McCartney: O primeiro disco solo de Paul McCartney


Matéria postada originalmente em 2012

1970. Enquanto um mar de indecisões dominava os negócios da Apple, Paul McCartney sorrateiramente construía as bases de uma carreira promissora que, inevitavelmente, ganharia sua “forçada” estréia no dia 17 de abril de 1970 - data oficial de lançamento do primeiro álbum de canções originais de sua autoria sem levar a assinatura do grupo mais famoso de todos os tempos: The Beatles. Uma banda que muito bem pode ser comparada a uma jóia; um diamante - o qual Paul ajudou a lapidar durante mais de uma década ao lado de seus companheiros. O fim dos Beatles, entretanto, não soaria como as belas melodias das faixas "Maybe I’m Amazed" e "Every Night", incluídas em seu LP solo. Os anos seguintes, dominados pelo interminável processo contra a dissolução da parceria entre John, George, e Ringo (ligados contratualmente graças à união dos mesmos com o empresário nova-iorquino, Allen Klein), transformariam a vida de McCartney em um verdadeiro pesadelo. Sentindo-se inútil e desempregado, Paul começou a criar asas. com o fim de sua banda favorita, agarrou-se com força total ao amor de sua mulher, Linda Louise Eastman – seu “porto seguro” e fonte de inspiração para continuar a compor, gravar canções e tocar ao vivo pelos palcos do mundo pelos anos seguintes

Após gravar e cuidar da promoção de seu álbum, Paul ainda viu-se obrigado a duelar com a Apple para garantir o lançamento do disco na data estipulada. O matreiro Allen Klein, que agendara "Let It Be" para chegar às lojas menos de um mês depois de “McCartney” enviou Ringo a Cavendish Avenue (à mando de John e George) com a missão de convencer Macca a mudar de idéia e adiar a estréia de sua carreira como artista solo. Enfurecido e amargurado pelo evento, ele sequer deu ouvidos ao baterista chegando a discutir severamente com o amigo. A missão de Klein claramente falhara, e os álbuns venderiam milhões de copias apesar da batalha que parecia longe de estar no final. “McCartney foi um álbum excelente para mim. Fiquei muito feliz em produzí-lo. Era como se eu fosse um cientista em meu laboratório; tudo muito simples, básico e experimental”, recorda Paul.


Embora tenha sido gravado quase inteiramente em sua residência londrina, localizada no bucólico e suntuoso bairro de St. John’s Wood, o álbum McCartney também contou com apoio logístico dos estúdios Morgan e Abbey Road, onde algumas canções ganhariam adições de instrumentos e produção final. Para voltar ao estúdio oficial dos Beatles, Linda reservou o Studio 2 da EMI inscrevendo Paul com o pseudônimo de Billy Martin, com o objetivo de afastar o assédio da imprensa – sempre pronta a desvendar os segredos de tudo o que envolvia os membros do quarteto de Liverpool. No estúdio, a atmosfera era completamente familiar, com Linda preparando lanches e o suco de uva para Paul e as crianças, Heather e Mary, que ficavam brincando no chão de madeira com seus brinquedos enquanto esperavam o pai. Poucos dias antes do Natal de 1969, o LP começaria a ganhar forma em um gravador Studer de quatro canais, instalado em seu quarto particular de música.

A idéia original era poder mixar as canções utilizando a mesma máquina, mas o atraso na entrega de uma mesa de som acidentalmente mudou os planos de produção do disco, finalizado em fevereiro de 1970.Com a impossibilidade de equalizar o som, Paul teve de registrar as canções de uma forma mais rústica, sendo obrigado a ouvir minuciosamente, tudo o que acabara de tocar para controlar o excesso de graves ou agudos dos instrumentos. Instrumentos, aliás, todos eles tocados pelo próprio artista, com ajuda de Linda nos vocais de apoio e harmonias em algumas faixas. Feliz e, ao mesmo tempo, incapaz de comemorar o final de sua jornada com os Beatles, Paul decidiu não lançar nenhum compacto promocional para o LP. Para anunciar o lançamento de “McCartne”y, um questionário elaborado por Derek Taylor e Peter Brown (assessores de imprensa da Apple), foi anexado as cópias dos discos enviados à imprensa, onde o fim do quarteto de Liverpool era anunciado oficialmente ao público. Na contracapa do LP, uma das primeiras fotos da filha Mary, confortavelmente instalada no casaco de seu pai, era mostrada aos fãs.



Com o álbum disponível e chegando em primeiro lugar na América, Paul passaria o resto do ano planejando o seu futuro no showbiz. Durante este período, ele comporia canções para seu próximo álbum, além de faixas que permaneceriam inéditas até hoje, como "Indeed I Do" e "1982."


O sucesso do álbum é, sem dúvida "Maybe I'm Amazed", uma das centenas de canções de amor que Paul fez para Linda. Logo após o lançamento do álbum, George Harrison disse que "Maybe I'm Amazed" e "That Would Be Something" eram “ótimas", e considerou as outras faixas como "justas". John Lennon disse o que achava sobre o disco de Paul em sua entrevista de 1970 para a Rolling Stone. Disse que dada a propensão de McCartney para exigir perfeccionismo no estúdio com os Beatles, ficou surpreendido com a falta de qualidade do álbum. Lennon também fez várias observações comparando "McCartney I" negativamente à sua própria estréia como artista-solo.



Fonte: O Baú do Edu

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