A Londres de Paul McCartney

A Londres de Paul McCartney Melissa Becker,especial/Revista Donna

Se na música London Town, Paul McCartney pergunta onde há lugares para ir, na vida real ele tem suas preferências pela capital britânica. Quando está na cidade, pode ser visto circulando pelo bairro onde mora desde a década de 1960, St. John's Wood, e em outras regiões, indo a restaurantes, à academia, ao cinema e ao teatro.

— Ele não tem uma enorme comitiva ao redor e tenta viver da forma mais normal possível, mas não gosta de ser incomodado por fãs quando sai com a família — comenta Richard Porter, guia turístico e dono do Beatles Coffee Shop, localizado na saída da estação de metrô de St. John's Wood.
Embora pudesse estar em casa após o show da noite anterior no Royal Albert Hall, a reportagem não encontrou o beatle ao mapear a Londres em que ele vive. Na verdade, desde que se casou com Nancy Shevell, o vizinho famoso não tem sido visto pelas ruas da região com a mesma frequência de antes, de acordo com uma moradora. Mesmo assim, a ligação do músico com a cidade é forte — mais do que a dos outros integrantes do grupo, avalia Adam Smith, um dos autores do livro The Beatles' London (ao lado de Piet Schreuders e Mark Lewisohn, editora britânica Portico).
— Paul imergiu na vida social e cultural de Londres, mesmo com a agenda lotada dos Beatles nos anos de turnês. Os outros brincavam por ele ter suavizado seu sotaque de Liverpool. Ele quis se tornar sofisticado e metropolitano, e no centro deste mundo, não na periferia — explica Smith.
Foi nesta imersão que sir James Paul McCartney, hoje entre os mais ricos do Reino Unido, começou a desenhar um roteiro que combina lugares marcantes na história dos Beatles com pontos sofisticados. Conheça a Londres de Paul McCartney.
Beatles tour
Em 1965, Paul McCartney comprou uma casa de três andares em uma rua de St. John's Wood, no noroeste de Londres. Com uma tranquilidade interrompida por vezes pelas sirenes de ambulâncias de dois hospitais, o bairro seria hoje a 11ª área mais valorizada da Inglaterra no ranking do site de imóveis Zoopla.co.uk. Ao circular pela região, o músico responde aos cumprimentos dos vizinhos: "Hey, Macca!", "Hello!", conta uma moradora que vive há 28 anos na rua ao lado, mas que não quis se identificar.

Ela ressalta que os residentes não o incomodam, e talvez este seja o motivo de o beatle manter o endereço londrino. Para Adam Smith, há outros: a proximidade com o estúdio Abbey Road e com a região central de Londres, além dos grandes jardins. Mesmo com o endereço removido do Google Street View a pedido do músico, o lugar faz parte do roteiro dos fãs, como o grupo de 10 suecos em um Beatles tour.
— Paul pode tocar algo no piano em casa e gravar no mesmo dia — afirmou Joergen Mandelholm, com os olhos marejados.
Após o guia Janne Backman ter mostrado no iPad fotos do ídolo em frente à residência, houve um alvoroço quando o portão foi aberto e fechado. Não era Paul. Devia ser o jardineiro.

A academia
Nem mesmo no dia do casamento com Nancy Shevell, Paul deixou de ir à academia. Com toalhinha em um braço e esposa americana no outro, ele pode ser visto indo ou voltando de seus exercícios nas dependências do The Lords, um campo de críquete não muito longe de sua rua. Às vezes, pode ser flagrado até mesmo beliscando alguma coisa pelo caminho, antes de chegar em casa. O resultado de tanta disciplina e malhação, aos 69 anos, certamente influencia nas cerca de três horas de show que o ex-beatle apresenta pelo mundo.
Os parques
Logo após ter comprado a casa, Paul costumava passear com sua cadela, Martha (uma old english sheepdog), pelos dois grandes parques situados próximos ao seu endereço londrino: o Regent's Park e o Primrose Hill.
O estúdio
Abbey Road Studios é o lugar em Londres que deve significar mais para Paul McCartney, palpita Smith, pelo qual ele demonstra lealdade e carinho.
— Ele tem uma forte noção de seu próprio passado e de sua importância na história da música. Não é meramente sentimental ou nostálgico: é mais como o curador de um museu. O estúdio foi o lugar em que ele criou seu legado duradouro — aponta.
Os muros do Abbey Roads Studios são cobertos por mensagens de admiradores dos Beatles (no detalhe), e uma câmera mostra ao vivo na internet a movimentação na faixa de segurança em frente, eternizada na capa do disco que leva o nome da rua, de 1969. Na manhã de sexta-feira, os turistas pareciam não se importar em ter apenas meia-faixa, cones espalhados e cerca de proteção como cenário ao tirar uma foto como a dos músicos: no momento, Abbey Road está em obras, com trânsito em meia-pista.
Na rua por um dia
Para as gravações do filme Mande Lembranças a Broad Street (Give My Regards to Broad Street), de 1984, Paul se tornou artista de rua por um dia, tocando, disfarçado, na estação de Leicester Square.
Um pouco de jazz
Em seu 15º álbum solo, Kisses on the Bottom, Paul gravou covers de clássicos do jazz — seu pai chegou a ter uma banda neste estilo, na década de 1920. Bandas que hoje tocam no Ronnie Scott's Club, localizada na 47 Frith Street, a poucos metros de seu escritório, foram convidadas para animar festas dos McCartney em Londres. O autor de The Beatles' London comenta que o músico levou seu cunhado, Niven Howie (editor de filmes que trabalhou em alguns clipes do beatle), à casa de jazz em 2002.



