Tivemos a oportunidade de conferir o jogo Funko Fusion, desenvolvido pela 1010 Games, em parceria com a Funko, Inc. e a Universal Products & Experiences, com sua versão base estando disponível desde 2024 para Nintendo Switch, além do PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X|S e PC, que já contam o lançamento da Deluxe Edition de maneira antecipada.
INTRODUÇÃO E SINOPSE
Ao iniciar o jogo, somos recebidos por uma tela de seleção de idioma bastante completa, oferecendo diversas opções para o jogador escolher como deseja viver essa experiência. Entre elas estão Português (Brasil), Alemão, Inglês, Espanhol, Francês, Italiano, Japonês, Coreano, Holandês e Polonês — algo que já demonstra a atenção dos desenvolvedores em torná-lo acessível e global. A tradução em português, inclusive, é bem feita e contribui para uma imersão mais natural, especialmente para quem prefere curtir tudo em seu idioma nativo.
Na parte da jogabilidade, Funko Fusion surpreende pela quantidade de opções de acessibilidade e personalização. É possível ativar vida infinita (embora, curiosamente, durante o teste tenhamos morrido perto do fim do segundo capítulo mesmo com o modo ligado), habilitar o modo aracnofobia, ajustar a assistência de mira de 0% a 100% e modificar detalhes visuais como o tamanho, cor e borda das legendas. Há também modos específicos para jogadores daltônicos e até a possibilidade de ajustar o nível de gore, algo incomum em títulos desse estilo e que mostra o cuidado em permitir diferentes níveis de conforto ao público.
Quanto à proposta, o jogo se apresenta como uma verdadeira celebração da cultura pop, reunindo personagens icônicos de franquias marcantes em uma só aventura. É como se cada fase fosse um portal para um universo diferente. O jogador pode assumir o controle de figuras lendárias do cinema e da TV, indo de Jurassic World e De Volta para o Futuro até O Enigma de Outro Mundo, Chumbo Grosso, Chucky, Battlestar Galactica, Xena: A Princesa Guerreira, The Office, Wicked e muitas outras, enquanto totaliza mais de 60 personagens jogáveis. Cada um deles possui características e habilidades próprias, tornando a experiência mais variada conforme avançamos na campanha.
Durante a jornada, enfrentamos inimigos e resolvemos quebra-cabeças em mundos ricos em referências, cheios de cores, humor e nostalgia. Cada cenário é uma homenagem a algum clássico, e a sensação constante é de estar participando de uma grande colagem de memórias da cultura pop, misturando ação, aventura e momentos de descontração. É um jogo feito por quem claramente entende e respeita as franquias que está homenageando e, acima de tudo, feito para fãs que cresceram amando cada um desses universos.
GAMEPLAY
No nosso caso, começamos com Ramona Flowers, de Scott Pilgrim e logo percebemos que é possível alternar entre os personagens da mesma série a qualquer momento. Como dito anteriormente, cada um possui um estilo de combate e um toque próprio: Ramona dispara uma bola brilhante, Scott Pilgrim usa sua guitarra como arma (com direito ao som real das cordas ao atacar), Knives Chau arremessa facas, Kim Pine lança pratos de bateria, e Stephen Stills ataca da mesma forma que Scott, mas empunhando um violão, sendo que fazem diferença e reforçam o carisma e a identidade de cada personagem.
Após concluirmos a missão de Scott Pilgrim, o jogo nos deu liberdade para escolher outros mundos e personagens. Foi aí que partimos para Jurassic Park e logo de cara encontramos uma das mecânicas mais interessantes do jogo: a possibilidade de misturar personagens de universos completamente diferentes. Por exemplo, escolhemos o He-Man (da série Caverna do Dragão) para participar da missão jurássica, criando uma mistura inusitada que faz jus ao nome do jogo, com sua combinação de mundos sendo essência para a continuidade da gameplay. Em várias situações, é preciso usar itens ou habilidades específicos de um personagem de outra franquia para desbloquear áreas novas. Um exemplo é o uso do lança-chamas de O Enigma de Outro Mundo (The Thing) para abrir caminho numa missão de Chumbo Grosso (Hot Fuzz), resultando em inúmeras possibilidades de crossover e incentivando o jogador a explorar diferentes combinações e personagens.
Voltando à questão da acessibilidade, mencionamos antes que o modo de vida infinita não funcionou como esperávamos. Depois percebemos o motivo: o jogo possui um sistema próprio de recuperação. O jogador pode carregar itens de restauração de saúde e ao perder toda a barra de energia, precisa encontrar uma caixa Funko para reviver, mas podendo fazer isso até 5x por fase. Além disso, algo que pode frustrar um pouco é o fato de as cutscenes não poderem ser puladas, mesmo quando já foram vistas diversas vezes. Em fases mais desafiadoras, isso acaba quebrando um pouco o ritmo da jogatina.
Apesar desses pequenos contratempos, a constante troca de personagens, o humor leve e a possibilidade de criar situações totalmente improváveis (como ver Ramona Flowers ou He-Man enfrentando dinossauros), sendo um verdadeiro parque de diversões para quem cresceu acompanhando todas essas franquias e sempre imaginou como seria ver todos esses universos num só lugar.
Já durante a jogatina, temos diversos itens espalhados pelo cenário que servem para aumentar a barra de energia, a quantidade de vidas e muita interação de cenário, seja utilizando a guitarra e o amplificador de Scott Pilgrim para derrotar inimigos, destruir paredes e portas com ondas sonoras, ou coletando itens.
