Titãs e Rolling Stones se apresentam no Morumbi

Na última noite chuvosa de quarta-feira (24/02), os paulistas tiveram a sua primeira chance de presenciar, durante a Olé Tour, integrantes importantes da história do Rock and Roll: The Rolling Stones.

Já na região do estádio dava pra perceber que a noite em São Paulo não seria "apenas uma noite". Se você andasse por ali, encontraria gente de todas as idades, vestindo camisetas com uma das logos mais marcantes da história e falando sobre apenas uma coisa: o Rock. Percebia-se, logo na entrada, que muitos ali estavam realizando um sonho e os sorrisos e lágrimas de emoção não conseguiam ser evitados, mesmo faltando horas para o evento principal.

As lendas vivas provaram que estão cada vez mais semelhantes ao vinho: quanto mais velhos, melhores ficam. Certamente, quem foi ao show, afirma que os Stones de 70 anos deram um show, mostraram que realmente entendem o que fazem e que estão superiores aos Stones de 60 anos, que realizaram sua última apresentação aqui no Brasil, em Copacabana, em 2006.


Foto: Lucas Lima/UOL
Por falar nisso, vale lembrar que nesse show, os Titãs também abriram para eles. E ontem não foi diferente. Tony Bellotto (guitarrista, Titãs) disse em uma entrevista que abrir o show dos Stones em Copacabana em 2006 foi como ter passado alguns momentos no Olimpo, desfrutando dos vinhos da adega de Dionísio e que voltar ao Olimpo dez anos depois os faz sentir como aqueles privilegiados que ganham na loteria duas vezes.

Com o show marcado para as 19h, eles entraram no palco mostrando que também estão cada vez melhores e talentosos, deixando claro que o rock nacional tem muita coisa boa para ser ouvida. A banda teve 50 minutos para mostrar o porquê deles merecerem estar ali. Foi uma apresentação digna, mesmo com diversos problemas técnicos e chuva castigando o público do começo ao fim. Eles tocaram mais do que falaram, e quando falavam, era sobre uma ou outra música e do ano em que foi lançada. 

Sobre a setlist podemos falar que fizeram escolhas sensatas, uma vez que não havia espaço para músicas novas, sendo que a única novidade foi quando juntaram o refrão de Fardado (lançado no disco Nhengatu, de 2015) ao fim de Polícia.

Apesar do estádio não estar totalmente cheio durante a apresentação, quem estava lá vibrou como se a banda fosse a atração principal e temos que admitir, é praticamente impossível ficar parado com um show desses.

Abaixo, a setlist do show dos Titãs, que se encerrou pontualmente às 19h50: 


Imagem retirada do instagram Rolling Stones In Brazil.
Até o fim da show de abertura, o estádio ainda recebia gente de todos os cantos para o evento da noite. A chuva continuou por um tempo considerável enquanto preparavam o palco para os Stones. Por volta das 20h40, o Morumbi já estava próximo de alcançar sua capacidade máxima e quem estava lá, faltava pouco para explodir de ansiedade. 

Às 21h15, as luzes se apagaram, a chuva parou para dar espaço para os mestres e o estádio foi ao delírio. Passaram o vídeo da abertura da turnê e logo em seguida pudemos ouvir o mestre Keith Richards tocar as primeiras notas de Start Me Up, que você pode conferir a seguir:


A seguir, It's Only Rock n Roll levantou ainda mais o astral do público, o que deixou bem claro: o que eles pedissem pra gente fazer, a gente fazia. Mick Jagger e companhia já tinham o total controle da situação e da noite. Aliás, outra coisa que o vocalista da maior banda de rock dominou foi o português! "É incrível estar no Morumbi pela primeira vez. 18 anos, não? Não acredito 'Sampa'. Estou tão feliz. Beijinho no ombro", disse Mick em português, antes de prosseguir o show.


Foto: Marcelo Brandt/G1
O que não podemos negar é que a banda realmente sabe e ama o que faz. O setlist continuou com Tumbling Dice e Out Of Control, que fez com que muitos ficassem impressionados com o senhor de 72 anos que pulava de um lado para o outro como se estivesse com pó de mico nas calças.

