Entrevista com Rafael Hauck (Audio Porto)

Prestes a desembarcar no Brasil em Junho, Geoff Emerick, engenheiro de som dos Beatles fará uma palestra/masterclass em Porto Alegre. Nos preparativos para esse evento tão especial, conversamos com Rafael Hauck, criadores da Audio Porto e responsáveis pela vinda de Geoff ao Brasil. O papo pode ser lido ao decorrer dessa matéria.



Como que nasceu a Audio Porto e o que pode diferenciar ela de outros estúdios do estilo?


Sempre tive muito interesse por música e por eletrônicos, isso foi se somando com a paixão pela profissão de engenharia de áudio que surgiu quando gravei pela primeira vez como músico em estúdio e percebi o papel dessa ferramenta maravilhosa no processo de criação das obras. Gostava muito de buscar informações em livros e artigos internacionais e acabei recorrendo ao estudo na Inglaterra para alcançar referências técnicas que aqui em Porto Alegre não tínhamos disponíveis. Com um antigo prédio industrial da família rumando para a desocupação, bolei um movimento que permitisse transformar o espaço em uma espécie de centro de produção, de cultura, de educação e de negócios voltados para o mercado multimedia, mas com um diferencial único, um estúdio de gravação de áudio que pode ser considerado como um dos melhores nas américas. 

No estúdio, vocês já trabalharam junto de artistas como Chico Cesar, Armandinho e Zeca Baleiro. Como foi trabalhar com eles?


São grandes seres humanos, a qualidade da música deles é reflexo disso. Contamos com a presença do engenheiro brasileiro radicado em Los Angeles Moogie Canazio para liderar as sessões das gravações do disco Campos Neutrais, album de Vitor Ramil onde o Chico Cesar e o Zeca Baleiro gravaram suas participações, no caso. É mágico poder testemunhar esse tipo de produção encontrando espaço para poder ser feita aqui na cidade, nossa intenção maior é justamente ajudar na construção de uma cidade mais consciente da importância desse intercâmbio técnico e cultural.

Além desses trabalhos, Rafael já atuou como técnico e tradutor de nomes como Billy Paul, Ziggy Marley e NOFX. Como foi trabalhar com nomes de peso como esses?


Foi muito importante estar preparado para encarar essas oportunidades que um segundo idioma nos oferece. Quando essas chances apareceram eu já vinha trabalhando a bastante tempo na estrada, como técnico e como agente de turnê. Eu sempre tive um nível de concentração e profissionalismo grande quando trabalhei em nome de outras empresas e naquela época isso significou uma grande confiança de uma série de pessoas no meu trabalho. Senti que estava no caminho certo e graças a esta etapa pude aproveitar outras oportunidades que acabaram aparecendo no exterior.

Rafael também já fez turnê europeia de nomes nacionais como Bruno & Marrone, Marcelo D2 e Comunidade Nin-Jitsu. Tem alguma diferença entre lá fora e aqui, no quesito de produzir o trabalho de nomes nacionais? Como foi realizar esses trabalhos?


Eu havia feito a produção técnica do Brazilian Day London 2009 e um dos empresários estava trazendo alguns nomes para turnês na Europa. Com isso acabei tendo a oportunidade de montar a estrutura de espetáculos na Inglaterra, em Portugal, na Espanha e na Suiça. Fiquei impressionado com o profissionalismo das empresas que encontrei por lá, na época todas indicadas pelo pessoal do Britannia Row que me atendeu no Brazilian Day. Tinha passado 2 anos morando com um amigo colombiano e acabou saindo até o espanhol! Foi incrível interagir com tanta gente diferente.


E o que podem falar sobre o Prêmio Profissionais da Música 2018, no qual foram vencedores?


Precisamos de todo o apoio possível para seguirmos trabalhando pela educação e pela cultura nesse país. Eu fico extremamente grato pelos criadores do prêmio estarem conseguindo crescer ano a ano e espero que o estúdio possa seguir crescendo paralelamente. É um prêmio de votação popular também, então outro aspecto muito legal é sentir esse apoio de todos.

Já sobre esse projeto com o Geoff Emerick, como surgiu essa parceria com ele e os principais desafios que tiveram ao tentar trazer ele para o Brasil?


A Audio Porto apoia alguns projetos, um deles é a escola de música da OSPA. Meu irmão e sócio, Francisco, havia postado uma foto de um ensaio da escola aqui no estúdio e o Geoff curtiu essa postagem. Com isso o Chico entrou em contato com o manager dele e a coisa foi desenrolando. Um dos maiores desafios foi ter o espaço preparado no nível em que ele está para passar pelo crivo desse tipo de profissional. E em cima disso, nosso velho e mau custo Brasil. Pagar em dólar e buscar meios para tentar cobrar o menor valor de ingresso possível do público é um desafio enorme. Mas acreditamos muito em mostrar para os estrangeiros essa cidade incrível, seus profissionais e seu potencial para irmos todos juntos construindo uma nova realidade para nossa cena.

Sabem se tem alguma possibilidade das palestras e masterclass do Geoff passar por outros lugares daqui?


Nessa vinda do Geoff a Audio Porto vai receber os eventos de forma exclusiva.

Agradeço pela oportunidade de conversar com vocês e espero que esses dias de masterclass com o Geoff seja um sucesso. Abraços!!

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