Entrevista com Bula

A entrevista deste mês é com a Bula, banda formada por ex-integrantes do Charlie Brown Jr. (Marcão Britto e Pinguim), A Banca (Lena Papini) e que apesar das mortes de Chorão e Champignon, seguiram fazendo o que mais gostam: Composições, shows e trabalhar com música. 
Completando neste mês um ano do seu primeiro show, a banda nos atendeu no estúdio Electro Sound, do Marcão, em Santos e falou sobre o primeiro show da banda, Lollapalooza, Rock in Rio, fãs, planos para o futuro (novo disco e novas músicas) e muito mais nesse papo muito legal e EXCLUSIVO que vocês conferem abaixo:

Foto: Marcela Sanches Fotografia
Normalmente quando anunciam uma nova banda, eles fazem shows com músicas que não são deles, pra depois gravar um disco. Vocês já fizeram o contrario: Anunciaram a banda, junto com o disco e começaram de cara com músicas autorais.
Acham que isso contribui para ter mais aceitação do público, invés de uma pressão?

Marcão: Não sei exatamente, mas a verdade é que a gente gosta muito do som autoral, o motivo da banda existir é o som autoral. É claro que a gente não nega a nossa história, tanto que tocamos Charlie Brown no show e queremos manter viva nossa história sim, com muito orgulho, mas somos uma banda autoral.

O motor, coração e alma da banda é de musicas próprias, que acho que é uma das coisas que mais gostamos de fazer, além de tocar nos shows, e estar compondo, escrevendo, gravando e algo muito legal, e tudo isso de uma forma muito natural.
Acho legal que as pessoas deem esse valor para o autoral, que é onde você pode se expressar da melhor forma, não está fazendo uma releitura, nem tocando clássicos, mas sim tocando uma música que remete a algo que você viveu, de uma certa forma, acho bem legal.

Lena: Também mostra que você está trabalhando, que a banda está trabalhando e a galera respeita isso né, meu! Po, a gente ta aí, colocando as criações, trabalhando mesmo e não tem um disco se não trabalhar certinho.


Marcão: Quando você faz muito tributo você mexe também com um apego, né, com uma coisa sentimental, aquilo que você falou, e a galera cobra mesmo, faz parte. O legal é que a gente pode misturar, é um benefício.



É verdade, vocês primeiro fizeram vários shows né, pra depois começar a por músicas que eram do Chorão, do Charlie Brown, covers e o show que teve ontem em Santos, foi o mais longo de vocês. 

Marcão: Foi, é.

Lena: Ta ligadaço, hahaha.



Vocês pretendem manter o tamanho do setlist e fazer mais shows assim?

Marcão: Eu acho legal shows longos, intensos. Ontem era pra ser ainda maior, mas tivemos que parar por conta do horário.

Pinguim: Tinha um horário para terminar e tivemos que respeitar, por conta da vizinhança também, mas se pudesse tocar mais... Faltou música na realidade, a gente iria tocar mais.

Ontem também tinha muitos amigos, fãs, galera que veio de longe para ver, então foi mais uma festa, né. Queríamos fazer um show legal pra todo mundo se divertir à vontade, se pudesse tocar mais, iríamos tocar mais.

Lena: Cada vez mais.


Marcão: Se puder, com certeza. Colocando coisas novas que a gente tira, é legal, a gente gosta pra caramba. A ideia é show ter uma diferença ou outra.

Lançamos a banda daquela forma também porque era um trabalho novo de músicas autorais, foi legal a galera assimilar isso. Foi legal o primeiro show da banda, você tava né?


Estava sim, foi muito massa, tava cheio. Achei legal também, pois é uma forma de vocês mostrarem a identidade da banda, pra depois...

Pinguim: Pra não criar uma confusão, A Banca, Charlie Brown... Se chegássemos logo de cara e jogássemos todos os covers do Charlie Brown, como fizemos ontem com eles, Legião, Red Hot e tal, ia ser legal também, mas a galera não ia entender o propósito nosso. Tá aqui o nosso som ó, tem o disco para galera curtir, pra vocês entenderam que é uma banda nova, mostrando som novo e com o tempo iríamos tocar tudo que a gente tocou. Tá aqui o disco novo, uma nova fase, umm novo som, uma nova banda e aos poucos, em doses homeopáticas, a gente não vai deixar de tocar, não vai negar o que sempre gostamos de fazer.


