Mamonas Assassinas - O Filme é uma linda homenagem à banda

 

Se tem uma coisa que eu sempre defendi no cinema brasileiro, é alta qualidade com que as cinebiografias são feitas. Especialmente as de artistas. Cazuza, Tim Maia, Gal Costa e por aí vai. Agora, quase 30 anos depois, foi a vez dos irreverentes Mamonas Assassinas. A banda de rock que teve um sucesso estrondoso que durou apenas 8 meses, depois que um acidente aéreo tirou a vida de todos os integrantes.

Em 2016 houve um musical pra contar a história da banda, mas ainda faltava aquela homenagem registrada na sétima arte. O grande diferencial do filme talvez seja a sensibilidade de mostrar quem os 5 jovens eram fora dos palcos e atrás das câmeras. O Brasil todo conhece sua trajetória de sucesso e podcasts com o produtor Rick Bonadio contando como foi é o que não falta na internet.

Portanto, o longa foca em todo o processo não apenas criativo da banda, mas no crescimento dos Mamonas como pessoa. Dinho, Samuel, Julio, Sérgio e Bento foram mais humanizados do que estamos acostumados em cinebiografias de artistas. E funciona muito bem. O trabalho de elenco foi feito com esmero e evoca todo um drama pessoal inesperado no filme.

No longa, o ator Ruy Brissac reprisa seu papel de líder da banda como fez no espetáculo de 2016, mas agora num escopo maior de dramaticidade. As semelhanças físicas dos atores com os músicos reais são de cair o queixo e emocionar. Talvez o grande desafio de dramatizar a história dos Mamonas nas telonas seria traduzir toda energia e senso de humor dos rapazes de Guarulhos. Edson Spinello, diretor do longa, conseguiu essa façanha equilibrando bem os momentos de amizade da banda com os dramas pessoais.

Fato interessante. Oito músicas da banda foram regravadas e mais três da época em que a banda ainda se chamava Utopia. Uma decisão certeira, já que as músicas conhecidas oscilam entre as versões que a banda gravava como experimentação até evoluir para o que ouvimos no disco e nos shows ao vivo. Além disso, Spinello se livra do risco de os atores parecerem que estão fazendo playback das músicas originais. O som do longa é uma experiência à parte que faz com que seja obrigatório assisti-lo no cinema.

É evidente que longa também é uma grande homenagem ao sucesso meteórico que a banda teve. E para um longa demorou anos para sair do papel, o resultado é emocionante e faz jus à memoria dos Mamonas. O filme proporciona um arco de emoção semelhante com a história real. Na mesma medida que damos risadas com a química entre os atores, somos derrubados com violência emocional ao final, como se estivéssemos revivendo a tragédia que pegou o país todo de surpresa.

Com algumas pitadas de imagens de arquivos reais, Spinello traz para o espectador não apenas o sentimento de nostalgia, mas também arranca lágrimas de quem viveu a época. Em apenas singelos 90 minutos, Spinello consegue condensar toda a trajetória da banda com espaço de sobra para momentos mais dramáticos. O curto tempo de vida da banda permite um roteiro mais conciso, mas é mais que suficiente para contar uma história emocionante sobre amizade, esforço, luta, determinação e o poder de fazer um sonho acontecer. Afinal, nas palavras do Dinho, “o impossível não existe”.

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