Apesar do setlist ter algumas músicas fixas, sempre há surpresas. Como de praxe, houve uma votação para que o público escolhesse uma música - raramente tocada - entre 4 opções. Aqui em São Paulo, escolhemos entre All Down The Line, Shattered, Rocks Off e Bitch.


Por: Millena Kreutzfeld
Confesso que votei por All Down The Line, mas percebi que o que viesse naquela hora seria lucro; assim, Bitch ganhou para a felicidade geral, com muita gente gritando ensurdecedoramente. Logo a seguir, Beast Of Burden e Worried About You - que contou com o Mick nos teclados -  foram uma grata surpresa para noite! 

Não sendo diferentemente recebidas das demais músicas, Paint It Black e Honky Tonk Women deixaram o estádio extasiado por diversos motivos: pelas músicas em si, pelos músicos talentosíssimos da banda de apoio e pelo entrosamento do Mick, Keef, Ron e Charlie. Ao final de HTW, Mick fez a apresentação da banda. Ronnie Wood, o cara do sorriso mais amigável que eu já vi na vida, correspondeu a gritaria da público; Charlie Watts, com toda sua educação britânica e um estilo único ao tocar bateria, respondeu, mas fez aquela cara de sempre "poderia estar tomando chá das 17h, mas estou aqui tocando para 70 mil pessoas" (fui obrigada a reproduzir a ideia do TMDQA!, melhor definição para o Charlie); e Keith Richards, que foi ovacionado por quase 1 minuto, correspondendo bem às demonstrações de idolatria da plateia, mas foi obrigado a dizer que tinha um show para fazer, fazendo o público se calar.

Assim, chegando na metade do espetáculo, Keith tocou duas músicas: You Got The Silver, numa sintonia incrível com Ron e Happy, esperada por boa parte do público.

Logo após, Mick voltou com a corda toda e provou que a sua voz ainda aguentava um bom tempo de show. A sequência de Midnight Rambler, Miss You - Mick tocou guitarra - , Gimme Shelter e Brown Sugar não deixava ninguém parado, a não ser um outro fã que estava sem acreditar que estava presenciando tal acontecimento.

Novamente as luzes se apagaram, e quem estava antenado nos setlist dos outros shows da Olé Tour, sabia que era hora de Sympathy For The Devil. Antes mesmo das projeções começarem nos telões, o público já puxava em coro o famoso "uh, uh", presente na música.
Vale mencionar que a banda possui o diploma do mais alto nível no quesito apresentação ao vivo. O apelo visual e sonoro já fazem com que você sinta que está num sonho, junte isso a quatro deuses do Olimpo, que mesmo fazendo show num estádio para quase 70 mil pessoas, fazem com que você se sinta conectado a eles. Aí estão os Rolling Stones, a maior banda de rock do mundo. 

Antes do bis, foi a vez de Jumping Jack Flash levar o público ao delírio.

Pela terceira, e última vez, as luzes se apagaram. Surge então o coral Sampa, que reúne vozes de diversos colégios e universidades, para cantar You Can't Always Get What You Want. E assim, chegamos a hora mais triste e mais animada da noite: Satisfaction, que fez com que a banda e o público dessem show um para o outro, fazendo com que a troca de energia entre as duas partes fosse absurda. E claro, apelando novamente para o visual, houve uma queima de fogos no final. Tudo para deixar o sonho, que durou por quase 2h30, perfeito.

O setlist do show de São Paulo:
Imagem retirada do instagram oficial dos Rolling Stones.
A banda ainda fará outro apresentação no Morumbi, neste sábado (27/02), com Titãs abrindo novamente para eles e a última apresentação brasileira, será em Porto Alegre, no dia 02/03, com as bandas Doctor Pheabes e Cachorro Grande abrindo para eles.

Se possível, tente comparecer a esses shows ou qualquer um que você tenha a oportunidade de presenciar Rolling Stones no palco. Mesmo que você curta 2 músicas ou a discografia inteira, o maior espetáculo da terra, por mais que você leia, veja fotos e vídeos, só se entende se for visto ao vivo.

Que eles tenham muito tempo pela frente.

Obrigada, Rolling Stones. 

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