Esses itens podem ser encontrados em baús, máquinas parecidas com “caça-níqueis” ou de vender produtos no metrô, contendo armas, refrigerantes, power-ups, baterias para desbloquear portas e outros itens necessários para progredirmos nas fases (como as lâmpadas presentes em "Pirata Irado"), estrutura que, inevitavelmente, faz lembrar os jogos da série LEGO, especialmente na forma como o progresso depende de explorar cada canto e encontrar itens ocultos.
A diferença é que, enquanto LEGO se apoia fortemente no sistema de construção e reconstrução de objetos, Funko Fusion substitui isso por mecanismos mais variados, como o uso de interruptores escondidos, criação de ferramentas e muito mais num sistema funcional e que se encaixa bem dentro da proposta do jogo, mas que pode se tornar cansativo em certos momentos, principalmente quando precisamos retornar pelas fases apenas para buscar um item específico, quebrando um pouco o ritmo da aventura e, às vezes, dando a sensação de repetição.
Outro ponto que foge da semelhança com LEGO é a ausência de um modo co-op local, algo que faz bastante falta aqui. O estilo e o ritmo de Funko Fusion parecem pedir justamente uma experiência compartilhada, em que dois jogadores possam explorar e se divertir juntos no mesmo sofá. Esse tipo de recurso seria um grande diferencial e, sem dúvida, aumentaria o apelo do jogo, tornando-o mais atrativo para famílias, casais ou amigos que curtem aventuras cooperativas em 3D.
Há, sim, um modo cooperativo online, mas com uma limitação importante: ele funciona apenas entre amigos adicionados. Nós testamos essa funcionalidade e percebemos que, por conta dessa restrição, é difícil encontrar outras pessoas para jogar espontaneamente. A ausência de um sistema aberto de partidas online acaba deixando o modo co-op isolado, o que é uma pena, pois é algo que poderia dar uma sobrevida enorme ao jogo e torná-lo ainda mais divertido.
Mesmo assim, é inegável que Funko Fusion acerta em criar um universo visualmente rico e cheio de possibilidades. O problema é que, em meio a tantas boas ideias, faltam alguns ajustes para transformar o que já é divertido em algo realmente memorável.
Antes de baixarmos o jogo na PS Plus, pesquisamos ele e vimos um amplo leque de conteúdos disponíveis para quem já tiver o jogo base. Entre as DLCs gratuitas temos:
Frankenstein, Wolfie Pack, Yuletide Pack, Kim Pine, Hazel & Cha Cha, Trap Jaw, Back to the Future Outfits Pack, Sun Wukong, Jurassic World Bonus Pack, Team Fortress 2 Pack
Apesar de ter algumas DLCs pagas, bastante conteúdo está disponível somente jogando, algo que antigamente era bastante comum, mas agora é praticamente inexistente, então isso é um ponto bem importante a favor da 1010 Games.
A Edição Deluxe inclui cerca de US$ 45 em conteúdos adicionais (DLC), além de todas as atualizações do jogo base.
No total, conta com (além das DLCs gratuitas) DLCs pagos já lançadas e bônus de pré-venda (não disponíveis separadamente nas lojas digitais), com alguns dos pacotes sendo:
Masters of the Universe & M3GAN Bonus Pack, Chucky & The Umbrella Academy Bonus Pack, The Thing Bonus Pack, Universal Monsters Character Pack, Jurassic World Rebirth Packs 1 & 2, Wicked Movie Packs 1–3, entre outros.
Funko Vision Deluxe Edition está disponível na Steam (R$ 98,67 com 25% de desconto), Playstation 5 (De R$ 214,90 por R$ 96,70 na PS Store) Xbox Series X|S (R$ 214,90) e Nintendo Switch (ainda não disponível). Jogadores de PlayStation e Xbox que tem o jogo base poderão adquirir um upgrade completo por US$9,99 em breve.
CONCLUSÃO
Funko Fusion é um jogo que, apesar de suas imperfeições, entrega exatamente o que promete: uma grande celebração da cultura pop em formato interativo. É uma experiência que mistura nostalgia e muitas referências, com dezenas de personagens de franquias que marcaram gerações e continuam vivas no imaginário dos fãs. A cada nova missão, sentimos o cuidado da 1010 Games em tentar homenagear esses universos de forma divertida, ainda que a execução nem sempre acerte o ponto ideal entre desafio e fluidez.
A jogabilidade é variada e acessível, com boas opções de personalização e recursos de acessibilidade que merecem destaque. As mecânicas de troca de personagens e fusão de mundos são, sem dúvida, o ponto mais criativo do jogo, proporcionando momentos únicos e inesperados, mas que funcionam dentro da proposta de Funko Fusion e que tornam a experiência leve e curiosamente cativante.
Por outro lado, há aspectos que impedem o jogo de atingir todo o seu potencial. A ausência de um modo cooperativo local é uma perda sentida, principalmente em um título que tem tudo para ser jogado a dois. Algumas decisões de design (como a impossibilidade de pular cutscenes) e o fato de não ter co-pop local ou aleatório são pequenos ajustes que fariam uma diferença significativa na experiência geral.
Visualmente, o jogo cumpre bem seu papel, com mundos repletos de detalhes e o fato de trazer uma boa quantidade de conteúdo gratuito algo digno de elogio, principalmente em tempos em que boa parte do conteúdo extra costuma vir no modo "Pay to Play".
Em resumo, Funko Fusion é um jogo que pode não reinventar o gênero, mas que entrega diversão genuína, principalmente para quem é apaixonado por cultura pop e gosta de explorar universos diferentes em um só lugar. É um projeto ambicioso, com carisma e boas ideias, que acerta mais do que erra e pode melhorar com algumas melhorias e atualizações futuras, tendo potencial para se tornar uma experiência verdadeiramente marcante para fãs e colecionadores.
A cópia digital do jogo foi disponibilizada para fins de review, feito diretamente do Playstation 5.





