Resenha do filme "O Mistério do Relógio na Parede"


O Mistério do Relógio na Parede – Dir: Eli Roth


Quem é cinéfilo e acompanha a carreira de Eli Roth sabe que o ator e diretor americano é apaixonado pelo horror. Já atuou e produziu diversos filmes do gênero e a violência visceral é uma de suas principais assinaturas e o que o colocou no mapa de Hollywood. Porém, Roth agora se aventurou em um novo território e o resultado foi um grande acerto no alvo.


Seu novo longa é o sétimo como diretor e ele prova que também é capaz de contar uma história divertida, do universo infantil e perfeito para toda a família. O Mistério do Relógio na Parede é um conto infanto-juvenil baseado no livro de mesmo nome do autor John Bellairs. O elenco é um trio composto por ninguém menos que o sempre hilário Jack Black, a diva Cate Blanchet e o jovem Owen Vaccaro como protagonista.


A história se passa em 1955 e começa com Lewis indo morar com seu tio Jonathan (Black) e sua vizinha esquisitona, a Sra. Zimmerman. Logo o pequeno Lewis descobre que a casa tem seus segredos mágicos e um passado sombrio. Jonathan passa a ensinar mágica a Lewis e aos poucos os dois, com a ajuda de Zimmerman começam a investigar os mistérios que circundam a casa e um mal é libertado e agora devem reparar o erro para salvar o mundo.


A princípio os personagens e o roteiro poderiam cair facilmente em clichês e estereótipos. Lewis é o típico personagem mitológico: um órfão que encontra dois amigos e embarca em uma aventura sob medida para a criançada. Felizmente o acerto de Eli Roth e seu elenco é indiscutível. Não que seja uma aventura épica, mas o longa com certeza é agradável e rende boas gargalhadas.


Além disso, há muitas semelhanças com outras histórias de fantasia e magia. Os espectadores mais fanáticos vão adorar a caça às referências a Harry Potter, Senhor dos Anéis e outros filmes do gênero. O roteiro é leve e a história é de fácil compreensão para quem não leu a obra original. Sem dúvidas Roth surpreende por pisar num território tão diferente de seu habitual e se sair impecavelmente bem.


Jack Black e Cate Blanchet ajudam a conduzir a trama que talvez ficasse mais entediante se fossem interpretados por outros atores. Black além de hilário sabe também ser dramático quando precisa e é um excelente mestre para seu aprendiz. E Blanchet, apesar de toda sua força e poder como atriz também se mostra humilde em saber lidar com um papel quase secundário e ainda assim, roubar muitas cenas e aproveitar boas piadas.


Na comparação mais direta com a franquia Harry Potter, é interessante notar que apesar de infantil, o longa é também sombrio, macabro tornando tudo em quase uma história de terror para crianças. E mesmo assim não chega a ser macabro demais. É um filme ao mesmo tempo fácil e de qualidade, mas também maduro, sério com uma trama sólida. Vale a recomendação e um merecido selo de aprovação para Eli Roth, que seja nos seus projetos costumeiros ou em se arriscando em um novo gênero, acerta em cheio em satisfazer seus diferente públicos sem, aparentemente dificuldade alguma.
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