COBERTURA - Warm-Up do Bangers Open Air trouxe muito êxtase e bandas pela primeira vez ao Brasil


Texto: Lênin Zanovelli
Fotos: Nay Sabino


A sexta-feira de abertura do Bangers Open Air 2025, também chamada de Warm-Up, chegou com tudo e já deixou claro que esta edição do festival seria inesquecível. A expectativa estava nas alturas e foi completamente correspondida. Logo no primeiro dia, o público foi presenteado com shows de bandas incríveis, algumas delas pisando em solo brasileiro pela primeira vez e deixando uma impressão tão forte que a volta em futuras edições será requisitada pelo público. Recém-rebatizado como Bangers Open Air, o festival já cravou seu nome no nosso coração com um começo empolgante, intenso e cheio de momentos para guardar pra sempre.



Kissin Dynamite
O primeiro dia do Bangers Open Air 2025, realizado em 02/05, teve seu início mais tarde em comparação aos outros dias. Os portões abriram as duas e o primeiro show teve início às 15:10. Com uma grande energia e com a missão de abrir o festival, os alemães do Kissin Dynamite chegaram com todos os pés na porta. Embora fossem a primeira atração do dia e da edição, a banda fez uma apresentação poderosa, marcando sua presença logo nos primeiros momentos do evento.



Formado por Johannes Braun (Hannes Braun), Ande Braun, Jim Müller, Steffen Haile e Sebastian Berg (desde 2021), o quinteto chegou ao Brasil pela primeira vez e fez por merecer o reconhecimento crescente na cena europeia. Mesmo com o público ainda chegando ao Memorial da América Latina, o Kissin Dynamite conseguiu cativar a todos com uma performance vibrante, que fez a plateia se entregar completamente, ovacionando e aplaudindo durante todo o show.


A combinação de Hard Rock com toques modernos soou ainda mais potente ao vivo, mesmo com o som o festival ainda sendo de certa forma arrumado para se adaptar a qualidade das bandas. O vocalista Hannes Braun se destacou, conduzindo a apresentação com muito carisma, presença de palco e agudos poderosos. Além disso, arriscou algumas palavras em português, como “São Paulo vocês são do caralho!”, arrancando gritos empolgados dos presentes. Com um sorriso no rosto, ele ainda comentou: “Essa é a nossa primeira vez no Brasil” e “Vocês são o público mais quente para quem o Kissin Dynamite já se apresentou”. A troca de energia foi tão certa que parecia até que a banda estava acostumada com shows no Brasil, ao invés de apenas estar começando o primeiro dia do festival e tocando pela primeira vez para nossa plateia.


O setlist foi empolgante, com um bom equilíbrio entre sucessos como “I’ve Got the Fire” e “You’re Not Alone”, e faixas do mais recente álbum, “Back With a Bang” que conquistou o topo das paradas alemãs. O show foi direto, cheio de energia e sem exageros, mostrando a força da banda sem precisar de muita firula.


Saíram do palco sendo aplaudidos de pé e com a sensação de missão cumprida, deixando o público com aquele gostinho de "quero mais". Com certeza, o Kissin Dynamite deixou uma marca registrada nesta edição do festival e conquistou os corações dos fãs brasileiros.

Setlist:
1 - Back with a bang
2 - DNA
3 - No one dies a virgin
4 - I've got the fire
5 - My monster
6 - The devil is a woman
7 - Not the end of the world
8 - You're not alone
9 - Raise your glass


Dogma
A Dogma subiu ao palco e logo de cara chocou todos ali presentes. Principalmente quem não as conhecia. Seja pelo visual impactante ou pela energia que colocam no palco. Elas mostraram força, atitude e presença num show que foi tanto para os olhos quanto para os ouvidos.

O som da banda mistura hard rock, heavy metal e uma vibe gótica, tudo isso embalado por um visual com sensualidade e elementos religiosos. Infelizmente, o som não ajudou muito, o festival parecia ainda estar tentando acertar a aparelhagem. Mas, nos momentos em que o áudio ficou melhor, deu pra ver que as integrantes sabem o que estão fazendo. Elas tocam bem, têm presença e seguram o palco como uma banda que já está na estrada há anos.


