Crítica do filme "Turma da Mônica: Laços"


Dir: Daniel Rezende


Em tempos de filmes de super heróis com orçamentos astronômicos, acompanhado de uma cultura pop cada vez mais em ascensão e dominando as salas de cinema, é difícil imaginar que tipo de filme poderia superar esse tipo de atenção de um público ávido por grandes filmes. No final de abril Vingadores Ultimato estreou com um sucesso indiscutível e que ainda hoje, com sessões em cartaz e numa brutal luta para superar a bilheteria mundial de Avatar. E então, o cinema brasileiro é magistralmente presenteado com o longa Turma da Mônica: Laços.


Para se ter uma vaga noção, a turma do bairro do Limoeiro é a maior marca com produtos licenciados no país, e Maurício de Souza é responsável por marcar e crescer junto com toda uma geração de fãs. Dito isso, o novo longa de Daniel Rezende é um acerto impecável do início ao fim. O filme consegue, sem dificuldade alguma, transmitir todo o vigor dos quadrinhos. De provocar boas risadas e as mais sinceras lágrimas, Turma da Mônica é praticamente o quadrinho ganhando vida bem diante de nossos olhos.


Após falhar mais uma vez com um de seus planos, Cebolinha tem seu icônico cachorro Floquinho perdido e Mônica, Magali e Cascão se juntam numa aventura hilária atrás do amigo canino. Os diálogos estão longe de serem geniais ou complexos. E nem precisaria ser. A intenção de Rezende é clara: traduzir todo carisma e fofura das revistas para as telas com um resultado primorosamente brilhante.


Temos as características principais de cada personagem afetando tanto negativa quanto positivamente na trama. Temos easter eggs de outros personagens espalhados pelos cenários e inclusive um cameo do próprio Mauricio de Souza que deixaria Stan Lee babando. O roteiro também não apresenta dificuldades de inserir as importantes lições de amizade e respeito tão presentes e essenciais dos quadrinhos. Um caso à parte é a direção de arte e fotografia que reproduzem toda a fantasia e cores das páginas. Cada elemento da mis-en-scene em clara harmonia fazendo com que o espectador seja transportando para dentro das revistas e imerso em nostalgia.


Este é um ponto importante. Não que o filme não seja indicado para todas as idades, afinal é um filme infantil sim. Mas é válido considerar que os pais que hoje levam seus filhos, são os que cresceram lendo as revistas. Por mais que a criançada hoje leia, eles ainda não criaram o laço de ter crescido com Mônica e seus amigos. Estrada essa que já é percorrida por outras gerações mais vividas digamos. Falando em laços, o subtítulo do filme também se justifica. Os laços são elementos chave da trama, literal e figurativamente falando.


O roteiro foca nos quatro amigos principais. Outros personagens secundários aparecem brevemente com a função de complementar a ambientação do filme. O legal é identificar cada ator correspondente ao personagem dos quadrinhos. Se há uma falta em ver mais desses outros personagens, é preciso lembrar que o filme está justamente criando laços primeiro, para depois desenvolver essa magia com mais detalhes. O que é bom, por que no caso de uma continuação, a chance de o longa cair no “mais do mesmo” é mais remota.


É impossível não se emocionar com essa aventura encantadora que é muito, mas muito mais do que um filme. É um marco no cinema brasileiro e no ramo das adaptações. O longa é tão belo que é fácil calcular que a Turma da Mônica é um novo universo a ser explorado nas telonas. Muitíssimas boas histórias, leia-se continuações, podem ser extraídas das aventuras de Mônica. E se for para todos terem o alto nível de qualidade, que venham os próximos. Até nisso os laços são claros. Mônica parece ter feito essa semana um grande laço com seus fãs através do cinema e assim como no filme, aprendemos, enquanto espectadores e fãs, que esse laço é forte e muito bom de se manter e queremos muito ver o que ele pode oferecer a longo prazo.
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