A espera valeu a pena: 'Indiana Jones e a Relíquia do Destino' é um espetáculo imperdível

 


Um chapéu, um chicote e uma jaqueta de couro marrom desgastada. Esses são os principais elementos de um dos maiores heróis da história dos filmes de ação e fantasia. O arqueólogo, professor e aventureiro Indiana Jones, interpretado pelo lendário Harrison Ford, retorna às telonas para sua suposta última jornada.

A estrutura segue o padrão habitual. Uma cena de ação cheia de energia, em flashback, apresenta um Indiana Jones rejuvenescido digitalmente, com perfeição, estabelecendo o tom marcante que nos acompanhará nas próximas horas. A trilha sonora, com músicas dos Beatles e David Bowie, sinaliza a passagem do tempo, embora as aventuras permaneçam as
mesmas.

O Dr. Jones continua lecionando na universidade, apesar de seu humor rabugento e de sua aparência envelhecida. Naturalmente, o chamado para a aventura surge, conduzido por um "McGuffin" - termo usado na indústria para se referir a um objeto em torno do qual a trama principal se desenvolve. É um clichê, porém uma tradição dos filmes do herói. Desta vez, trata-se da Anticítera, um dispositivo criado por Arquimedes capaz de detectar falhas temporais. O brilhante Mads Mikkelsen interpreta o vilão, um nazista que vislumbra o potencial dessa relíquia e, assim, inicia-se um jogo de perseguição entre eles.

Aliás, o tempo é o elemento central da trama. O diretor James Mangold soube explorar esse conceito de diversas maneiras. Começando pelo próprio Harrison Ford, que em 2015 reprisou, pela última vez, o icônico Han Solo em "Star Wars: O Despertar da Força". O sucesso foi tamanho que, dois anos depois, ele retornou como Deckard em "Blade Runner 2049". E agora é a vez de Indy, algo que parecia inimaginável para um ator com 80 anos de idade.

Mesmo com a idade avançada, Jones não recusa uma nova aventura, e não demora para vermos o Indy dos anos 80 em ação. Logo no início, ele encontra Helena Shaw, sua afilhada, interpretada pela talentosa Phoebe Waller-Bridge, e a química entre eles é indiscutível. Um verdadeiro deleite nostálgico para os cinéfilos mais experientes. James Mangold se mostra um diretor à altura de dar continuidade a uma franquia tão icônica e querida. Ele respeita os moldes estabelecidos por Spielberg, mas também imprime seu próprio estilo, encontrando um meio-termo perfeito.

A grande beleza de "Indiana Jones e a Relíquia do Destino" está em não perder o brilho dos anos 80. Jones é um herói genuinamente humano, erra, hesita, aprende e, como sempre, encontra soluções mirabolantes nos momentos mais críticos. Ele é um cidadão comum diante de situações incomuns. O senso de humor do personagem, que reflete a própria personalidade de Ford, continua funcionando, tornando Indy um verdadeiro galã nas telas.

Revisitando a trilogia original, percebi que muitas cenas poderiam ser consideradas "pastelão" nos dias de hoje, com filmes repletos de efeitos digitais. No entanto, Indiana Jones mantém sua essência "pastelona", que diverte e emociona. O principal uso de efeitos digitais no filme é o mencionado rejuvenescimento de Ford, que é absolutamente impecável. "Indiana Jones e a Relíquia do Destino" é uma lição de como fazer uma sequência anos depois, assim como Tom Cruise fez em "Top Gun: Maverick" em 2022.

Embora o filme não aprofunde muito nenhum tema, essa não é sua proposta. Sua intenção é entregar um bom filme de ação e fantasia para os fãs nostálgicos. E não há nada de errado em se permitir um pouco de nostalgia de vez em quando. É verdade que o filme tropeça aqui e ali, como o subaproveitamento de Antonio Banderas na trama ou alguns temas relegados a segundo plano. No entanto, nada disso compromete a qualidade do filme nem a experiência do espectador. Indiana Jones é mais uma dessas sequências que ninguém pediu, mas que precisávamos e não sabíamos.

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