A vocalista Lilith foi muito carismática e domina o palco com uma mistura de sensualidade e intensidade. A troca com as outras integrantes foram muito boas e outro destaque foi a baixista Nixe, que demonstrou pura energia do começo ao fim. O show todo pareceu bem ensaiado, com um visual pensado para fazer parte da experiência. Um dos momentos mais interessantes do show foi quando elas tocaram uma versão pesada e ousada de “Like A Prayer”, da Madonna, que animou os fãs e até não fãs da banda. Foi uma escolha que combinou perfeitamente com a proposta do grupo.

A Dogma merece ser notada. Não só pelo visual, mas também pelo som envolvente e pela presença forte no palco.



Setlist:
1 - Forbidden Zone
2 - My first Peak
3 - Made her mine
4 - Banned
5 - Like a prayer (cover de Madonna)
6 - Bare to the bones
7 - Make us proud
8 - Preasure from pain
9 - Father I have sinned
10 - The dark messiah



Armored Saint
O Armored Saint foi recebido com muitos aplausos quando subiu ao palco, mas logo de cara deu pra perceber que o som estava bem bagunçado. O bumbo da bateria estava alto demais, as guitarras começaram meio confusas e a voz do John Bush quase não apareceu no começo da apresentação.

Apesar desses problemas técnicos, a banda não se deixou abalar e deu tudo de si. Em menos de uma hora, eles conseguiram criar uma sintonia verdadeira com o público do Memorial da América Latina. O setlist trouxe músicas de várias fases da carreira deles, desde a clássica “March of the Saint”, do primeiro disco lá de 1984, até faixas mais recentes que mostraram que eles ainda têm muito fôlego.



Um dos momentos mais emocionantes foi com “Last Train Home”, ela faz parte do álbum que foi montado com composições do guitarrista Dave Prichard, que infelizmente faleceu de leucemia antes das gravações. Essa história de perdas e recomeços aparece de um jeito muito forte no show, não como algo triste, mas como uma força de vontade que emociona e impulsiona.

Em “Can U Deliver”, o vocal John Bush desceu do palco, interagiu e cantou com todo mundo que estava no front row, uma espécie de pista premium para quem adquiriu o lounge. Terminou a música cercado de fãs, recebendo abraços e aplausos.



Eles encerraram o show com energia lá em cima. Mesmo com todos os problemas no som, o Armored Saint mostrou porque está há tanto tempo na estrada.

Setlist:
1 - March of the saint
2 - End of the attention span
3 - Raising Fear
4 - Long before I die
5 - The pillar
6 - Last train home
7 - Left hook from right field
8 - Standing on the shoulders of giants
9 - Win Hands Down
10 - Can you deliver
11 - Reign of fire



Pretty Maids
Ao subir no palco, foi fácil perceber que o som continuava falhando, como aconteceu com as outras bandas. A voz estava baixa, a guitarra sumia às vezes e a mixagem estava meio bagunçada. Mas, mesmo com esses problemas, a banda fez o que a gente já esperava deles, balançar nosso coração.

Ronnie Atkins, o vocalista, chegou trazendo para o palco toda sua história e legado. Há alguns anos, ele foi diagnosticado com um câncer grave, e ao invés de se recolher, ele decidiu continuar vivendo através da música. Desde então, lançou vários discos, tanto solo quanto com o Pretty Maids. E no palco, mesmo com uma voz marcada pelo tempo e pela batalha, ele mostrou o quanto ainda tem para oferecer.


O setlist foi bem variado, com músicas de diferentes momentos da carreira da banda. Teve desde as clássicas, até as mais recentes como “Pandemonium” que fez todo mundo pular, inclusive eu. Mas o momento mais forte foi quando tocaram “Please Don’t Leave Me”. Ronnie interpretou com todo seu coração e alma. Foi possível sentir a dor em sua voz.

A banda, nunca teve muita visibilidade aqui no Brasil e só agora está tocando por aqui, mas foi recebida como se já tivesse passado por aqui milhares de vezes.



Setlist:
1 - Mother of all lies
2 - Kingmaker
3 - Rodeo
4 - Back to back
5 - Red hot and heavy
6 - Pandemonium
7 - I.N.V.U
8 - Little drops of heaven
9 - Please dont leave me
10 - Future World
11 - Love games



Doro
Antes do show da Doro começar, a expectativa era enorme. A rainha do metal, subiu ao palco com energia de sobra, e nos primeiros acordes de “I Rule the Ruins” o público enlouqueceu.

