Resenha do filme "Dumbo"


Dir: Tim Burton


Há quase uma década, a Disney vem trazendo literalmente à vida suas principais animações. Algumas fantásticas, outras nem tanto. O mais recente lançamento é Dumbo. Animação de 1941 que conta a história de um pequeno elefante com orelhas enormes que descobre a habilidade de voar após ser separado da mãe e ser forçado a trabalhar em um circo. O longa animado é um clássico, mas ainda assim, um filme denso, arrastado com um banho de cores quase epilético. Na verdade, não é das animações mais atraentes do estúdio.


E na sua vez de ser adaptado, Dumbo se torna um grande filme através das mãos do sempre habilidoso Tim Burton, que inclusive tem diversos filmes produzidos para o Tio Mickey. Não poderia ter dado mais certo. Tudo em Dumbo é lindo. Figurinos, direção de arte, iluminação e ambientação e para a alegria dos mais apaixonados pelo paquiderme, a produção não economizou nos efeitos especiais que transformam o pequeno elefante em algo totalmente realista e crível.


O longa consegue criar uma excelente linha narrativa que agrada a todas as idades e é impossível não se emocionar com as expressões de Dumbo que seriam dignas de um Oscar. Tim Burton alcançou um belo nível de excelência no tom de fábula que trás para a narrativa. Afinal, Burton é um dos mestres das fábulas em Hollywood. Collin Farrel e Denny DeVito se entregam aos seus personagens que crescem e amadurecem com a narrativa e é divertidíssimo de assistir.


Na nova versão, conhecemos Holt (Farrel) pai de Milly e Joe, que perderam a mãe. Holt volta da 1ª Guerra aleijado para ficar com os filhos no circo em que sempre trabalharam. Max (DeVito) é dono do circo e como os tempos pós-guerra estão complicados o melhor que consegue é uma vaga de cuidador dos elefantes para Holt, que sem muita opção aceita. E tudo parte dessa premissa. Ao longo do caminho Wandevere (Michael Keaton) dono do maior circo do mundo chama Max para serem sócios e as coisas parecem boas mas começam a esquentar.


E aqui Tim Burton consegue abordar diversas camadas que a história tem a oferecer. Dumbo não é apenas um filme fofo com um bebê elefante carismático. Ele também encontra espaço de sobra para abordar temas como motivação, superação, amizade, passando lindas lições no mais alto estilo Disney de se fazer. No live-action o diretor também não economizou nas cores e figurinos que são um deslumbre à parte e já fica aqui um palpite para premiações técnicas futuras.


Tudo o que a animação original se esforça para fazer, o atual longa faz com proeza sem precisar se esforçar. Seria preciso ser muito ranzinza para não aproveitar um vôo de tirar o fôlego com Dumbo. O vilão de Michael Keaton consegue também explorar algumas camadas. Ao mesmo tempo que ele começa com uma faceta, aos poucos se mostra o homem ambicioso por trás sem perder o propósito ao justiçar suas ações. É incrível como tudo na narrativa se encaixa com naturalidade e graça.


Dumbo ainda carrega o peso de ser um filme sobre minorias e conquistar seu espaço e é claro, sua liberdade. Só a Disney mesmo para passar tantas mensagens através de um animal, que nesse caso, nem fala. E isso é outro mérito de roteiro. Dumbo é o protagonista e seus amigos humanos o ajudam a seguir adiante se mostrando importantes para seu trajeto, mas sem perder o foco do elefante de efeitos especiais mais fofo já visto nas telonas.


Parece que Burton teve grande confiança com a responsabilidade de adaptar a obra, quase como se já a tivesse feito mil vezes antes. Talvez Dumbo não seja de fato a história mais popular da Disney, mas o live-action pode ser sim um boom para o personagem. É definitivamente um filme carismático para toda a família que merece e muito ser assistidos. Dumbo, seja bem vindo de volta e nunca deixe ninguém dizer que você não consegue...porque você já conseguiu.
Tags