Como a indústria de jogos lucra com títulos gratuitos?


A indústria de jogos eletrônicos vêm ganhando cada vez mais espaço no cenário de entretenimento global. Em 2023, a expectativa é que o setor ultrapasse pela primeira vez a marca de 3,3 bilhões de jogadores, quase metade da população mundial, faturando cerca de US$188 bilhões. O número fica ainda maior se compararmos com o cinema, que deve alcançar a faixa positiva de US$77 bilhões, com grandes lançamentos como Barbie e Oppenheimer. No Brasil, de acordo com a PGB deste ano, os games estão presentes no cotidiano de 70,1% da população. A plataforma favorita é o smartphone, com 51,7% de preferência, seguido pelos consoles (20,5%) e computadores (19,4%). Ainda segundo o estudo, 20.4% dos jogadores não têm o costume de pagar e 39% preferem títulos gratuitos. Mas, se o jogo é “free-to-play”, como o mercado lucra tanto?

Segundo 
Marcell Rosa, Gerente Geral Latam da CleverTap, plataforma de marketing especializada em engajamento e retenção de usuários com ferramentas específicas para aplicativos games, isso acontece devido a algumas características presentes na jornada do jogador: “Apesar do usuário não pagar para baixar o jogo, a forma como o universo é estruturado permite que as marcas criem oportunidades de compra dentro do aplicativo. Além disso, por ser um canal de extrema visibilidade, muitos títulos, assim como mídias tradicionais, usam a propaganda para ganhar dinheiro”.

Abaixo, o especialista discorre mais sobre as ações que fazem os games “free-to-play” ganharem dinheiro. Entenda:

  • In-App Purchases (IAP)

As compras nos aplicativos é uma das principais formas de lucro das marcas. Segundo um estudo da Newzoo, 43% dos consumidores brasileiros gastam dinheiro nos sistemas internos dos jogos. Esse consumo pode incluir tanto a compra de vidas para o gamer continuar jogando - o que também aumenta o engajamento com o usuário - como a aquisição de demais ferramentas que auxiliam na mudança de fase. Microtransações que aumentam as habilidades dos jogadores podem tornar o jogo até mais divertido.

  • Publicidade no aplicativo e vídeo premiado

Assim como as grandes mídias faturam com a publicidade, os jogos também vem apostando nessa estratégia. Isso acontece porque, em vez de obter muita receita de alguns jogadores pagantes, a publicidade no aplicativo ajuda as marcas a obterem um pouco de dinheiro de todos os seus usuários. E, de acordo com um estudo da Unity, 71% dos jogadores afirmam que anúncios em vídeo premiados são sua forma preferida de “pagar” por um jogo para celular. Colocados em momentos específicos da jornada do gamer, esses anúncios são desenvolvidos especialmente para o público-alvo e, muitas vezes, são inovadores e interativos, levando a pessoa a continuar se entretendo mesmo com a propaganda. 

  • Publicidade nativa no jogo

Os anúncios nativos do jogo integram um pouco dos dois tópicos contados anteriormente. Eles geralmente aparecem como objetos de marca dentro do jogo, como Nike Air Jordans aparecendo em Fortnite, Pokestops de marca em Pokémon Go ou outdoors em Grand Theft Auto. A chave para fazer isso funcionar é que os gamers conhecem seus players. Com isso, eles criam parcerias específicas que irão garantir a compra. A publicidade nativa só funciona se estiver integrada ao mundo e ao contexto do seu jogo. Do contrário, pode parecer ainda mais perturbador do que a publicidade normal e irritar seus jogadores.

“Mesmo o jogador entendendo que ele não está pagando por um título, ele não quer que o game seja interrompido por anúncios ou ofertas que não fazem sentido. O sucesso desse mercado se deve principalmente pela compreensão da marca pelas preferências dos usuários. Quando isso é feito, o jogador é mantido na plataforma e, além de tudo, engajado com a proposta”, finaliza Marcell.

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