The Story So Far e a cena de Pop-Punk em São Paulo

Foi no colegial que eu entrei em contato com o pop-punk. Conhecia um pessoal dois, três anos mais velhos que eu e a maioria das coisas que a gente conversava era sobre música - e algumas reclamações sobre a escola, nada de anormal.

Mas teve um cara pra mim que foi fundamental. Jota Chelles. Esse cara abriu horizontes pra mim porque eu só ouvia grunge, alguns muitos clássicos e tinha o famoso ódio pelo resto dos gêneros musicais.


Ele me apresentou You Me At Six, The Story So Far, Man Overboard, The Wonder Years entre outras mais undergrounds. Algumas delas eu nunca dei a chance de uma segunda ouvida, porque na época eu não havia gostado, mas outras permanecem até hoje.

O Pop-Punk e o Rock Independente. Minha vida mudou, agora tinha gente falando dos mesmos problemas que eu passava e, nada contra, mas às vezes Nirvana, Led Zeppelin e Beatles não tinham letras com tanto ódio depois de ter levado aquela apunhalada pelos costas do seu melhor amigo ou namorado. Eu precisava disso.


Pra quem não conhece, o pop-punk trata de assuntos mais pessoais como rebeldia, problemas com os pais, escola, bebidas etc, a cena surgiu na Califórnia e mistura os gêneros do título, meio autoexplicativo. Claramente eu já tinha ouvido e você também, uma vez que as bandas como The Offspring, Sum 41, Blink 182, Green Day, são alguns dos carros-chefes do estilo, porém pode ter acontecido de você ter ficado somente nos singles - assim como eu. Eu me apaixonei pelo underground pra depois ter conhecimento dos clássicos do estilo.


Mesmo tendo consciência agora de outros gêneros e bandas, na minha cabeça ainda rolava um preconceito monstruoso com o nacional. E aí que a história começa.





No último janeiro, a banda The Story So Far veio fazer uma tour aqui no Brasil e, lógico, eu fui. O tão aguardado show, pra botar aqueles demônios do passado pra fora, que tanto me acompanharam durante a adolescência. Mas eu estava de nariz torcido porque duas bandas nacionais estavam encarregadas de fazer a abertura: Montese e Dinamite Club. A primeira coisa que eu pensei: "Pop-punk em português? Isso deve ser horrível, não dá certo. Não tem sonoridade." Acontece que eu não sabia que havia uma cena de pop-punk NACIONAL. Eu simplesmente desconhecia. Forfun? Strike? Isso era emo pra mim! Ouvir isso? Saia já daqui com essas bandas.

Mas no show aconteceu algo bem bacana. Primeiramente, ainda na fila, a banda Storia
estava fazendo seu corpo a corpo, lutando por um espaço. Vendiam o EP Outra Direção por R$ 3,00 e você ainda podia dar um gole numa Jack Daniel's Honey! Pensem! Comprei e claro, Elio (dono daqui) fez o mesmo.






Lá dentro do show, eu estava bem apreensiva: "Montese? Dinamite Club? Eu nunca ouvi falar desses caras. Eu vou sofrer até a hora do show principal." Assim que se aproximava o horário da primeira banda tivemos a notícia, a Montese não conseguiu chegar a tempo e somente o Dinamite iria se apresentar. Eu fiquei feliz, mal sabia eu que me apegaria tanto ao nacional depois...


Assim que o show deles começou, eu fiquei assustada porque 99% do público conhecia. A galera pirava, fazia rodinha, stage dive, invadia o palco pra cantar com eles. Foi tão alucinante que não parecia um show de abertura, era uma atração à mesma altura da principal.

Outra coisa que me deixou sem palavras: o quão unida a cena é. Durante o show, o vocalista chamava integrantes antigos da banda ou então de outras bandas pra cantar com ele. No final mencionou as bandas que compareceram ao show - que foram, pelo menos cinco -, pedindo para não desistirem do sonho, que era difícil se destacar nesse ramo e que sonhos se realizam (uma vez que eles são fãs assíduos de The Story So Far e conseguiram abrir o show).

Ainda tivemos a oportunidade de ter contato com o pessoal da Montese que ficou na lateral do palco onde estávamos. O Fernando, baterista da banda, trocou muita ideia com a gente e ajudou muito a galera que estava passando mal.

Enquanto esperava a banda principal, eu tive alguns minutos pra pensar. E cara, eu nunca senti tanta vergonha na minha vida toda. Existe uma cena nacional tão boa quanto a lá de fora e eu a ignorava, mas há também o fato de que mesmo com o apoio das bandas maiores da cena, é realmente difícil pra eles se destacarem na mídia. Vale lembrar da citação do Carlos Calado fez em 1995: "Aquele mesmo filme que a cultura brasileira já estava cansada de assistir, mas continua em cartaz até hoje. Aqui, geralmente, santo de casa só faz milagre com o passaporte carimbado.". Eu só dei importância quando o lá de fora (TSSF) curtiu o show dos nacionais. Não façam o mesmo que eu fiz, apoiem a cena da cidade de vocês e do país onde moram. A gente possui tanto talento (ou até mais) que os estrangeiros.
Por sorte, temos uma baita ajuda. A HBB, ou pra quem não conhece, Hearts Bleed Blue. Gravadora e loja virtual fundada em meados de 2011 por Antônio Augusto, a HBB tem como meta dar espaço, amparo e espalhar o trabalhos nacionais e internacionais também, haja vista a parceria com a Pure Noise para fazer o lançamento do cd homônimo do TSSF aqui no Brasil, entre outros.

Conheça os trabalhos da Montese (com Soundcloud, Facebook e Youtube, Dinamite (tendo todos os links e EP's da banda) e Storia (EP disponível no Youtube).


No próximo mês, a HBB promove o Festival do Sol, que você pode conferir aqui.

Pra quem gosta de música e a entende como arte, vale a pena conhecer mais essa proposta. Há uma série muito interessante sobre os bastidores da empresa no canal Hearts Bleed Blue no YouTube. E a HBB também tem uma loja que vende produtos de dentro e fora do selo.

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