10 Melhores shows nacionais de 2017

Mais um ano está chegando ao fim e a quantidade de shows que vimos segue uma crescente, comparada aos outros anos que fizemos nossas listas de final de ano. Mais de 140 shows na bagagem do site para 2017, maior ainda é dificuldade de listar os melhores shows internacionais que cobrimos. Teve Rancore, Sugar Kane e o Rappa nas suas últimas turnês, Esteban lançando terceiro disco solo, Vanguart comemorando 50 anos de Sgt Pepper's e muito mais que poderá ser lido ao longo da matéria.

#VoltaRancore - Último show na capital



No começo de Fevereiro e com casa tão lotada quanto aos shows internacionais do Tropical Butantã, o Rancore fez o último show da tão esperada e sucesso de vendas #VoltaRancore em São Paulo.


Há três anos sem fazer show (o último havia sido ali perto, no Carioca Club), a banda anunciou uma turnê que mexeu com a cabeça, bolso, coração da galera e também com as redes sociais e os sites de vendas que travaram rapidamente e renderam sold-out para diversos shows da turnê que passou três vezes pela capital (2x no Hangar 110 e esse show no Tropical Butantã).

Como purificar a alma até de quem nunca tinha ouvido a banda? Pois esse é o caso de quem está (até o momento dessa palavra) escrevendo esse texto e conseguiu sair relaxado e realizado do Tropical Butantã, num show que consegue transmitir muita emoção, energia positiva, palavras positivas, pensamentos de paz, tudo isso mesclado a porra louquice do público (que tem uma energia infinita enquanto a banda está no palco), as palavras faladas por Teco Martins entre as músicas, além de toda a qualidade técnica da banda.

Podem falar o que for do estilo musical, mas nada como um bom barulho em nossas cabeças para fazermos esquecer de todos os problemas que vivemos no dia-a-dia por essa cidade grande e conturbada que é São Paulo. Fugimos, ao menos por umas horas, de todos os problemas, quando cantamos até perder a voz, tiramos camisa, rodamos, pulamos, gritamos, libertamos nossos mentes, nossos demônios e nos deparamos com cada desses acordes executados de cima do palco.


Esteban Tavares - Lançamento "Eu, Tu E O Mundo"


Marcado para às 00h, pontualmente uma linda projeção com a capa do disco foi exibida na parede de fundo da casa de shows, junto com a banda que subiu no palco e abriu o show com Primeiro Avião, faixa que também abre o disco.

Passando também pelos outros discos de estúdio, Canal 12 e Chacarera da Saudade foram tocadas antes de Basta, que assim como Primeiro Avião, foi muito bem recepcionada pelo público, que entoou cada parte da letra.


A favorita de Esteban também esteve no repertório, após relembrar mais uma vez discos anteriores como Sophia e Pra Ser, a música Noites de Berlim trouxe o momento mais deprê do show, tanto pela melodia, quanto pela letra que fala sobre lembranças, noites sem amor e outras coisas.


Depois de grande parte do show ter sido feito com ele no teclado, Esteban fez a primeira dobradinha de músicas ao pegar a guitarra para tocar Fotos Instantâneas e Naquela Esquina, algo que também ocorreu em Partindo, música dançante, com influências explícitas do rock latino e que também é uma das faixas de Eu, Tu E O Mundo.

Voltando para o teclado, foi a vez da calma Sétima Maior entrar no repertório e ser a última faixa do novo disco a estar dentro do show. Músicas como Martes, Segunda-Feira e Carta Aos Desinteressados ainda estiveram no show, que teve 18 músicas tocadas durante 1h30.

Fresno - Buzina Festival


Se eu nunca havia simpatizado com o que a Fresno havia trazido em seus discos, até chegar a obra-prima A Sinfonia Em Tudo Que Há, me encantou de primeira com tamanho talento individual de cada um deles, a qualidade musical e a simpatia de Lucas, que agradeceu ao público 298 (claro, modo de falar) vezes por estarem presentes no festival, por fazerem parceria com a banda e fazerem parte dele por quase 18 anos.


A primeira música do último disco também foi a primeira música do show, que seguiu passando por músicas como A Maldição, Deixa Queimar, Hoje Eu Sou Trovão (ambas do disco  mais recente), Diga Parte 2 (do disco Infinito, que sempre gosto de cita-lo como um álbum fundamental para o crescimento e evolução musical da banda) única faixa que foi feita em parceria com o Tavares, num disco que já não tinha mais ele e já tinha a parceria com Lucas Lima. De uma maneira superficial, é nítido que a banda cresceu muito mais após a saída de Tavares e ele cresceu muito mais fora da banda, quem ganha são eles e os fãs, com dois trabalhos fantásticos. Milonga é mais uma feita em parceria com Tavares.


