan Of Light 

Depois de já ter postado os 15 discos, resolvemos acrescentar esse bônus, que é justo estar na lista, mas virou bônus por já termos divulgado o link da matéria e agora ser difícil alterar o mesmo.

Lançado no final de Abril, a Abraxas trouxe ao mercado o primeiro disco da Hammerhead Blues, uma das grandes novidades e referência que mescla stone, hard, psicodelia e muito mais no clássico power trio blueseiro, algo marcante nos anos 70.

Sendo bem executado, todas as 9 faixas do disco com certeza agradarão o público que curte todos os esses gêneros citados, regados de riffs, solos e partes instrumentais que prendem quem está ouvindo, tanto no disco de estúdio, quanto em diversos shows que já cobrimos da banda.

Texto por: Elio Sant'Anna




GROSS - Chumbo & Pluma 
Com um conceito totalmente diferente do primeiro trabalho, C&P nos traz um ambiente diferente como se estivéssemos numa mesa de bar, dialogando com o trio. Há a impressão de que Marcelo se ouviu e ouviu seu redor para compor sobre si e sobre a vida, num aspecto geral. Com 1h30 de duração que passam despercebidas, não podemos negar o que está diante de nossos olhos, ou melhor, ouvidos: um dos melhores trabalhos do gaúcho e sua trupe, com músicas sinceras e confessionais, dando uma chance para o fã se sentir mais próximo à banda. Entre momentos de tempestade e calmaria, entre tantas outras comparações que podem ser feitas para evidenciar a separação do álbum, é notória a grande gama de influência que ajudaram neste disco: soul, black, blues, britpop, grooves marcantes, Keith Richards, Neil Young, anos 70 e muitas outras coisas que passam dentro da cabeça desse multi-instrumentista que nos apresentou uma nova face.


Texto por: Millena Kreutzfeld


Esteban Tavares - Eu, Tu e o Mundo
Você pode não gostar do estilo musical de Esteban Tavares, mas não pode discordar de todo o seu talento musical. Desde a saída da Fresno, em 2012, foram lançados três discos (dois com ele tocando todos os instrumentos - com exceção em uma ou duas faixas - e um terceiro com banda completa, mas os takes essenciais de cada música feitos por ele mesmo.

Lançando de uma maneira diferente, em cada semana era divulgada uma música nova, trazendo primeiros os singles Noites de Berlim, Primeiro Avião e Basta, durante o mês de Maio e em Junho, uma versão completa do disco, somente em mídia digital.


Apesar de não ter o CD físico, toda a fã-base do artista foi essencial para muitas faixas do disco dominar os virais do Spotify e, mais recentemente, entrar em rádios gaúchas.


Músicas alegres (como Primeiro Avião e Partindo), melodias dramáticas (como Noites de Berlim), letras tristes (como Basta e Sétima Maior) e toda uma variedade de instrumentos, trazendo acordeon, guitarra, violão, teclado, entre outros, são as essências ao longo das 14 faixas lançadas (4 que passaram uma nova roupagem e 10 inéditas em estúdio).


 A resenha faixa-a-faixa, feita por nós e divulgada pelo Esteban, pode ser lida aqui.



Texto por: Elio Sant'Anna




Bratislava - Fogo 

Lançado logo após o feriado, dia que ouvimos uma audição fechada do disco "Fogo", que começou a ser gravado em Agosto de 2016 e traz oito letras inéditas, tanto no quesito de nunca ter sido lançada como de não ter sido feita antes de todo esse processo, onde falam sobre pensamentos e vivência que passaram nesse período.


Sintetizadores e solos de guitarra, mostram Enterro, faixa de abertura e talvez a música mais rockeira do disco, que foi inspirada na tragédia de Mariana, maior desastre ambiental da história do Brasil. A música tem participação Gustavo Bertoni (Scalene). 

Em contraponto com uma das faixas mais pesadas do disco, ele inverte toda a energia. trazendo calmaria e paz, como se fosse um sonho. Esse deve ser um dos objetivos da música, que fala sobre estar distraído, numa brisa boa, renascer e viver sempre Sonhando

Após o caos em Amor & Chumbo, o disco segue com Trancado e sua calmaria, desde as batidas leves da bateria até a calmaria trazida pela voz de Victor Meira. A letra é um pedido para deixar entre no peito, ter envolvimento com as emoções de um peito que está trancado e ignorando todas as palavras.

Toda a resenha do disco, faixa-a-faixa, pode ser lida aqui.




Texto por: Elio Sant'Anna


Letrux - Em Noite de Climão
Sincero, ácido, sedutor, irônico e romântico, o "Em Noite de Climão" traz histórias de uma vida noturna que muita gente viveu: amores platônicos, amores duvidosos, lances imaginários, flertes fatais, entre outras tantas coisas. Ressaca amorosa, pop e dance music, muitas variáveis, montam um disco eletrônico, finalmente. A poética vale mais que algumas melodias. 


Texto por: Millena Kreutzfeld


OTTO - Ottomatopeia
Depois de um hiato de 5 anos, Otto lançou seu sexto disco, trazendo 10 músicas inéditas e parcerias com Roberta Miranda e Andreas Kisser. Amor continua sendo o tema principal é através do amor, ele vai abrangendo tudo e falando sobre a vida. O nome do disco foi sugestão de um amigo sérvio, mas serve também para analisar que há um Otto mais cru, sincero e eclético nas músicas, mostrando seu verdadeiro eu, seguro de si e de sua arte.


