ENTREVISTA EXCLUSIVA: Di Ferrero fala sobre estreia de álbum solo, expectativa de volta aos palcos, relembra momentos de dificuldade na pandemia e muito mais



Muitos conhecem o Di Ferrero do NX Zero, mas quem é "fora da casinha" só sabe que a banda terminou, mas não que ele seguiu em carreira solo, então é mais sobre ela que pretendo focar aqui.

1 - Em 2017, pode ser que a banda estava em um dos seus melhores momentos criativos, com o "Norte" e também trazendo shows esgotados, como os que renderam o "Norte Ao Vivo" e apresentação no Buzina Festival. Que razão levaram ao fim da banda, num momento em que tiveram até trabalho sendo lançado num cinema lotado de fãs e amigos de vocês? E falando sobre o momento criativo, quais artistas foram suas maiores referências musicais em cada momento da sua carreira e o que você escuta atualmente?

Di: Bom, a banda não acabou, não foi o fim da banda. A banda deu uma pausa e eu acredito que a melhor coisa é quando a banda dá uma pausa no momento que ela está bem, não houve momento ruim, então isso foi uma coisa que a gente conversou no NX e foi todo mundo muito bem resolvido, sem brigas nem nada.  Foi a hora de parar, mas que estava tudo legal e bem. 


Sobre os artistas que ouço e referências, são nomes que cresci ouvindo todos ali dos anos 90 né, os grunge todos, NIRVANA, PEARL JAM , essas coisas e depois comecei a entrar mais no Hardcore, NOFX, Face To Face, até o Charlie Brown Jr., CPM aqui no Brasil e tal. Foi uma volta pra casa hoje, com coisas que me influenciaram, mas também com artistas novos, tipo Frank Ocean, Lil Nas X, The Weeknd que eu sou muito fã e outros reouvi, como Blink, Twenty One Pilots, Strokes, Arctic Monkeys, Paramore, The Neighborhood, My Chemical Romance, Thirty Seconds To Mars, Jimmy eat the World... Tem tanta coisa.

2 - Um tempo depois você apareceu em carreira solo. Conseguiu trazer público da banda para seu projeto solo ou foi um novo começo nesse quesito? Quais foram as principais dificuldades dessa nova etapa de sua carreira?

Di: Bom, depois que eu comecei a minha carreira solo, primeiro que eu estava bem receoso né, eu não sabia nem se eu ia lançar uma música ou não, se eu ia, sei lá, morar fora, estava com uma ideia de morar fora, estava na dúvida do que eu ia fazer, ai eu comecei a fazer... Primeiro eu fiz um álbum inteiro que eu nunca lancei, que é o meu álter ego né, que é o JOSÉ, e depois eu comecei a curtir um som com outras pessoas, conhecer novos produtores e tal , fazendo minhas correrias e eu fiz 'Sentença', inclusive um dos caras que fez comigo foi o Gee do NX, que ele fez algumas músicas da minha carreira solo.

E ai, depois dessa música que era totalmente diferente do NX, de tudo o que eu fazia, eu vi que a galera curtiu, aceitou, apesar de ser diferente e aí eu comecei a lançar singles, fazer bastante shows, o público do NX, muitos colaram, muito gente começou a ouvir também, na minha carreira solo, enfim agora eu to num momento seguro para lançar meu primeiro álbum.


3 - No seu segundo ano, houve o lançamento de "Sinais - Parte I", que pudemos acompanhar no escritório da Universal Music Brasil e traz seis faixas, entre elas uma participação com Gee Rocha. Além dessas faixas, vemos algumas músicas em seu canal, como 'Você Devia Se Amar', 'Freeman', 'No Mesmo Lugar' e 'Amor Falso'. Essas faixas podem fazer parte de um futuro ' Sinais - Parte II', ou ela contará somente com inéditas?

Di: Bom, na verdade esse Sinais Parte I pretendia ter um parte II, mas com a pandemia e com todas as coisas que aconteceram essa vontade se dissipou. Eu dei um tempo, como todo mundo, dei uma respirada e vivi outras coisas, manifestei outros sentimentos na hora de escrever, que, é o que tá saindo agora que eu comecei a lançar agora como o 'Aonde É o Céu'.