Como foi gravar o disco com participação de nomes como Bruno Graveto e Thiago Castanho, eternos integrantes do Charlie Brown?

Marcão: O graveto gravou muita coisa do disco e foi uma honra trabalhar com ele, o Thiago tem a banda dele e participa na autoria da música "Ela Nasceu pra mim" que fizemos com o Chorão. Nós continuamos sendo grandes amigos e sempre que dá a gente se encontra. 
As coisas vão seguindo seu rumo natural e mesmo sabendo que já fizemos muitas coisas juntos nesses últimos anos, sempre tenho a sensação de que tudo aconteceu ontem, então percebo que ainda tem muita coisa a ser feita!

E como foi e esta sendo pro Marcão, que canta todas as musicas do disco, e no show, os três. Como esta sendo para vocês cantar e tocar ao mesmo tempo?

Pinguim: O Marcão é o cara mais foda do Brasil na guitarra, é verdade, falo para ele e para todo mundo, no começo era um guitarra, que tava se tornando vocal, hoje é o vocal que toca guitarra. Estamos muito à vontade, muito porque ele também estava a vontade, a gente tá feliz, ele tava feliz, é tudo para a banda, é o que movimenta, constitui e se estabelece mesmo, é o vocal que mantém o contato com a galera, faz a coletividade.

Lena: A gente é uma banda novinha, a Bula tem pouco tempo, e é legal que vejo que a galera tá podendo acompanhar as fases da banda, o crescimento dela como banda mesmo, porque normalmente conhecemos uma banda depois que ela já existe há algum tempo e nosso caso está sendo o contrário, a galera tá indo com a gente a cada fase, desde o lançamento da banda, divulgação do disco, agora estamos tendo mais tempo de convívio como banda, com ensaios, ouvindo músicas que a gente curte, aí começamos a cantar umas músicas, porque desenvolvendo as possibilidades que a banda tem.


PinguimÉ um laboratório, na realidade. Vi a Lena cantando AC/DC, Paramore, Charlie Brown, então é uma forma de fazermos um laboratório para saber até onde podemos ir.


Lena: Estamos num clima super legal, de todo mundo tentar o que quiser, ter liberdade de dar uma ideia e a banda vai tomando essa cara.


Pinguim: É como fazer um vídeo de uma criança no Youtube e a galera ver o crescimento dela. Hoje é muito assim porque as pessoas tão vendo o crescimento das coisas completamente, porque está tudo na internet.


Marcão: É verdade, as pessoas têm acesso a tudo, todos os lances.


Pinguim: Desde o primeiro show a pessoa tá "porra, tá vendo?", como a Lena disse, tá vendo o crescimento, acompanhando quase que semanalmente o que acontece com a banda.



E desde o primeiro lota!!

Marcão: É muito gratificante fazer um som autoral e ver a galera colando nos shows, porque é uma missão muito mais árdua, no ponto de vista do seu trabalho. É muito mais fácil tocar uma música reconhecida, que todo mundo vai pular, cantar, então a gente tem praticamente um ano e fico super feliz em ver a galera cobrando para tocar as músicas da banda.


Tem um ano, já fizeram uma divulgação daora do disco. Tem mais clipes para sair, música, trabalho para novo disco, como está?

Marcão: A gente já vem trabalhando em composições novas ainda, não tocamos nenhuma no show, mas temos ideias no forno, estamos estudando a possibilidade de clipes novos, o ano começou e estamos retomando todos esses assuntos agora, mas a gente segue aí, fazendo o trabalho de uma banda normal, ou anormal, sei lá (hahaha), mas amarradão, sempre.


Como é trabalhar com o André Freitas na produção do disco?

Marcão: O Andre é irmão, além de amigo, temos uma amizade há muito tempo, trabalhamos juntos há muito tempo aqui no estúdio, é um cara que eu conheço há muito tempo, um baita de um produtor, para mim é um dos melhores dessa nova geração, com trabalhos sensacionais sendo feitos e para mim é um baita de um privilégio, porque além de poder ter um amigo tocando com você - e isso não é todo mundo que consegue -,  também, por se conhecer há muito tempo, temos uma linguagem fácil de se entender e isso facilita bastante para fazer o que quiser, tô feliz para caramba.


E vocês participaram do Lollapalooza, do Rock in Rio e vários shows ai. Tem algum que vocês julgam ser o mais marcante para vocês?