O primeiro encontro
Paul McCartney conheceu Linda Eastman, sua primeira esposa, no Bag O'Nails, em 15 de maio de 1967. O clube na Kingly Street era um popular ponto de encontro de músicos famosos. Naquela noite, o show era de Georgie Fame and the Blue Flames.

O restaurante do bairro

No número 3 da Circus Road, o Richoux St. John's Wood mantém na parede do salão principal uma foto dos Beatles com o autógrafo de apenas um integrante: o que virou cliente assíduo. O staff endossa a fama de "gente boa" de Paul McCartney, mas mais do que isso não revela — nem mesmo qual seria seu prato favorito do tradicional cardápio inglês que a casa oferece.
— Ele é legal, nos cumprimenta e está sempre sorrindo. Gosta de ficar no segundo andar para ter privacidade — revelou uma garçonete que trabalha no local há um ano.
No Starbucks, ao lado do Richoux, o músico aparece com alguma frequência, confirmou um atendente. Outra opção na principal rua de comércio do bairro seria o Carluccio's.
O escritório
Enquanto está na cidade, Paul frequenta o prédio que abriga a MPL Communications, empresa fundada por ele em 1971. É outro endereço mantido em Londres por anos, em frente à agradável Soho Square, no bairro reconhecido por seus bares e teatros.

Ostentando as letras MPL em madeira — e fazendo muitos fãs apostarem que correspondem a McCartney Paul and Linda ao invés de McCartney Productions Ltd —, a fachada do edifício permanece a mesma por anos, comenta Smith, que acredita haver ainda um pequeno apartamento no local.

A empresa administra centenas de letras escritas por Paul McCartney, considerado um dos letristas de maior sucesso da história. Entre os outros artistas da casa, um dos novos nomes é James McCartney, 34 anos, o único filho homem do músico e, até então, um dos mais reclusos da família.
Trident Studios
Em uma das estreitas ruas do Soho — St. Anne's Court, número 17 —, o Trident Studios abriu suas portas em 1968, com equipamentos mais modernos que outros estúdios de gravação. No mesmo ano, os Beatles gravaram Hey Jude no local e continuaram a frequentá-lo mesmo durante suas carreiras solo. Hoje, a empresa é especializada em gravar narrações para TV, rádio e internet, mas mantém o nome histórico e oferece visitas guiadas.
London Palladium
Na década de 1960, Londres tornou-se Swinging London, a capital mundial de tudo o que era cool — música, moda, design. Enquanto os modernos desfilavam pela Carnaby Street, as fãs que se aglomeravam em frente ao London Palladium para ver o quarteto de Liverpool levaram a imprensa a cunhar a expressão beatlemania. Hoje, Carnaby Street tem lojas descoladas, com um burburinho turístico permanente, e o London Palladium apresenta o musical O Mágico de Oz — com uma plateia bem mais contida.

Pai presente
Fica na Bruton Street, na companhia de outras grifes, a principal loja da filha estilista, Stella — e papai McCartney aparece por lá. Ele prestigia eventos como a inauguração das luzes de Natal do ponto, na companhia de celebridades que moram na capital britânica, da mesma forma em que assiste a desfiles da filha premiada na Paris Fashion Week (na primeira fila, claro). Nas aberturas de exposições da filha mais velha, a fotógrafa Mary, Paul também está presente.

O cartório das celebridades
Ao casar-se com Nancy Shevell, em outubro, Paul escolheu o mesmo lugar em que oficializou sua relação com a primeira esposa, Linda, em março de 1969. Cartório mais disputado em Londres, segundo o tabloide Daily Mirror, o lugar ganhou fama por ter celebridades em sua lista de uniões — incluindo Ringo Starr e Liam Gallagher, do Oasis (na foto abaixo, um dos ambientes).

O serviço fica em um imponente prédio na Marylebone Road, uma região elegante, e dispõe de diferentes ambientes para as celebrações. Enquanto mostrava a sala escolhida pelos noivos ilustres — a Purple Room —, o funcionário Mark Tiller contou que o cartório abre um domingo ao mês para casamentos, mas, naquele dia, trabalhou exclusivamente para a cerimônia de sir Paul e da nova lady McCartney.

Com 30 convidados, era para ser um evento low profile, mas, se tratando de um beatle, torna-se impossível evitar a aglomeração de imprensa, fãs e curiosos na frente do local. A festa — com banquete vegetariano, seguindo a linha do anfitrião — foi realizada na casa em St. John's Wood. Talvez neste dia, Macca não tenha sido tão popular com alguns vizinhos: a polícia foi chamada por causa do barulho.
Italianos chiques
Sir Paul McCartney é vegetariano desde meados dos anos 1970 e se considera bom na cozinha, mas não deixa de ir a restaurantes com família e amigos. Na luxuosa região de Mayfair, é cliente do Cecconi's, que serve um cardápio de inspiração veneziana. O músico já foi visto em diferentes ocasiões nesse restaurante de decoração clássica, localizado na Burlington Gardes, na companhia dos filhos e, mais recentemente, dos parentes da atual esposa. Em Marylebone, o escolhido para um jantar com a filha Stella e com Madonna, por exemplo, pode ser o Locanda Locatelli, na Seymour Street _ italiano com uma estrela no Guia Michelin. Casas como Ottolenghi, Raoul e Blah Blah Blah também o recebem.
Savile Row
A última performance ao vivo dos Beatles surpreendeu quem passava pela Savile Row, em 30 de janeiro de 1969: no topo do prédio de número 3, onde ficava a Apple Corps, na tradicional rua de alfaiates, em Mayfair. O show durou 42 minutos — até ser interrompido pela polícia por causa do barulho — e pode ser visto no documentário Let It Be.

Fonte: Diário Catarinense

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