4 - Do lançamento de "Sinais Sessions" para a quarentena que estamos atualmente (por conta própria, pois se dependesse de quem governa o país, não teríamos nem entrado), no início ela pegou todo mundo de surpresa, principalmente quem trabalha com cultura, eventos e shows como nós. Como isso te afetou e o que conseguiu fazer para se manter mesmo sem ter como ter uma renda presencialmente?

Di : Bom, eu parei muito no começo né, inclusive antes da maioria das pessoas, porque eu fui um dos primeiros casos de Covid. Foi um momento difícil pra todo mundo né e logico pro meio artístico depois a gente foi analisar bem e a a gente falou : “pô realmente vai ser complicado", claro que eu tive que remanejar várias coisas da vida, mudar minha estratégia do que eu fazer, onde gastar meu dinheiro, até porque a gente não sabe o que que vai acontecer e também minha equipe e na musica no geral, a galera que trabalha ali no backstage principalmente, isso foi complicado. Eu e alguns outros artistas, a gente tentou segurar ao máximo, depois a partir de algum momento que, não tinha nem perspectiva de volta, a gente nem sabia mais o que ia fazer nesse sentido. Eu vi outras coisas pra fazer, além da musica, tem outras coisas que estou fazendo, no ramo de Sustentabilidade, de construções sustentáveis, tem alguns projetos ali na Serra da Mantiqueira, e outras coisas que eu quero fazer no futuro que eu também me apaixonei, mas é logico que nada se compara a fazer musica e a tocar, então não vejo a hora de voltar.

5 - Logo no começo da pandemia, você foi diagnosticado com Covid-19 e ainda bem que conseguiu se curar, mas como foi esse período? O que você sentia e como foi para se recuperar?

Di: Ah, foi um período de muita aflição e incerteza. Eu me senti mal fisicamente, eu fiquei muito rouco durante um tempo, mais de um mês, sem conseguir cantar e isso me deixou triste, porque eu canto sempre, canto todo dia praticamente (risos), se não for na brincadeira, é cantando. Foi um baque né pra mim, até por que ninguém sabia, não tinha nem ideia de quando ia ter vacina, foi muito no começo, mas depois eu consegui me recuperar, acabei fazendo um som logo depois que eu voltei a cantar, assim, na primeira sentada na mesa com o violão, que eu consegui tocar foi uma música chamada 'Vai passar' , pelo menos ela me confortou e tal e acho que algumas pessoas também, mas foi um momento complicado pra todo mundo, difícil e eu fico feliz de agora a gente enxergar essa luz ai né. Daqui a pouco a gente entra nela, mas pelo menos enxerga ela mais de perto.


6 - Pós recuperação, creio que se viu mais ainda na obrigação de ficar em casa, com tudo que andamos passando de maneira nacional e global. Ter de ficar em casa vendo tudo o que está acontecendo no país/mundo ajudou de certa forma a construir novas músicas? E o que te fez resgatar essas referências de certa forma antigas e diferentes da proposta revelada anteriormente no EP 'Sinais Parte I'?

Di: Ao mesmo tempo que, depois, após recuperação, eu fiquei em casa o tempo inteiro e por um lado né eu tive esse privilégio de ficar em casa, muito gente não podia ficar... Mas eu não tinha outra coisa a fazer até então a não ser tocar, tentar fazer som, e então, com tudo o que estava acontecendo no mundo, com as crises, além do Covid né... A pandemia que brecou tudo e muita gente mudando de ramo talvez, largando uma coisa, saindo da cidade, dando uma pausa no sonho, na rotina, todas essas histórias, tudo isso para mim eu tive que botar pra fora de alguma forma porque tudo isso ao mesmo tempo que é uma luta né, também, eu sou como uma esponja as vezes, fica em mim, essas sensações, as historias das outras pessoas, não tem como.

Então eu transformei tudo isso em musica sempre, que é a minha válvula de escape, e algumas coisas do álbum, tem a ver com isso, mas digo o álbum também, mas vamos dizer assim, pra cima, ele está pensado no AO VIVO, em show, ele já é um outro momento nessa parte assim, é um pós... Após apocalíptico, eu estou chamando.