Em Axis Mundi, faixa presente nesse último disco, podemos ver todo um resumo de toda a evolução musical, que começa com um som de bagunça, revolução e depois a calmaria, que se segue com a letra da música. De fato, se tivemos um dos amores cegos e, que no fim não dariam certo, os resultados seriam exatamente essas palavras e todas esses harmônias, bagunçadas e depois calmas, assim como Lucas disse antes de começa-lá no show.

Chegando perto do fim do show, Lucas falou sobre os fãs que fazem parceria com a banda há quase 18 anos e que dão forças para eles continuarem e fazem ter certeza de que, quando eles não estiverem mais aqui, tudo isso valeu a pena, pois o público, por 1h e pouco de show, em cada do show deles, não queria estar em lugar nenhum do planeta, somente ali Isso era percebido pela energia "fodida" que o público passava, cantando, cantando e cantando cada palavra, cada trecho, cada música e, justamente por isso e para não "cortar a brisa da platéia", ele só cumprimentou o público e trocou algumas palavras a partir do momento que o show iria trocar de estilo. A música que resume toda essa conexão banda-público é Eu Sou A Maré Viva.

Vanguart - 50 anos Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band


No dia 1 de Junho de 2017, o disco Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band completou 50 anos e, dentre diversas homenagens, é bem difícil que alguma tenha sido tão linda quanto a da Vanguart, que trouxe o show Liverpool em Cuiabá para o Centro Cultural São Paulo, de forma gratuita.
Ao entrar no local, víamos os instrumentos de corda, um lindo piano, teclado e bateria posicionados para o espetáculo. Lembrando 2015, quando tocaram o disco Rubber Soul na íntegra, pensei que só poderia sair algo muito lindo do talento de Helio Flanders, Fernanda Kostchak, Reginaldo Lincoln, David Dafre, Julio Nganga e Kezo Nogueira. Não deu outra.

Tão fãs como quem estava assistindo, a banda ficava na duvida de tocar igual os Beatles, versões diferentes e acabou fazendo uma mescla que dizem ser o jeito "emoção" de ser tocado, trazendo novos arranjos e, na banda multi-instrumentista, fazendo versões tão boas ou melhores que a dos garotos de Liverpool. 

Helio deu voz as músicas de John Lennon, toca violão e piano, David Dafré deu voz para a música de George Harrison, mas ainda tocou guitarra e clarinete, Reginaldo cantou Paul McCartney e, como o Beatle, tocou violão e baixo.


Musicas como Within You Without You, repleta de instrumentos indianos, foi comandado pelo violino de Fernanda e a bateria de Kezo Nogueira, que executaram com maestria uma das músicas mais difíceis de serem tocadas. Outra muito difícil, mas que ficou lindíssima na versão da Vanguart foi A Day in the Life, que originalmente conta com uma orquestra de 40 pessoas e a foi tocada com todos seus compassos finais, ou na ligação entre a parte John e Paul da letra, de modo impecável com violão, guitarra, bateria e piano.


Além das músicas do show, tivemos I'm the Walrus, música que mais agitou o público, por conta dos "Wooh" presente na letra dela, também pelos solos de violino e encaixou perfeitamente para o encerramento do show.

Sugar Kane - abertura da turnê 20 anos - Hangar 110


No começo de Julho, Sugar Kane voltou à ativa, para comemorar 20 anos na estrada, tocando pela penúltima vez (já que depois anunciaram mais um show por lá) no Hangar 110, casa que fechou as portas último dia 23.

Unindo os fatores de uma estreia de turnê, com o último show da banda no icônico Hangar 110, um enxame de público aguardava o Sugar Kane, enquanto o local ficava praticamente impossível se locomover. Adolescentes, adultos, idosos, cadeirantes... Havia uma variedade de estilos e idades, unidos por só uma banda, que subiu ao palco por volta das 22h e, logo a partir de Fui Eu, primeira música do show, liberou quem foi ver a banda de fazerem stage diving, até Me Façam, última música do show.
Capilé avisou que o show seria longo e foi o mesmo, o público não se importou em perder todas as suas vozes, cantavam em coro músicas como A Máquina Que Sonha Colorido e Todos Nós Vamos Morrer. Essa energia do público foi recompensada músicas a seguir, quando tocaram Other Ways to Lose, presente do primeiro disco da banda e nunca tocada ao vivo.

