Adeus Hangar, no cemitério das boas intenções

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Texto: Guilherme Rodrigues
Em 2011, mais precisamente no dia 18 de dezembro de 2011 eu fui ao meu segundo show da banda Fresno, que no lugar que esse ano, 2017, encerra suas atividades, Hangar 110.

A banda estava recém-saída (ou quase) da gravadora Universal, e nessa pegada, a banda havia lançada o seu novo EP, Cemitério das Boas Intenções, que tinha uma pegada de guitarras muito mais pesada e com muitas mais distorções do que em todos os discos anteriores, até mesmo os primeiros fora de gravadora, que embora as guitarras dos primeiros discos fossem também pesadas, eram bem mais sujas.
Isso sem falar da força dentro das letras, que deixaram de ser músicas românti9cas para se tornarem músicas desbravadores, que mexem com temas mais profundos da vida, como existência, crenças, etc.

E assim que esse EP saiu, foi um balanço inacreditável no público da banda, pois muitos apoiaram e pilharam demais na nova "forma de ser" da banda, porém uma parte dos fãs não curtiu muito a mudança musical até banda, alguns chegaram a se sentir "traídos" pelo grupo, bem, tem coisas que nunca vamos entender.

Ainda assim, mesmo com a divisão de do público da banda, o show de lançamento do EP foi um sucesso de vendas, o saudoso hangar 110 ficou cheio até as cabeças, literalmente. Para todo lado você via gente passando mal e pessoas sendo carregadas para fora da casa de shows.

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O tempo que parecia uma eternidade em meio aquele caos que foi o hangar em sua máxima lotação, pelo menos a máxima que eu tenha presenciado, finalmente passou e a banda Fresno entrou no palco, com a sua formação "clássica", com Lucas Silveira nos vocais/guitarras, Vavo nas guitarras, Tavares no baixo, Bell na bateria e Mario nos teclados.

O show já começou com a primeira faixa do novo EP, Crocodilha, que tem um conjunto de bateria e riff inconfundível, fomos pegos de surpresa, quando na maioria das vezes as aberturas dos shows trazem hits mais confortáveis para a banda, mas não, dessa vez eles quiseram diversificar e assim foi, começamos a pular e cantar, a roda se abriu ao pedido feito por Lucas mexendo a mão em círculos no ar e começou o quebra quebra.

O show seguiu com misturas de músicas do álbum Redenção, Revanche e o EP Cemitério das Boas Intenções e por fim, fechando com o carro chefe do EP, A gente morre sozinho, depois de um discurso efusivo que abriu questões existenciais irresolvíveis na cabeça de todos e por fim clamou a independência recém recebida da banda, o show acabou com o baixista Tavares se jogando no meio da galera e finalizando um dos melhores shows da minha vida de forma memorável, tanto que, cá eu estou eu aqui relatando de cabeça cada detalhe, que possivelmente eu possa ter errado, quem sabe.
Por fim, gostaria de agradecer a esse momento a toda a banda que conseguiu proporcionar esse momento não só pra mim, mas para mais várias centenas de pessoas que estavam presentes no lugar e que sentiram aquele chão tremer e as paredes vibrarem, paredes e chão de um lugar incrível, que trouxe essa e outras felicidades para muitos jovens em São Paulo, obrigado Hangar 110, adeus e mais uma vez, obrigado, infelizmente descanse em paz no cemitério das boas intenções.
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