7 - Depois do NX, você trafegou por músicas solo trazendo feats de artistas como Rashid, Maneva, Vitão, Iza, Thiaguinho e até mesmo um 'remember' com o Gee Rocha, antes de agora voltar a ter uma banda, mesmo que seja de um trabalho solo, trazendo até integrantes do Cine. Para você qual é a diferença entre o modo de trabalhar no NX e como está sendo trabalhado atualmente no álbum a ser lançado? Já sobre os feats, podemos esperar novos em breve?

Di: Ah eu gosto, gostei muito de fazer feats, de tocar com as pessoas né, na pandemia mesmo eu lancei uma com a Iza, que deu bonzaço, a gente fez o clipe e foi uma experiência legal, mas agora é um outro momento né, e outro momento dessa parte de pandemia, e outro momento do NX , é um fase nova, e não tem como comparar nenhuma das fases porque é novo pra mim, é novo pra banda, que está comigo, que o Peracetta na batera, o Rodari que é um puta artista também, o Dan Valbusa que produziu o álbum comigo, que é do Cine, e também o Bruno que também era do Cine e tal que enfim, vai desenhar meu show... É uma galera criativa que, que eu pretendo fazer mais músicas juntos, a gente está muito empolgado para ir para a estrada, muito, muito porque eu sei que vai ser um puta show e tem muita gente órfã disso, tem muita gente esperando por isso, tem muita artista novo também que eu quero tocar junto, tem um cena muito boa acontecendo e eu sei que o ano que vem promete.

8 - Sobre o álbum a ser lançado em fevereiro, o que podemos esperar dele? Algo mais voltado a sonoridade de 'Aonde É O Céu'? Faixas mais rockeiras? Baladas? Uma junção que vai de bater cabeça nos futuros shows a chorar com lirismos mais reflexivos?

Di: Bom , não é tão simples falar o que pode esperar porque eu não acredito muito em expectativas, mas eu posso dizer (risos) que depois de tantos anos, né, enfim cantando, desde criança eu canto na verdade, mas contando a época ali desde os meus 16 17 que eu estava no NX , agora na minha carreira solo tal, eu me senti seguro pra fazer o meu álbum solo e isso pra mim é muito grande. É...tem muita coisa, tem muito som, está totalmente pensado para AO VIVO, tá mais rock’n roll, mais também tem muito pop, tá meio indie, tem umas faixas meio indie assim que eu gosto também, tem uma balada. 

E as letras, as pessoas que me acompanham, conhecem a minha essência e eu falo sempre do cotidiano, mas eu estou cada vez amadurecendo mais e expondo de uma outra forma, então vocês podem esperar que vai ser um álbum muito sincero, muito cru, transparente e isso vai se refletir com certeza nos shows.

9 - Lembrei que estivemos presentes na Audição de "Sinais Parte I", que rolou na Universal Music e foi incrível.... Você planeja fazer algo parecido com o álbum a ser lançado? E shows, já está rolado conversas sobre fazer algum em breve? Com muito tempo sem shows, creio que a galera deve estar alvoraçada pra te ver... O que pensa sobre essas duas possibilidades, pode adiantar algo pra gente?

Di: Eu pretendo pra ser sincero ao invés de fazer um lançamento, um coquetel tal, eu quero já fazer um show, e logo a gente fala sobre... vocês vão ver datas logo mais, irei direto ao assunto. 

10 - Falando na galera alvoraçada, tem um algo recado que gostaria de enviar para os fãs, leitores do site e admiradores de música no geral?

Di: Ah, recado pra minha galera né, é família né , desde lá de trás até agora, que eu estou morrendo de saudades, que vocês podem ouvir o álbum no som no talo porque, essas músicas tão me fazendo muito bem e tão me fazendo levantar, andar, sair, buscar, lutar, dar risada, ser feliz, sonhar e é o que eu espero que todo mundo sinta quando escute as músicas, é isso Acho que é meu papel agora é botar a galera pra frente, botar uma luz ai, bota uma energia, uma vibe pra lavar a alma junto, então amo vocês e obrigado gente.

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