Texto por: Millena Kreutzfeld


Far From Alaska - Unlikely 
O quão improvável poderia ser um projeto paralelo de Natal, gravar dois discos em inglês, alcançar projeção nacional/internacional e gravar em Oregon, com a responsável por assinar bandas como System of a Down, Red Hot Chilli Peppers, Tool, Prince e Johnny Cash? Isso é Unlikely, isso é Far From Alaska.

Mas algo que não seria improvável é ouvirmos sons pesados, uma bateria pesada, as músicas regadas de riffs (tanto por parte de Rafael Brasil, quanto pela Cris Botarelli e os guitar slides), crescentes instrumentais, vocais e os sintetizadores.


Quem escutou modeHuman não poderia esperar menos e, com certeza, Unlikely é uma das melhores coisas já feitas, não só esse ano, como em todo o cenário nacional.



Texto por: Elio Sant'Anna




Paulo Miklos - A Gente Mora no Agora

Paulo abriu o coração nesse primeiro disco solo após a saída dos Titãs. Acontecimentos pessoais e profissionais são assuntos recorrentes do disco. Nando Reis, Erasmo Carlos, Arnaldo Antunes, Guilherme Arantes, Tim Bernardes, Russo Passapusso, Emicida, Silva e Mallu Magalhães são alguns dos nomes que participam do disco. Velha e nova geração mostrando que podem e devem trabalhar juntos, enriquecendo cada vez mais a música nacional.


Texto por: Millena Kreutzfeld



Macaco Bong - Deixa Quieto

A banda já possui sete lançamentos, sendo que o último, é a releitura do famoso Nevermind, lançado há 26 anos. Com nomes engraçados e retirados de uma tradução do google tradutor, a banda ganhou destaque por adicionar os elementos mais variados nessa versão: o experimental de stoner rock com música negra, folclórica e psicodélica e muito groove, desconstruindo as melodias com novos arranjos. 



Texto por: Millena Kreutzfeld



Quasar - Coruja

Banda paulista formada por Caio Gonçalves, Felipe Meneses e Guilherme França, lançou seu primeiro disco em setembro. O trabalho foi produzido, gravado e mixado na casa deles. Foi tudo escrito na madrugada, onde o medo e obsessão espreitam como animais noturnos, “Coruja” retrata a rotina, a cidade e relacionamentos dos quais precisamos fugir, querendo ou não, conforme eles informam em seu site.

Vale a atenção pelas letras e pela força que o underground vem mostrando ultimamente.


Texto por: Millena Kreutzfeld



Tim Bernardes - Recomeçar
Para quem estava acostumado com O Terno, pode ter se surpreendido com o lado melancólico de Tim em Recomeçar. Um trabalho introspectivo, que causa dor aos corações mais sensíveis e machucados; foi milimetricamente pensado por Tim desde composições, arranjos, gravação e mixagem. Os temas são comuns a todos os ouvintes, seja o autoconhecimento, um amor perdido, uma ilusão, as incertezas, a falta de paz, entre tantos outros sentimentos que Tim pôs à mostra para nós.
Tim diz que "o disco tem a ver com esse ato de refletir ou autoanalisar os ciclos da vida. Tem coisa que você passa com 17, com 23, com 27… E cada vez você passa de um jeito, com outra bagagem. Esse disco é o retrato de um ciclo de encerramento, no qual busco iniciar uma fase diferente."

Texto por: Millena Kreutzfeld


Corona Kings - Death Rides A Crazy Horse
É o terceiro disco da banda que apresenta seu som mais pesado e cru. Riffs incríveis, visceral, direto, sem megaproduções e sincero. Corona Kings mostra seu diferencial na cena stoner, flerta com o proto-metal ensurdecedoramente, mantendo a qualidade.


Texto por: Millena Kreutzfeld



Tess - Atlas e o Pêndulo na Verdade Sobre o Não Dito 
Recém chegado em uma embarcação que veio de longe, passando pelo espaço entre os tempos, fazendo uma grande travessia para aportar aqui, o Sr Atlas Bartholomeu. Senhor para alguns, apenas uma criança para outros, Atlas talvez seja uma pessoa, um ser mitológico, uma coisa, ou ainda um estado de espírito. Atlas pode ser apenas um espelho, que reflete aquilo que é mostrado, nem mais e nem menos. Uma figura extravagante, “vagabunda”, um lord ébrio, um Drácula-pirata romântico, um “nowhere man” de si mesmo, à deriva em uma embarcação no século XVIII e aqui.
Trabalho meticulosamente pensado por Daniel Tessler, traz como referência musical os séculos XVII e XVIII, que é o período em que Atlas vive. É preciso falar também em Beatles, Beach Boys, Pink Floyd, The Who, anos 70, 60 e do Mod - que já passou pela carreira do cantor.
Quem prestar atenção, notará muito mais; o disco propõe uma viagem para dentro de si, além de uma viagem audiovisual: é possível ver Atlas andando por aí enquanto o disco toca.


Texto por: Millena Kreutzfeld


Nevilton - Adiante 
Um belo exemplar do rock nacional de mais alta qualidade. Adiante traz à tona que apesar da vida corrida temos que seguir em frente, apesar do amor impossível (Lua e Sol), das ausências, das rasteiras da vida, entre tantas outras coisas boas e ruins que a vida nos traz.
As guitarras podem até ser pesadas, mas os versos combinados com a voz de Nevilton fazem uma combinação incrível, na medida e no acerto, claro; combinação tão boa que o disco tem um hit atrás do outro. Ele diz em seu site: "a intenção ao gravar este disco: envolver quem escute, melhorar quem o viva, abraçar quem precise, encher de orgulho quem participa dessa história e deixar na boca de todo mundo a vontade de mais um gole."
Deu certo.

Texto por: Millena Kreutzfeld