Dentro desse público, estava alguém que pulou do palco no primeiro show do Sugar Kane visto por ele e no Hangar 110 trabalhou como roadie da banda: Teco Martins, do Rancore, estava visivelmente entusiasmado e entre trabalhar e assistir ao show, ainda ajudava as meninas a fazer o stage diving.


Algumas músicas depois, um eterno membro da banda subiu ao palco para fazer sua participação nessa noite de estreia e Flavio Guarnieri comandou o baixo, mais uma vez mostrando sua presença e destaque, reeditando a cozinha com o baterista André Dea (ambos foram do Vespas Mandarinas) nas músicas Marcha, Revolução e Rockstar.

Encaminhando para o final, a banda ensaiou uma saída de palco, mas voltaram com o Capilé falando que em 20 anos de banda, não aprenderam a fazer o falso fim. O último trecho teve Vini cantando Detalhes (aquela mesma do Roberto Carlos), Divinorum, Despedida e Me Façam Entender.


O Rappa - Turnê de despedida - Clube Atlético Aramaçan





Se apresentando pela última vez em Santo Andre, assistimos ao show do Rappa de cima do palco, que começou passando por músicas como Anjos (Pra Quem Tem Fé) e Uma Vida Só, fazendo já "cair abaixo" o Clube Aramaçan, embalando o público das pistas comum e Premium lotados. 



Uma banda impecável, com Marcelo Lobato tocando teclado, sanfona, xilofone, escaleta, um DJ que faz a parte de mix um moderno gramofone (parece que não daria para encaixar essas duas palavras numa frase só, certo?), e Marcelo Falcão, que não somente canta, como agita o público e, seguindo o formato do último trabalho lançado, se dedica também ao violão em algumas músicas.

Trechos do show, filmados por nós, no palco:



Rael - Clube Atlético Aramaçan



No mesmo dia d'O Rappa, Rael também subiu no palco do Aramaçan e se apresentou para cerca de 4 mil pessoas.
Num repertório longo, confesso que fiquei impressionado por toda a qualidade vocal e instrumental de Rael e Companhia, que consegue levar para o palco algo que é tão fiel ao estúdio, com voz impecável principalmente em faixas como Ela Me Faz e Envolvidão, maiores sucessos dele e músicas que de fato eu conhecia, além de Caminho, música presente no FIFA World Cup 2014 e que eu não sabia que era dele.

Os Mutantes - 3 Olhos Music Festival


Foto: Leandro Pena
A primeira edição do evento psicodélico 3 Olhos Music Festival, trouxe Os Mutantes como atração principal e todos os integrantes mostraram que podem sim carregar esse nome com maestria.


A casa, assim que o show começou, voltou toda sua atenção para as seis pessoas que estavam no palco, tanto quanto fãs como funcionários, que vez ou outra passavam e paravam para ver história viva.

Sérgio, assim que entrou no palco, conversou com o público, entre risos: "Oi, São Paulo. Isso aqui é um festival psicodélico, né? Quem aqui tomou ácido? Deixa eu ver who's experienced... pouca vergonha." E logo começou a tocar Tecnicolor

A escolha do setlist deixou muitos apreensivos, pois são hits acalorados, pesados e conhecidos durante a trajetória mutante. Escolher um e deixar outro de fora, talvez chateasse algum fã. Na verdade, seria dificílimo agradar a todos os fãs presentes - talvez um show de 5 horas fosse capaz de abranger todos os sucessos da banda. Mas outra verdade é que ninguém saiu decepcionado desse show.

Bat Macumba, sucesso de 1968, foi a escolhida para prosseguir o show, com um versão de quase 7 minutos, contou com 3 minutos de solos do Sérgio, que foi o primeiro dos vários momentos onde ele mostrou muita técnica e alma. 

O ponto do alto da apresentação, com certeza, foi Balada do Louco, que o público cantou em plenos pulmões, dando arrepios aos presentes.

Com 1h30 de apresentação, a banda após encerrada a apresentação, ainda voltou para um bis com Panis et Circenses, fechando com chave de ouro o único show dos mutantes pela capital paulista.

Gravação CD Cachorro Grande


Nos dias 23/24 de Junho, aconteceu aconteceu a gravação do primeiro disco ao vivo da banda Cachorro Grande e a gravação de parte do documentário da história da banda que será lançado em 2019, quando eles comemorarão 20 anos de estrada.

A gravação contou com a participação de Samuel Rosa, vocalista da banda Skank e foi feita em duas noites, com direito a diversas repetições e um público incansável e insaciável por música.


