CRÍTICA: Fofo, irreverente e hilário. Jojo Rabbit é um dos melhores filmes do ano

                              Dir: Taika Waititi

Em termos de Oscar, uma coisa é praticamente certa. Todo ano há pelo menos um filme sobre guerra. Hollywood adora e o próprio 1917 de Sam Mendes é a prova disso esse ano. Principalmente quando envolve histórias reais de pessoas que passaram pelo terror das guerras e sobreviveram. E eis que essa semana chega aos cinemas o longa Jojo Rabbit, do diretor neo zelandês Taika Waititi (Thor: Ragnarok) entre outros muitos filmes de comédia, sendo esse um gênero que raramente costuma estar na cerimônia mais respeitada do cinema.

O que Waititi faz em Jojo Rabbit é brilhantemente irreverente. O longa se passa durante a 2a Guerra, no auge do nazismo. Mas aqui, nada de dramas, batalhas épicas e as atrocidades cometidas pelos nazistas. Jojo é um garoto de 8 anos fanático pelo nazismo como toda criança de sua idade. As crianças vão para o acampamento de férias para aprenderem a serem nazistas cruéis que odeiam cegamente os judeus. Porém ao descobrir que sua mãe (Scarlett Johansson) abriga uma judia em casa, tudo muda em seu mundo.

Jojo é um nazista precoce que sonha em ser o guarda costas pessoal de Hitler. Tanto que tem o próprio Fuhrer como amigo imaginário o aconselhando nos momentos de dúvida. Porém esse Hitler é divertidamente retratado como uma criança com um ego exageradamente grande e infantil, trejeitos afeminados e totalmente frágil. Jojo Rabbit é uma sátira sem pudores e hilária ao nazismo. O que assusta é quanto esse filme pode ser considerado absolutamente atual dentro do contexto de muitos países, ainda, infelizmente.

O longa ainda é sustentado por um elenco de primeira. Sam Rockwell, Rebel Wilson e Stephen Merchant completam o time. E toda a fofura do filme não seria alcançada sem o talento nato do iniciante Roman Davis (Jojo) e sua química inegável com Thomasin McKenzie (Elsa, a judia), que ao ser descoberta por Jojo constroem uma relação que vai do ódio e repulsa por judeus a uma linda história sobre amizade que faz Jojo perceber que talvez os judeus não sejam tudo aquilo de ruim que ele sempre aprendeu. E mesmo assim, as consequencias da guerra e do seu fanatismo batem à porta e com isso o longa passa a parte mais sóbria da mensagem.

Através de um roteiro com tom de fábula, Taika Waititi faz o espectador rir e também se emocionar. O filme também repleto de referências sarcásticas a famosos filmes de guerra e de outros gêneros, tal como referências as elementos reais como a fam
osa Anne Frank. Muitas sequencias e enquadramentos lembram os filmes de Wes Anderson, incluindo a fotografia. Tudo relacionado a esse período é satirizado de forma genial sem ser ofensivo, o que hoje em dia tem sido bem complicado de fazer. Outro destaque do longa é a trilha sonora. Diversos hits da música pop cantados em alemão, incluindo Beatles e até David Bowie. 

Taika Waititi tem um bom histórico com comédias e em Jojo Rabbit isso é confirmado. Afinal, não é fácil usar um dos períodos mais sombrios da história da humanidade para fazer piada. Jojo contém uma crítica tão solidificada por trás da comédia que é quase desnecessário dizer que esse é um filme que deve e merece ser visto. Waititi conseguiu usar um tema pesado para contar uma história doce usando humor. Jojo Rabbit é simplesmente a mais pura e perfeita sátira ao ódio. E ao menos que você seja nazista, não tem como não gostar desse filme. Sem dúvidas, um dos melhores do ano.
Tags