O mineiro Lô Borges e o maranhense Zeca Baleiro acabam de registrar uma parceria rara na música brasileira. O álbum “Céu de Giz – Lô Borges convida Zeca Baleiro”, lançado pela gravadora Deck, reúne dez faixas inéditas que marcam o 7º trabalho de Lô com canções novas desde 2019.
A gênese do disco aconteceu de maneira quase intuitiva: Lô, sempre inquieto com o violão nas mãos, compôs uma melodia e imediatamente pensou em Baleiro como parceiro. O reencontro demorou mais de 20 anos, mas, a partir de uma simples troca de mensagens, nasceu uma sintonia criativa instantânea. “Logo estávamos trocando ideias pelo WhatsApp, e as músicas começaram a surgir como se já fôssemos parceiros de longa data”, conta Lô.
Zeca, por sua vez, abraçou o convite com surpresa e entusiasmo. Ele escreveu todas as letras do álbum, inspirando-se no universo melódico de Lô e trazendo temas atuais – da crise climática ao impacto das big techs – sempre com sua verve poética. “Quando ele me mandou a primeira melodia foi mágico, porque o Lô tem um modo muito particular de compor, de harmonizar, de fazer melodias, de cantar”, lembra o compositor.
O resultado é uma coleção de canções em que as vozes de Lô (mais aguda) e Zeca (mais grave) se encontram em perfeita complementaridade. Cinco faixas são cantadas em dueto: “Santa Tereza”, “Olhos Cansados”, “Céu de Giz”, “Donos do Mundo” e o single “Antes do Fim”, que abre o disco pregando amor em meio ao colapso planetário.
A sonoridade ganhou frescor graças ao processo de gravação: os músicos tocaram juntos no estúdio, registrando tudo ao vivo. A banda já é parceira de longa data de Lô: Henrique Matheus (guitarras), Thiago Corrêa (baixo, Rhodes e percussão) e Robinson Matos (bateria). Thiago divide a produção com Lô e Henrique.
As canções passeiam entre diferentes atmosferas: a energia rock de “Zumbis”, a homenagem ao bairro do Clube da Esquina em “Santa Tereza”, a delicadeza romântica de “Ao Sair do Avião”, a leveza assobiada de “Olhos Cansados” e o lirismo quase onírico de “Seda”, que evoca os grandes momentos do Clube. Há ainda a busca por afeto em “Tá Tudo Estranho Demais”, a reverência aos poetas em “Estrelas Vadias” e o clamor de “Donos do Mundo”, com a força do verso: “Quem dera, quimera / Ser sol nessa escuridão”.
No fim, “Céu de Giz” é mais do que um encontro entre dois nomes fundamentais da MPB. É um álbum que olha para o presente com sensibilidade, poesia e frescor, mostrando que a arte ainda pode iluminar tempos sombrios.
O trabalho já está disponível em todas as plataformas de streaming.