Acompanhamos a segunda noite de gravação e pudemos ver uma casa cheia, pronta e ansiosa por participar de um disco ao vivo. O show ser definido como épico para a banda, já que eles executaram todas as músicas com perfeição nunca antes vista; a voz de Beto Bruno - marca registrada da banda - nunca esteve melhor. Sincronia e entrosamento eram evidentes entre os integrantes e o público que respondia à mesma altura, gritando cada refrão, cada backing vocal, para os 4 microfones que foram posicionados acima da plateia para captar a participação da mesma, que não parava em nenhum momento.


Entre clássicos e músicas raramente tocadas ao vivo, o quinteto passou por seis discos da carreira - evitando, de certa forma, os discos Cinema e Baixo Augusta -, talvez deixando um ou outro fã no desejo de ouvir alguma raridade.



As músicas foram recebidas, num geral, calorosamente pelo público, mas é nítida a recepção que os fãs têm com Electromod. Na época de lançamento, a mesma causou muita confusão entre fãs engajados politicamente, que afirmavam que a banda havia assumido publicamente uma posição política. A banda chegou até a mudar a letra em shows, mas, apesar do ritmo contagiante e de ser a canção "carro-chefe" do último disco da banda, a mesma ainda não empolga os fãs, que, aparentemente, aproveitaram para descansar um pouco as cordas vocais no refrão e dar o melhor de si na reta final do show.



A escolha da música para cantar com Samuel Rosa realmente surpreendeu a todos, deixando a questão no ar: quem escolheu "Você Me Faz Continuar", música que abre o disco Todos Os Tempos, para a parceria? A música, claramente, poderia estar num disco do Skank e isso foi evidente no momento, mas a canção é de Marcelo Gross e mostra um dos lados sensíveis da banda, marcando a presença das baladas românticas, sempre recorrente nos discos.


Outra escolha foi o single, Sinceramente, que aqueceu os corações apaixonados na noite e foi cantada em coro pelo público. Samuel Rosa, como ele mesmo brincou na sua conta no Instagram, facilmente pode ser o sexto cachorro.


Resenha completa aqui.


MODS Mayday




Em Fevereiro, o Morfeus Club foi o local escolhido para o MODS Mayday, evento responsável por trazer de volta a inquietação na alma dos jovens cosmopolitas. O último show da lista é um evento, mas o que conta na verdade é o conjunto completo desse dia.

Conforme as horas passavam antes dos shows começarem, o local enchia com os fãs, com quem se identificava ou estava apenas curioso para ver como é um mod, já que ninguém entende um. Fred Perry, saias, referências ao The Who, The Jam, o uso do The Roundel em camisetas e na pele, além de chapéus e muito estilo marcaram o evento, mostrando que por mais rebeldes que sejam, a elegância está sempre presente. 



Por volta das 18h30, Os Artefactos - formado por Gabriel Guerra (voz e guitarra), Caio Zanini (voz e guitarra ), Ciro Jarjura (gaita, percussão e voz), Caio Hafermann (contrabaixo) e Victor Keller (bateria) -  subiram ao palco e apresentaram músicas originais e covers, como I Don't MindTema ArtefactosDescendentesTake What I WantI Gotta Make Her Mine e outras. Enérgicos e novos na cena, foram muito bem recebidos pelo público.  

A discotecagem entre um show e outro ficou por conta de dois DJs ótimos e envolvidos com o movimento mod, Cintia Sixtie e Kalota conseguiram manter a festa animada sem nenhum defeito, tanto no bar quanto na pista, pessoas dançavam e conversam agitadas pelo revival que a cena ganhou no dia. Se o movimento estava adormecido, com certeza ganhou um motivo para aparecer novamente por São Paulo. 

Logo após, Efedrinas formado por Rennan Martens (voz), Luiz Masi (baixo), Caetano Sevilla (bateria), contaram com a ajuda de Gabriel Guerra/Caio Zanini na guitarra. CopanCosmopolitaCírculosSetas foram algumas músicas apresentadas pela banda que já está há mais de dez anos se dedicando à música.

Modulares, composto por Jun Santos (voz/guitarra), Pedro Carvalho (guitarra/voz), Gabriel Guerra (contrabaixo/voz) e Fábio Barbosa (bateria), trouxeram um show frenético com Jun nos vocais e preciso com a bateria de Fábio Barbosa, sendo marcantes para o público. Conspiração de Círculos e SetasNoites, Ruas, Elegância e Rebeldia, e Ignição fizeram parte da apresentação.

Trazer bandas de volta a ativa, pode ser improvável, mas não impossível para os organizadores. A volta do The Charts para uma apresentação única - por enquanto-, com certeza foi o ponto alto da noite. Adorados por quem os acompanhou na década de 90 e por quem não teve a possibilidade para tal, o público foi o loucura quando apareceram para finalizar o evento.

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