"É como ser acusada de assassinato" diz Yoko Ono sobre responsabilidade do fim dos Beatles


Yoko Ono é a capa da edição de janeiro da revista "Interview". Aos 80 anos, ela continua cheia de planos. Yoko está promovendo seu novo livro, "Acorn", baseado em um projeto pela paz que criou junto com John Lennon nos anos de 1960. Para a matéria da "Interview", Yoko foi entrevistada pelo crítico de cinema Elvis Mitchell e, naturalmente, o assunto John Lennon e Beatles veio à tona.
Sobre as acusações - que carregou durante quase um vida - de ser responsável pelo término da banda, ela afirmou: "Não ser bem vista por 40 anos é como se eu estivesse sendo acusada de algo que eu não fiz, que foi separar os Beatles. É como ser alguém que foi preso injustamente. É como ser acusada de assassinato e ir para a prisão sem ter como sair. Foi por isso que finalmente cheguei a conclusão que deveria pegar aquela grande energia de ódio que estava indo contra mim e transformar isso em amor".
Sobre as recentes declarações de Paul McCartney a "inocentando" da acusação, Yoko disse: " Eu não sei. É um sentimento estranho, você sabe, porque eu tenho um treinamento... Bem, não extamente um treinamento. Eu ia dizer que que eu me treinei e talvez tenha me treinado a me sentir de uma certa maneira. Mas eu sempre me senti amedrontada, lutando. Mas aí, de repente, eles estão dizendo: 'Não, você não tem que lutar. Nós te entendemos!'. É como se você estivesse batendo numa porta há 40 anos e de repente alguém diz repentinamente: 'Você não precisa bater na porta, ela já está aberta'. Oh... OK! Então como você vai lidar com isso? E eu tenho que ser muito cuidadosa. É melhor ser criticada do que elogiada como pessoa. Porque se você é criticada, pode usar isso como experiência. Elogios, você não pode usar".

Quando Mitchell elogia seu trabalho, Yoko dispara: "Isso é muito gentil, eu gostei disso. Mas, hoje em dia, quando você vai a hotéis ou algum lugar desse tipo, eles sempre têm um espelho, mas o espelho não reflete exatamente você. Ele apenas sugere, como uma sombra de você mesmo. E se você continua olhando para o que você vê naquele espelho, ai você não consegue lidar com a sua verdadeira face".
Com relação ao papel da arte em sua vida: “A arte, para mim, é questão de sobrevivência para a minha mente. É como se eu não fizesse essas coisas, ai eu poderia enlouquecer ou algo do tipo. Então ajuda a você manter sua sanidade apenas por fazer isso.Você tem que liberar suas emoções para manter sua sanidade. Arte é vida, mas é também uma maneira de fazer a vida mais elegante".

Yoko explicou o que entende por elegância: "Quer dizer, você pode ser um macaco e comer apenas bananas gritando o tempo todo o dia inteiro. Ou nós podemos tomar café de manhã. Nós criamos uma coisa chamada cultura e civilização, mas agora estamos prestes a perder isso porque estamos tentando destruir tudo. E eu meio que sinto falta disso. Sinto falta de cultura e civilidade".

Fonte: G1

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1 Comentários
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  1. “Acorn” é o novo livro da multiartista Yoko Ono. E acaba de ser lançado no Brasil pela Editora Bateia.

    Composto por cem poemas de instrução, “Acorn” pode ser lido como um livro de poesia, um guia filosófico, um livro de arte conceitual – já que cada um dos textos é acompanhado por um desenho de pontos de autoria de Yoko –, ou reunindo tudo isso, um livro poético de instruções conceituais e filosóficas. Isso fica a critério de cada leitor. A autora prefere definir “Acorn” como “poesia em ação”.
    Suas instruções e ilustrações desafiam os leitores a olhar à sua volta de uma maneira diferente. Seus exercícios instigantes criam insights sobre padrões de comportamento e abrem, não só os olhos, mas todos os sentidos para formas mais criativas e conscientes de se relacionar consigo mesmo, com os outros e com o planeta.
    “Acorn” é uma sequência de “Grapefruit”, considerado um dos monumentos da arte conceitual do início dos anos 1960, que Yoko lançou em 1964. Seu título é uma referência à ação que ela e John Lennon promoveram em 1969 quando enviaram a diversos líderes mundiais duas “bolotas de carvalho” pedindo que fossem plantadas como um símbolo da paz mundial.
    O projeto “Acorn” foi originalmente criado para a internet e ao transformá-lo em livro, Yoko Ono continua fazendo o que sempre fez: plantar sementes de vida.
    “Acorn” foi lançado em junho de 2013 em Nova York e Londres pela OR Books. O Brasil está entre os primeiros países do mundo a lançar o novo livro de Yoko Ono.

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