Marcão: Acho que cada show desse teve um aspecto muito marcante, pelo menos pra mim. Foi a primeira vez que toquei no Lollapalooza, um feito que vou levar pro resto da minha vida, num festival que sempre ouvi falar da importância dele, fizemos um registro bem legal, pra galera que vê as fotos na pagina da banda, quem vê as fotos vê aquele telão de led que parece um prédio.

Pinguim: A gente estava ali de igual para igual com Robert Plant, na mesma situação, qualidade de som.



Tanto que no palco de vocês tocaram também Kasabian e Skrillex.

Pinguim: O Lollapalooza é bastante democrático nessa situação, são os palcos iguais para todo mundo.

Lena: O Rock in Rio foi animal, show do dia do Rock também.


Pinguim: O aniversário do Rock, lá no Espaço das Américas, o primeiro que fizemos no Da Leoni tinha mó galera, cantando as músicas da banda, ficamos bem "de cara", a gente não esperava. Já tinha lançado o disco, mas não esperávamos que a galera já ia cantar tudo, que iam pedir Charlie Brown, algo que não aconteceu e foi muito legal.


Marcão: Muito gratificante ter um trabalho autoral, ser convocado para tocar nesses festivais pelo seu trabalho, pelo seu disco. É muito legal o respeito que estamos conquistando aos poucos, tudo tem sua hora, acho que o importante é seguir fazendo isso, acreditando na música, nesse movimento, que está sendo bem proveitoso.

A gente trabalha num processo acumulativo, de juntar uma série de ideias, poder gravar disco e essa é a roda que gira no Bula.

Pinguim: Outro show daora também foi que tocamos com Raimundos, no Circo Voador.

Pra mim o Lollapalooza era sonho, não esperava tocar lá tão cedo.
O Rock in Rio eu nunca tinha nem ido, aí tocamos na festa de 30 anos do Rock in Rio, tocamos no festival, curtimos a festa toda, demos um rolê, vi os Slipknot, Faith no More, como uma pessoa normal que vai lá curtir o Rock in Rio.
O próprio Circo Voador, que é um lugar de rock bem importante no Rio de Janeiro, junto com Raimundos, que tinha mó cabeçada, tocando "Eu Quero Ver O Oco", foram shows inesquecíveis, tudo isso para uma banda que tem um ano de vida. Passamos por tudo e falamos "é, acho que estamos no caminho certo".


Vocês mencionaram o show da 89 e também teve outro deles que vocês tocaram duas vezes: Bula e Urbana Legion. Tem a ideia de fazer outros shows nesse formato, mas com outros projetos de vocês?

Marcão: É uma ideia, por que não? Quem sabe um dia não conseguimos unir toda essa galera.

Lena: Aí já põe o SAMU na porta, balão de oxigênio hahaha.



Vocês ainda iam fazer mais shows ano passado... Teve o cancelamento do show no Superloft e teve um sorteio feito por parte de vocês, como que vai ficar?

Marcão: A gente vai fazer, ver um show em SP, ou num outro lugar que consiga juntar a galera.

Pinguim: Só não esquecemos nem vamos deixar de fazer, com certeza! A gente quer colocar um ganhador para tocar com a banda.


Lena: Foi algo muito legal, teve uma quantidade da molecada tocando, da galera se dedicando, mandando vídeo de bateria, guitarra, baixo, vocal sozinho, gente junto, muito legal ver que o trabalho está dando resultado, a geete vai colhendo os frutos com paciência e determinação e foi muito legal, ficamos muitos felizes e vai rolar.


Marcão: Só não fizemos até ontem porque o show foi de última hora.


Pinguim: Não podíamos falar muito, porque era evento da prefeitura e estavam preocupados com excesso de gente e foi meio na surpresa.



E vocês pretendem fazer mais shows assim, de surpresa?

Pinguim: Sim, também tem uma galera que viu o anuncio e falou "Vem para Manaus, vem pra Fortaleza", vamos onde der. Estamos trabalhando forte para chegar em todos cantos do Brasil. Se a gente puder chegar no seu quintal e fazer um som, ir para Manaus, qualquer canto, a gente vai.


E no show em Santos tinha bastante gente de SP, o pessoal vem mesmo!!

Lena: Tem uma galera que cola com a gente pra tudo que é lado, pessoal que tá no nosso fã clube tá sempre ali na frente do palco, colado. Os moleques já foram ver show em Minas, quando fizemos junto com a Urbana Legion.

