Resenha e coletiva de imprensa do filme "O Homem Perfeito"


O Homem Perfeito – Dir: Marcus Baldini 
Vivemos no ápice da era digital. Estamos conectados praticamente 24 horas e nossos celulares são extensões de nós mesmos e de quem somos. E as redes sociais são uma grande vitrine de tudo, da nossa vida pessoal. Claro que isso tem seu lado positivo. Não existem mais fronteiras para se comunicar com qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo. O que há poucas décadas era impensável e talvez até utópico, hoje é uma realidade completamente normal no nosso cotidiano. E evidentemente toda essa acessibilidade se torna uma faca de dois gumes. A internet é um mundo à parte de tudo que existe na nossa realidade e nos tornamos viciados nela e nos que ela nos proporciona.


Não demoraria muito para que toda essa loucura passasse a ser representada e discutida nas diversas formas de arte. No nosso caso, no cinema não seria diferente. Hollywood já vem abordando o tema em diversos gêneros (fica a dica para o recente longa “Buscando”). E o nosso amado cinema BR está começando a pisar nesse território digital com mais força recentemente e se mostrando muito hábil e capaz em falar sobre como a tecnologia afeta nossa vida, (o também recente “Ferrugem” é um exemplo fantástico). E agora foi a vez da comédia de Marcus Baldini (que também dirigiu o sucesso Bruna Surfistinha), “O Homem Perfeito” de falar sobre o tema.


A história é simples e divertida. Diana (Luana Piovani) é uma biógrafa de famosos que logo é largada pelo marido Rodrigo (Marco Luque) que conhece a jovem bailarina Mel (Juliana Paiva). Diana decidida a conquistar o marido de volta cria um perfil no Facebook de um cara supostamente ideal para Mel, tem os mesmos interesses e objetivos de vida além de ser um galã de alguma imagem aleatória do resultado de buscas do Google. A trama segue com esse jogo virtual e Diana tendo que lidar com Caique (Sergio Guizé), um rockstar em decadência devido à uma vida de festas e luxo e que Diana deve escrever sua história. Ela acaba o persuadindo a ser a voz do tal Homem Perfeito criado por ela mesma.


O longa evidentemente é uma comédia romântica gostosa e divertida de assistir, garantindo ótimas risadas ao público. Entretanto, o filme também é um fio condutor para transmitir a mensagem sobre o que podemos fazer com tanta tecnologia em nossas mãos e ainda tem tempo para refletir sobre o quanto idealizamos alguém que nos faça feliz. Em coletiva de imprensa, Luana Piovani pontua “Tem uma coisa que eu achei muito interessante nesse filme que é a vida real aqui, e uma vida paralela no celular. Esse filme mostra muito isso, como a nossa vida agora tem duas realidades: a que a gente está conectado e essa outra que vivemos aqui”.



O Homem Perfeito vem também com uma grande força no universo das comédias brasileiras. Gênero que tem estado em alta no país há algum tempo. A maioria dos filmes nacionais em cartaz atualmente são comédias. O que é muito bom visto que é um dos gêneros que mais dialoga com o público. Risadas são poderosas. O próprio Marcus Baldini afirma que “sim, temos um interesse do público e temos um mercado de cinema brasileiro que é fortalecido e com grandes bilheterias de comédia.[...] O cinema brasileiro está num lugar que tem que se conectar com o público e essa conexão é positiva. E eu fico feliz que dentro dessa estruturação do mercado onde as comédias têm uma receptividade boa, a gente tenha espaço pra colocar um pézinho numa coisa mais ousada, no sentido de fazer algo diferente do que tem sido feito”.

A nova obra de Baldini acerta em tudo. O elenco é de peso e os personagens são absolutamente realistas e como ele disse, de fácil identificação para com o espectador. É essencialmente uma comédia, mas também carrega o seu drama e toda uma questão moral em relação ao uso da internet para fins egoístas, mas sem deixar o longa pesado demais. A cabeça dura de Diana da o tom do filme e os outros personagens também levam a história adiante e ainda são ótimos contrapesos de personalidade para a protagonista. Com uma química dessas só poderiam vir ótimas cenas hilárias num filme que só merece recomendações para um divertimento de qualidade e maestria em execução.