Diferente de sua última passagem por aqui, em 2023, quando abriu o Monsters of Rock no Allianz Parque, um pecado, diga-se de passagem, Doro desta vez ocupou um lugar de maior destaque O repertório seguiu sem mudar muito. Os clássicos do Warlock dominaram o show, Doro tentou arriscar falar em português durante todo o show, demonstrando o carinho pelo público e na balada “Für Immer”, esse carinho ficou evidente. A cantora incentivou o público a cantar a melodia central enquanto Bill Hudson assumia os teclados.

Entre os destaques recentes, Doro trouxe faixas do seu álbum de 2023, Conqueress, “Time for Justice” e “Fire in the Sky” (esta última escrita com Hudson, que brilhou na guitarra) mostraram que, mesmo com décadas de estrada, ela ainda segue relevante no cenário.

A cover de “Breaking the Law” foi um ponto alto no show e serviu de ponte para o encerramento com “All We Are”, aquele hino que transcende gerações e que, inevitavelmente, faz tudo terminar no alto.

Setlist:
1 - I rule the ruins
2 - Earthshaker rock
3 - Burning the Witches
4 - Hellbound
5 - Fight for rock
6 - Time for justice
7 - Raise your fist in the air
8 - Metal racer
9 - Fur Immer
10 - Fire in the sky
11 - Breaking the law
12 - All we are



Glenn Hughes
Na sexta-feira de abertura do Bangers Open Air 2025, quem fechou o palco Hot Stage foi ninguém menos que Glenn Hughes. A voz do rock como foi possível ouvir fãs se referindo ao Rockstar. A apresentação teve qualidade, foi bem-feita, tudo no lugar, mas acredito que todos tenham ficado com aquele gostinho de que algo faltou. Talvez faltou um pouco da energia que ele já mostrou tantas vezes por aqui. E não foram poucas. Desta vez, porém, o clima parecia outro. Talvez fosse cansaço, talvez fosse um “até logo” não declarado. Aos 73 anos, mesmo com a voz ainda impressionante, dava pra perceber que o corpo já não acompanha com o mesmo gás de antes.

O show focou só no período em que ele fez parte do Deep Purple, como “Burn”, “Mistreated” e “Stormbringer”. Tudo bem tocado, com uma banda afiada. Apesar disso, em muitos momentos parecia que tudo estava sendo feito no automático. Como se fosse uma obrigação, e não um prazer.

Até no visual Glenn estava mais timido. No telão, aparecia a arte da turnê “Classic Deep Purple Live”, cheia de cor e com imagens dele mais jovem. Só que no palco, a atmosfera era bem mais contida, até meio fria.

Claro que teve emoção em alguns trechos. Em “You Fool No One” e “Sail Away”, por exemplo, ele parecia mais solto, mais conectado. Mas no geral, o show ficou abaixo do que muita gente esperava e os problemas técnicos da sexta-feira também não ajudaram em nada. Teclado e guitarra baixos, vocal abafado, e até riffs pesados ficaram sem muito impacto.

No fim, foi um show digno, encerrando com a Burn, sem dúvidas a mais animada sempre e que mostra que a voz do rock ainda tem muito potencial vocal. Ver uma lenda dessas de perto é sempre especial.

Setlist:
1 - Stormbringer
2 - Might just take your life
3 - Sail Away
4 - You fool no one / Solo de guitarra / Blues / High ball shooter / You fool no one / Solo de bateria /
5 - You fool no one
6 - Mistreated
7 - Gettin Tighter
8 - You keep on moving
9 - Burn

Mais do que nunca, o Bangers Open Air 2025 mostra sinais claros de evolução em sua estrutura e organização. Ao longo do primeiro dia de festival, foi notável o cuidado da produção em tornar a experiência do público mais confortável e fluida. Um dos principais destaques foi a presença de diversos pontos de hidratação gratuitos, estrategicamente posicionados tanto ao redor dos palcos quanto próximos aos banheiros, uma medida simples, mas que fez diferença para o bem-estar dos fãs, especialmente sob o calor paulistano.

A estrutura dos sanitários também mereceu elogios, além da limpeza constante, a disposição dos banheiros evitou os tradicionais gargalos de grandes eventos. Mesmo durante os intervalos entre os shows, horários de maior movimentação e deslocamento, não se formaram filas imensas nem tumultos. Foi possível utilizar os espaços com tranquilidade.

Se as atrações musicais seguem como o coração do evento, a melhoria contínua na experiência do público prova que o Bangers Open Air busca, cada vez mais, ocupar o posto de festival referência no Brasil.

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