Pinguim: Quando fomos com a Urbana Legion o pessoal pegou van, bus ou sei lá o que e foi mó galera. Desse show aí nasceu até um namoro... Casais se formam em shows da Bula.



Vocês tem uma relação bem aberta com os fãs e eles retribuem de uma maneira bem louca, né?

Marcão: A gente tem os fãs que toda banda gostaria de ter, acho que não há fãs melhores do que esses!!


E qual foi a coisa mais louca que um fã já fez ou falou para vocês?

Lena: Teve um moleque que tatuou nas costas inteira o logo da banda. Qual o nome dele?

Pinguim: É o Dan. Chegou no meio do show ele tinha nem pintado ainda, tava na metade. Tava todo de preto, tirou a camisa no meio do show e ficamos em choque.


Marcão: Ele fechou as costas, tiramos até uma foto com ele no show que fizemos no Aquarius.


Pinguim: Aí depois teve outro show que fizemos, que a tattoo já tava toda completa.


Marcão: É um negocio complicado, vamos dizer o quê? É uma puta homenagem, que o cara vai levar ali pro resto da vida, fico muito feliz que sejamos uma banda de rock que a galera gosta a ponto de tatuar.


Pinguim: E não é só o nome a banda, é o logo, tem a cara do Marcão, da Lena, minha.


Lena: Mas tem que dar valor mesmo pra essa galera, porque o próprio fato de ir no show assim. Estamos passando por um momento difícil, que a galera tá sem grana, que é não simples ir em todos os shows que você quer ir e aí a gente vê que a galera tá lá, tá comprando ingresso. Ontem foi de graça, ainda bem, que muitos sejam, para a galera poder ir ver a gente sem desembolçar, mas a galera vem de São Paulo... Então você vê que é um bagulho que tá te priorizando, colocando na frente de um cinema, viagem ou outro rolê que iria fazer pra ir la ver a gente, cantar um som e isso tem muito valor.


Pinguim: Tem uma galera de fãs que estavam aqui domingo, conhecendo a pista de Skate no Emissário e ficaram sabendo do show no dia seguinte, aí falaram pra mim "caralho Pinguim, tô sem dinheiro, não sei como vou fazer, mas eu vou ver o show, nem que eu vá à pé", se juntaram e vieram.

Aí falam "ah, vocês são tão legais", não, vocês são legais!! O carinho que vocês dão pra gente, retribuímos com todo carinho também, porque sabemos do esforço danado que essa molecada faz.
O mínimo que podemos fazer é dar carinho e admirar quem vem, mesmo sem dinheiro, sai do trampo e vem, fala "pede para atrasar o show que tô chegando..."

Lena: Ahhhhh, então foi esse o motivo de atrasar o show ontem!?!?!? Você que pediu??


Pinguim: Não, não foi eu hahaha. Somos amigos do secretario de Cultura, mas não temos esse poder haha.



Quais são os planos para 2016?

Marcão: Lançar um disco novo, trabalhar na ideia de ter um disco novo esse ano, tocar na maior quantidade de lugares, trabalhando para chegar em todos os lugares.


Qual recado gostariam de deixar para os leitores do site, fã da banda e quem está conhecendo vocês com esta entrevista?

Marcão: Salve Garotos de Liverpool, aqui é Bula na área!! A gente tá trocando uma ideia muito legal com nosso brother, o Elio e espero que vocês gostem, nos vemos numa próxima em breve, tamo junto!!

Pinguim: Logo menos ou logo mais a gente tá chegando aí no seu estado, cidade, quintal, sala, tocando para vocês o máximo possível e o máximo que a gente quiser, com a maior felicidade do mundo.


Lena: É isso Elinho, daora!! Bom ano pra gente e nos vemos bastante por aí, pelos shows, palcos, estradas, histórias... Diversão e Rock 'n Roll para todo mundo.


Confira trechos da shows da Bula, colocados em uma playlist feita pela banda:




Assista a um live da música que leva o nome do primeiro disco, durante o primeiro show da banda, no Da Leoni:



Curta a banda no Facebook e leia todas as entrevistas do site (entre elas, com cada um da banda) AQUI!!

Postar um comentário

0 Comentários
* Please Don't Spam Here. All the Comments are Reviewed by Admin.